Pular para o conteúdo principal

Bovespa tem o melhor trimestre desde 2005

A oposição anda nervosinha e tem gente que não entende a razão. Está no título acima. Sim, a economia brasileira está andando, para frente, melhor do que boa parte dos demais países - todos, sem exceção, foram afetados pela crise nos Estados Unidos. Uns sofrem mais, outros sofrem menos. O Brasil parece mesmo estar no segundo time.

Ademais, se as coisas continuarem nesta toada, o presidente Lula poderá dizer, em 2010, que estava certo: a crise não passou de uma marolinha e durou pouco. A oposição apostava na crise econômica para derrubar a popularidade de Lula. Já viu que a aposta era uma canoa furada. No momento, o candidato mais forte da oposição à presidência, o governador José Serra (PSDB), aproveita seu tempo livre falando do Palmeiras no Twitter. A rigor, é das poucas manifestações públicas que se pode encontrar do ilustre ocupante do Palácio dos Bandeirantes. De vez em quando Serra finge que está bravo é dá um pau no Meirelles, o ex-tucano que cuida da taxa de juros no país. É a única crítica que Serra consegue oferecer - "os juros são altíssimos, escorchantes" e coisa e tal. Começa a lembrar o Brizola de antigamente, que vinha sempre com aquela conversa das perdas internacionais...

O fato é que o Brasil mudou. Como lembrava um amigo desta coluna, em 1985 Tancredo Neves dizia: "não vamos pagar a dívida externa com a fome do povo brasileiro". O Brasil estava à beira do precipício, em termos econômicos. Hoje, o Brasil pagou a dívida, empresta para os gringos, e o povão está comendo bem melhor. Vai ser difícil para Serra ou qualquer outro representante da oposição explicar que essas coisas na verdade foram todas planejadas minuciosamente por um gênio da raça chamado Fernando Henrique Cardoso e que o seu sucessor barbudo só surfou no que já havia sido montando. Mentira, como se sabe, tem pernas curtas. O povão pensa fácil: minha vida melhorou? Pois é, parece que sim. É isto que dá voto e prestígio a Lula.

Já no andar de cima o presidente habilmente construiu uma base de apoio ao não colocar a faca no pescoço dos que já acumularam renda e patrimônio para viver meia dúzia de gerações sem trabalhar. Essa gente estava assustada em 2002, afinal Lula poderia ser uma espécie de vingador do povaréu. Como o presidente é apenas um homem da esquerda moderada, os suspiros de alívio se transformaram menos em apoio entusiasmado e mais em uma postura de "melhor com ele do que com os aloprados petistas no comando".

É, vai ser parada muito dura para Serra ou qualquer outro candidato da oposição. Se bobear, a eleição repete o padrão de 2006, quando Alckmin investiu no neoudenismo, conquistou uma classe mérdia que jamais engoliu o ex-operário, e o resto vai de Dilma ou quem Lula beijar a testa. Pode até ser mais complexo do que isto, mas hoje a tendência é de que as coisas se resolvam com muita simplicidade. A ver...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe