Pular para o conteúdo principal

A blogosfera, por Jorge Rodini

Em mais uma colaboração para o Entrelinhas, o diretor do instituto de pesquisas Engrácia Garcia, Jorge Rodini, escreve sobre a blogosfera. A seguir, a íntegra do comentário.

Os homens são contraditórios nas suas similaridades. Quando vestem mantos virtuais, sentem-se mais poderosos, mais ouvidos, mais acarinhados. As palavras saem das teclas com a rapidez de flechas, que podem acertar no alvo ou não.
Quem de nós pode garantir que não magoou alguém com seus artigos, textos, comentários? Às vezes o que é de Chico não é de Francisco. A relação de um blogueiro com seus comentaristas é, realmente, a de pai ou mãe para filho. Apesar do espaço democrático, tal qual na relação filial, os pais tem que impor limites. Ou as famosas regras do blog.
Convivendo dioturnamente com pensamentos diversos, com com as limitações do ser humano, o blogueiro é também um diretor de escola. Tem leitores de todas as idades, frutos de culturas diferentes e isso é que engrandece a todos.
Aprender com cada um dos comentaristas é se renovar a cada instante. Sempre existirão discussões, briguinhas, querelas quixotescas, mas também faz parte.
A blogosfera é uma menina ainda. Não fez história, mas mudou toda a histótia.
Precisamos ter paciência com a menina. Ela é linda, rápida, atualizada, mas também pode ser mordaz.
Ela está amadurecendo, seus comentaristas, leitores , articulistas, moderadores e os donos dos blogs também.
Sem comentários não há discussão. Sem discussão pouco se absorve, portanto que fiquem todos... dentro dos limites.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe