Pular para o conteúdo principal

Uma notícia, três manchetes

No G1, portal das Organizações Globo:
Indústria aumenta produção pelo quinto mês, aponta IBGE

No Estadão.com, do Grupo Estado:
Produção industrial sobe 1,3% em maio, a quinta alta consecutiva

No UOL, do Grupo Folha:
Produção industrial tem pior resultado desde 1991

É evidente que a notícia que merece ser destacada nos números divulgados pelo IBGE é a reação da indústria, pelo quinto mês consecutivo. O pessoal da Folha, porém, não aguenta dar notícia boa para o governo Lula e escolhe sempre o viés mais negativo possível. Sim, a produção industrial tem o pior resultado desde 1991, mas isto não se deve ao comportamento da indústria no mês de maio, propriamente, e sim à enorme queda que ocorreu entre novembro e janeiro. Como a comparação utilizada pela folha é do acumulado do ano (queda de 5,1% nos últimos doze meses encerrados em maio), a estatística é afetada pelo período bravo da crise.

Números, porém, devem servir para explicar a realidade ao leitor. É bom que ele saiba que a crise foi grave, mas muito mais importante é informá-lo sobre os rumos dos acontecimentos. E aí a Folha/UOL desprezam o óbvio: a retomada está em curso, pelo quinto mês consecutivo, no setor industrial. Mas nem adianta espernear, a Folha tem mesmo o rabo preso com as más notícias e compromisso com a derrubada da popularidade do governo Lula. Dá até uma certa pena.

Comentários

  1. Essa manchete do UOL é feita sob encomenda para os programas da oposição, onde a "marolinha" é destaque para atacar o Lula.

    Elen

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe