Pular para o conteúdo principal

Senado: salve-se quem puder

Está cada vez mais quente o clima no Senado Federal. Com as demissões do diretor-geral da Casa e do diretor de Recursos Humanos, é possível que a situação melhore, momentaneamente, mas este blog duvida que os problemas sejam totalmente sanados. O que está em curso é uma histórica disputa pelo Poder no Legislativo, com evidentes implicações na sucessão presidencial. Para quem não entendeu nada até agora, a explicação mais simplificada é a seguinte: o governador José Serra (PSDB) quer detonar a ala governista do PMDB - Sarney é o maior expoente desta ala e adversário pessoal de Serra desde o tempo da candidatura de Roseana Sarney. Com o perdão da má expressão, Serra quer ferrar Sarney. Se fosse só ele, porém, talvez o jogo não estivesse tão pesado, apesar da conhecida truculência do governador paulista. O problema é que há uma ala do PT que também não deseja ver o PMDB tão fortalecido.

E tudo isto ocorre em meio a uma outra disputa, nos andares inferiores da Casa, na qual as viúvas de Agaciel Maia distribuem dossiês a torto e a direito, para intimidar os senadores que poderiam assumir um papel de liderança neste momento. Como todo mundo comeu na mão de Agaciel, inclusive os tais "éticos" - vide os casos dos benefícios concedidos à mulher de Cristovam Buarque ou à namorada de Eduardo Suplicy –, o bicho pega de verdade. O tucano Arthur Virgílio está tentando assumir a liderança - já esclareceu que Agaciel mandou uns euros amigos para a sua conta quando seu cartão de crédito o deixou na mão em Paris -, mas a tarefa não é fácil porque todos os colegas têm algum rabo preso e preferem que as coisas se resolvam sem muito alarde. Porém, sem uma solução negociada, o pau vai continuar a comer no andar de baixo e no de cima. Este blogueiro acha que o Senado vai se arrastar na crise até a próxima as eleições de 2010, com chances de carregar a "herança maldita" para a próxima legislatura.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...