É só ler o texto abaixo, do ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, para entender o que já foi dito neste blog algumas vezes: a imprensa, FSP, especialmente, está exagerando no noticiário sobre a gripe suína. Uma coisa é publicar os fatos com responsabilidade, outra é disseminar o pânico. E não é preciso ser um gênio da raça para entender a motivação da Folha na cobertura da gripe suína: atingir a popularidade do governo federal, ora pois... Aliás, o candidato da Barão de Limeira, govrenador José Serra (PSDB), foi o tal super ministro de que área, mesmo? Simples como dois e dois são quatro... A seguir, a íntegra do texto de CELS:
No limite da irresponsabilidade
Ao ler na capa chamada sobre a gripe A, até os menos paranoicos devem ter achado que chances de contrair doença são enormes
A REPORTAGEM e principalmente a chamada de capa sobre a gripe A (H1N1) no domingo passado constituem um dos mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde que assumi o cargo, em abril de 2008.
O título da chamada, na parte superior da página, dizia: "Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses". A afirmação é taxativa e o número, impressionante.
Nas vésperas, os hospitais estavam sobrecarregados, com esperas de oito horas para atendimento.
Mesmo os menos paranoicos devem ter achado que suas chances de contrair a enfermidade são enormes. Quem estivesse febril e com tosse ao abrir o jornal pode ter procurado assistência médica.
O texto da chamada dizia que um modelo matemático do Ministério da Saúde "estima que de 35 milhões a 67 milhões de brasileiros podem [em vez de devem, como no título] ser afetados pela gripe suína em oito semanas (...). O número de hospitalizações iria de 205 mil a 4,4 milhões".
É quase impossível ler isso e não se alarmar. Está mais do que implícito que o modelo matemático citado decorre de estudos feitos a partir dos casos já constatados de gripe A (H1N1) no Brasil.
Mas não. Quem foi à página C5 (e não C4 para onde erradamente a chamada remetia) descobriu que o tal modelo matemático, publicado em abril de 2006, foi baseado em dados de pandemias anteriores e visavam formular cenários para a gripe aviária (H5N1).
Ali, o texto dizia que "por ser um esquema genérico e não um estudo específico para o atual vírus, são necessários alguns cuidados ao extrapolá-lo para o presente surto".
Ora, se era preciso cautela, por que o jornal foi tão imprudente? Ou, como pergunta o leitor Martim Silveira: "já que não tem base em nada nas circunstâncias atuais, qual a relevância de publicar algo que evidentemente só pode causar pânico numa população que já está abarrotando os postos de saúde por causa da gripe, quando os casos mal passam do milhar?"
Muitos leitores se manifestaram ao ombudsman. José Rubens Elias classificou a chamada de "leviana e irresponsável". José Roberto Teixeira Leite disse que "se o objetivo do jornal era espalhar pânico, conseguiu o intento". Para José Clauver de Aguiar Júnior, "trata-se claramente de sensacionalismo".
O pior é que a Redação não admite o erro. Em resposta à carta do Ministério da Saúde, que tentava restabelecer os fatos, respondeu com firulas formalistas como se o missivista e os leitores não soubessem ver o óbvio. Em resposta ao ombudsman, disse que considera a chamada e a reportagem "adequadas" e que "informar a genealogia do estudo na chamada teria sido interessante, mas não era absolutamente essencial".
No limite da irresponsabilidade
Ao ler na capa chamada sobre a gripe A, até os menos paranoicos devem ter achado que chances de contrair doença são enormes
A REPORTAGEM e principalmente a chamada de capa sobre a gripe A (H1N1) no domingo passado constituem um dos mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde que assumi o cargo, em abril de 2008.
O título da chamada, na parte superior da página, dizia: "Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses". A afirmação é taxativa e o número, impressionante.
Nas vésperas, os hospitais estavam sobrecarregados, com esperas de oito horas para atendimento.
Mesmo os menos paranoicos devem ter achado que suas chances de contrair a enfermidade são enormes. Quem estivesse febril e com tosse ao abrir o jornal pode ter procurado assistência médica.
