Pode parecer irônico, mas o blog Fica Sarney é a prova cabal de que a política brasileira mudou. Sim, porque se tempos atrás a grande mídia, especialmente a impressa, era o canal de debate político por excelência, quase exclusivo, hoje este lugar vem sendo cada vez mais ocupado pelas chamadas novas mídias, especialmente a internet. O blog que defende Sarney é uma expressão deste movimento: o presidente do Senado começou a ser denunciado na grande imprensa? Logo alguém, pode até ser ele mesmo ou seus assessores (mas não parece ser o caso), monta uma espécie de bunker virtual em defesa do acusado. Não importa aqui o conteúdo reproduzido no blog, não é este o motivo desta nota, o fato é que a guerra dos argumentos políticos não se dá mais enviando cartas às redações dos jornais, mas publicando-os na web, seja em sites, blogs ou no Twitter. A comunicação é mais rápida e logo os jornalistas passam a buscar em alguns destes locais a referência que precisam para suas matérias. É mais efetivo, o alcance é maior e o custo, menor. Os acadêmicos de ciência política precisam começar a prestar atenção neste fenômeno, embora, obviamente, a centralidade do sistema midiático brasileiro ainda esteja na televisão, que é quem realmente faz a opinião da grande massa. O debate político, porém, está na web e isto merece estudo mais aprofundado.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
Comentários
Postar um comentário
O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.