Pular para o conteúdo principal

Mais um problema tucano

Abaixo, uma boa reportagem do Estadão sobre a falta de palanque do futuro candidato à presidência pelo PSDB no Rio de Janeiro. Se a solução for a candidatura de Ronaldo Cezar Coelho, os tucanos sairão do Rio com pouquíssimos votos. Bobear, atrás de Heloísa Helena (PSOL), se a vereadora alagoana de fato se candidatar. A seguir, na íntegra, a matéria do Estadão.

Tucanos buscam palanques no Rio para 2010

PSDB discute nomes para concorrer ao governo do Estado e fazer frente à candidatura presidencial do PT

Alexandre Rodrigues

Enquanto a ministra Dilma Rousseff, provável candidata do PT à sucessão de Lula, conta pelo menos três possíveis palanques no Rio, o PSDB amarga a ausência absoluta de um nome viável para apresentar o candidato tucano à Presidência no terceiro maior colégio eleitoral do País. Diante da relutância do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) em se candidatar ao governo estadual, o PSDB fluminense busca um plano B. Deve sacrificar um candidato próprio para estruturar a campanha de José Serra ou Aécio Neves no Estado e fazer frente à aliança entre Lula e o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Fenômeno da eleição do ano passado, quando perdeu a prefeitura do Rio para Eduardo Paes (PMDB) por menos de 2% dos votos, Gabeira é o candidato dos sonhos dos tucanos. Aparece em segundo lugar, logo atrás de Cabral, nas pesquisas. "Estamos todos pendurados no Gabeira", admite um dos tucanos que o assediam. No entanto, o verde indica que prefere o Senado, onde poderia se destacar como introdutor de temas modernizantes após o mar de lama atual.
Tucanos têm gastado saliva em jantares e encontros com Gabeira, mas a pedra no sapato deles é o vereador Alfredo Sirkis, presidente do PV do Rio. Com base em pesquisas contratadas pelo partido, ele avalia que seria muito difícil bater a reeleição de Cabral, principalmente fora da capital. Gabeira ficaria sem mandato, desperdiçando uma eleição quase certa para o Senado. As sondagens o posicionam ao lado do senador Marcelo Crivella (PRB) para as duas vagas. Além disso, aos 68 anos, o verde não tem perfil para o governo estadual e ganhou telhado de vidro ao admitir deslizes no escândalo das passagens aéreas.
O último revés foi a decisão da Executiva Nacional do PV, no início do mês, de lançar candidato à Presidência em 2010 para marcar o discurso ambiental. Com isso, Gabeira só seria exclusivo dos tucanos no segundo turno. Embora ainda esperem do verde, que se diz indeciso, uma definição até setembro, os tucanos partiram em busca de alternativa.
Amigo do governador de São Paulo, o ex-deputado Ronaldo Cezar Coelho já se apresentou como pré-candidato ao governo do Estado pelo PSDB. Sem mandato desde 2006, quando perdeu a disputa pelo Senado, o ex-banqueiro teria pouco a perder para estruturar a candidatura tucana no Rio. Coelho tem acompanhado Serra em viagens e conversou sobre o Rio com o governador na semana passada em jogo final da Libertadores da América, em Belo Horizonte.
O prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito, seria a opção natural se não sofresse rejeição dos tucanos da capital.Alguns avaliam que, com perfil populista controverso, Zito destoaria da candidatura Serra. Anularia votos da classe média carioca sem garantir os da Baixada.
O PSDB vem se enfraquecendo no Rio desde o fim do governo de Marcello Alencar, em 1998. O último golpe foi a saída de Eduardo Paes em 2007 para se tornar prefeito do Rio pelo PMDB.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And