O texto da chamada dizia que um modelo matemático do Ministério da Saúde "estima que de 35 milhões a 67 milhões de brasileiros podem [em vez de devem, como no título] ser afetados pela gripe suína em oito semanas (...). O número de hospitalizações iria de 205 mil a 4,4 milhões".
É quase impossível ler isso e não se alarmar. Está mais do que implícito que o modelo matemático citado decorre de estudos feitos a partir dos casos já constatados de gripe A (H1N1) no Brasil.
Mas não. Quem foi à página C5 (e não C4 para onde erradamente a chamada remetia) descobriu que o tal modelo matemático, publicado em abril de 2006, foi baseado em dados de pandemias anteriores e visavam formular cenários para a gripe aviária (H5N1).
Ali, o texto dizia que "por ser um esquema genérico e não um estudo específico para o atual vírus, são necessários alguns cuidados ao extrapolá-lo para o presente surto".
Ora, se era preciso cautela, por que o jornal foi tão imprudente? Ou, como pergunta o leitor Martim Silveira: "já que não tem base em nada nas circunstâncias atuais, qual a relevância de publicar algo que evidentemente só pode causar pânico numa população que já está abarrotando os postos de saúde por causa da gripe, quando os casos mal passam do milhar?"
Muitos leitores se manifestaram ao ombudsman. José Rubens Elias classificou a chamada de "leviana e irresponsável". José Roberto Teixeira Leite disse que "se o objetivo do jornal era espalhar pânico, conseguiu o intento". Para José Clauver de Aguiar Júnior, "trata-se claramente de sensacionalismo".
O pior é que a Redação não admite o erro. Em resposta à carta do Ministério da Saúde, que tentava restabelecer os fatos, respondeu com firulas formalistas como se o missivista e os leitores não soubessem ver o óbvio. Em resposta ao ombudsman, disse que considera a chamada e a reportagem "adequadas" e que "informar a genealogia do estudo na chamada teria sido interessante, mas não era absolutamente essencial".
Cara, desculpe, mas do mesmo jeito que a FSP eaxgerou na reportagem, vc exagera na interpretação. Primeiro, jornais não são, ao contrário do que parece dizer o mito, estruturas monolíticas e maquiavélicas cheias de segundas e terceiras intenções e capazes de implementá-las a seu bel-prazer.
ResponderExcluirManipulações, quando existem, ocorrem muito mais no sentido de reduzir ou suprimir assuntos levantados pela "base" (o jornalsita peão que está na rua caçando notícia), e não em irresponsavelmente bombar um assunto que até o ombudsman da casa consegue ver que era furada.
SE houve alguma "motivação" para a reportagem alarmisata da gripe, foi o entusiasmo dos jornalistas envolvidos na produção da matéria em faturar uma manchete, e irresponsabilidade (ou pressa) dos editores que deveriam filtrá-la.
Segundo, se o que a grande imprensa pensa do Lula realmente tivesse algum efeito sobre a opinião pública, só os editoriais do Estadão sobre o escãndalo Sarney já teriam jogado a popularidade do barbido na lama, o que obviamente não aconteceu...
Carlos e papai noel vc acredita também?
ResponderExcluirAnônimo, a questão é de pura lógica: ou a FSP é articulada e maquiavélica o bastante para planejar, criar e implementar um factoide a fim de bombardear o Lula, ou é estúpida, irresponsável e apressada a ponto de manchetar com algo que até o ombudsman da casa percebe que é uma enorme bobagem. Não dá pra ser as duas coisas ao mesmo tempo. Do jeito de caoisa saiu, seria como criar um plano meticuloso pra assassinar, sei lá, o Obama e dar ao assassino uma pistola dágua. Não dá.
ResponderExcluirCarlos, A pessoal desesperada(grupo) para voltar ao poder, passa por cima de várias coisas. O wue a FSP quer é se agarrar numa crise, como a crise financeira foi mesmo uma marolinha. Se agarra na crise do Sarney, que está 500 anos no poder, agora que estão achando os podres dele. A gripe A também serve, assim como serviu a febre amarela. Febre amarela que morreu pessoas por tomar vacina várias vezes. Esse pilar de mídia que temos hoje, não se preocupa com que você afirma.
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