Pular para o conteúdo principal

Twitter e o louco mundo das novas mídias

O texto abaixo é do jornalista Maurício Stycer, de seu blog. Vai reproduzido na íntegra para que os leitores tenham uma idéia deste ambiente novo e ainda muito desconhecido das novas mídias. Este blogueiro já estava se achando um dinossauro por não ter perfil no Twitter, criou um faz pouco tempo e ainda não se adaptou ao uso da ferramenta. Em geral, aparecem por lá resumos das notas publicadas aqui, mais um ou outro comentário avulso. Para quem vem do mundo dos impressos, o blog é uma ferramenta razoavelmente tranquila, serve também como um rascunho de ideias que podem ser aprofundadas em artigos, além de proporcionar uma comunicação direta e em tempo real com o público. No caso do Twitter, porém, a limitação dos 140 toques é um desafio para quem escreve, mas não é esta a maior razão do estranhamento: difícil mesmo é acompanhar a polifonia das respostas e mensagens de todos os "twittees". A seguir, o texto em que Stycer revela um estranhamento semelhante.


04/06/2009 - 11:52
O dia em que Marcelo Tas me adicionou no Twitter

Para realizar a reportagem publicada nesta quinta-feira no Último Segundo, sobre o crescimento exponencial de alguns perfis no Twitter (Sob suspeita, Twitter de Mano Menezes já é um dos 200 mais populares do mundo), pedi a ajuda a um dos mais famosos e respeitados usuários da rede, o jornalista Marcelo Tas. Ao final da entrevista, realizada por telefone, sugeri a Marcelo que me adicionasse no seu Twitter, para eu ver o que aconteceria. Marcelo foi além e postou dois comentários no seu miniblog, informando que eu estava fazendo uma reportagem a respeito do assunto e procurava gente para entrevistar.

O primeiro post do apresentador do “CQC”, às 11h06 de 27 de maio, dizia: “Jornalista quer saber: como instalar robozinho e turbinar seguidores no twitter. Please, adicionem e ensinem o cara @mauriciostycer”. Nove minutos depois, Marcelo escreveu: “Jornalista quer só ENTREVISTAR a galera do twitter para uma reportagem. Quem estiver afim, clique o cara: @mauriciostycer”.

O que aconteceu em seguida me deixou tonto. Há seis meses no Twitter, eu era seguido, até então, por 200 pessoas. Em uma hora, 200 novos usuários me adicionaram aos seus Twitters. Em duas horas, eu já era seguido por 600 pessoas. No final do dia, eram 800 os que me seguiam.

Diante da enxurrada de mensagens de usuários extremamente gentis, colocando-se à disposição para serem entrevistados, sem saber direito o assunto, publiquei no meu Twitter que o objetivo da reportagem era tentar entender as razões que levam ao repentino crescimento de alguns perfis.

Recebi todo o tipo de ajuda. Desde gente que mandou mensagens divertidas, dizendo “entrevista eu!!!”, até usuários que enviaram links com reportagens sobre o assunto que eu estava pesquisando.

O truque dos “scripts”, um programa de computador que “rouba” listas de seguidores de outros Twitters, foi lembrado por vários usuários, como @diogoduarte, @renatogarcia, @msdaibert, @atabraga, @andresartorelli e @jabour_rio.

O truque dos robôs, possível explicação para a explosão de seguidores de Mano Menezes e do “Fantástico”, foi lembrado por vários leitores, como @decows e @NakaAlves.

Uma explicação mais básica para a popularidade de alguns perfis deve ser buscada na fama que o twitteiro tem fora da rede. É o caso de Marcelo Tas e tantas outras personalidades e celebridades. O sucesso no Twitter é apenas uma extensão do sucesso na “vida real”. Essa explicação foi apontada por grande número de usuários. Cito alguns: @luciano_ribeiro, @Lippertt, @thierryassis, @consuelozurlo, @bowmanz9; @piordospiores, @Tockaos; @lmoherdaui, @samyferreira e @Jorgeponte.

A twitteira Luciana Moherdaui, estudiosa do assunto, lembrou muito bem que o sucesso no Twitter está relacionado à “capacidade de estabelecer laços”. A curiosidade pela vida alheia e o exibicionismo também foram apontados como causas da explosão de popularidade de alguns perfis por @aniiinhhaaa e @dabliuW.

Por fim, vários usuários observaram que a popularidade no Twitter pode ser alcançada graças a um empurrãozinho de alguém famoso e respeitado – exatamente o que Marcelo Tas fez comigo. Não sem ironia, @paimzera, @bandajhs, @msdaibert, @caimuitachuva e @luciano_ribeiro lembraram que sem a ajuda de Tas eu continuaria um anônimo no Twitter.

Em tempo: Tentei resumir aqui as principais colaborações. Peço desculpas por não ter conseguido citar todo mundo que ajudou. Fiquei realmente tocado pela disposição e generosidade de tantas pessoas que se manifestaram.
Enviado por: Mauricio Stycer - Categoria(s): Blog, Internet

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe