Pular para o conteúdo principal

Senado: salve-se quem puder

Está cada vez mais quente o clima no Senado Federal. Com as demissões do diretor-geral da Casa e do diretor de Recursos Humanos, é possível que a situação melhore, momentaneamente, mas este blog duvida que os problemas sejam totalmente sanados. O que está em curso é uma histórica disputa pelo Poder no Legislativo, com evidentes implicações na sucessão presidencial. Para quem não entendeu nada até agora, a explicação mais simplificada é a seguinte: o governador José Serra (PSDB) quer detonar a ala governista do PMDB - Sarney é o maior expoente desta ala e adversário pessoal de Serra desde o tempo da candidatura de Roseana Sarney. Com o perdão da má expressão, Serra quer ferrar Sarney. Se fosse só ele, porém, talvez o jogo não estivesse tão pesado, apesar da conhecida truculência do governador paulista. O problema é que há uma ala do PT que também não deseja ver o PMDB tão fortalecido.

E tudo isto ocorre em meio a uma outra disputa, nos andares inferiores da Casa, na qual as viúvas de Agaciel Maia distribuem dossiês a torto e a direito, para intimidar os senadores que poderiam assumir um papel de liderança neste momento. Como todo mundo comeu na mão de Agaciel, inclusive os tais "éticos" - vide os casos dos benefícios concedidos à mulher de Cristovam Buarque ou à namorada de Eduardo Suplicy –, o bicho pega de verdade. O tucano Arthur Virgílio está tentando assumir a liderança - já esclareceu que Agaciel mandou uns euros amigos para a sua conta quando seu cartão de crédito o deixou na mão em Paris -, mas a tarefa não é fácil porque todos os colegas têm algum rabo preso e preferem que as coisas se resolvam sem muito alarde. Porém, sem uma solução negociada, o pau vai continuar a comer no andar de baixo e no de cima. Este blogueiro acha que o Senado vai se arrastar na crise até a próxima as eleições de 2010, com chances de carregar a "herança maldita" para a próxima legislatura.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...