O texto abaixo, publicado na revista Veja, é um retrato acabado da ultradireita tupiniquim. O tal Mainardi escreve sobre o compositor e escritor Chico Buarque de Holanda, a quem qualifica de "uma fraude". Bem, vale a pena ler a coisa apenas para perceber como são ridículos os "argumentos" do colunista do semanário mais lido do país. A construção do texto é centrada na figura de uma tal Edna O'Brien, escritora irlandesa que "entendeu" a fraude chamada Chico Buarque e não conseguiu dormir em Paraty por causa da irritante "batucada" que não parava durante a noite. O tal Mainardi jantou com a tal O'Brien e parece que Chico Buarque foi o grande assunto do repasto. Ela "entendeu" o que Dioguinho sempre soube: Chico nada entende de literatura e o Brasil é um país atrasado, onde o batuque não para jamais.
Bem, isto posto, é quase desnecessário comentar. Mainardi vive no Rio de Janeiro, mas deve morrer de saudades de Veneza e do tempo em que se divertia discutindo alta literatura com Gore Vidal. Ele já declarou que não suporta o Brasil, mas pelo visto não tem sido muito feliz em convencer seus patrões a voltar para o berço da civilização... Para dizer que Chico Buarque é "uma fraude", precisa do aval de alguém de lá, do Velho Mundo, pois deve ter alguma consciência de que uma palavra sua contra Chico não seria nem levada a sério (como de resto tudo que escreve).
Em um futuro que este blogueiro espera não estar tão próximo, quando estivermos todos mortos, Chico Buarque vai aparecer nos livros de história como um dos maiores artistas brasileiros. Já Diogo Mainardi talvez, vejam bem, talvez, entre em algum rodapé da biografia de Gore Vidal (that brazilian boy...). Uma diferença e tanto.
Mainardi sabe disto, coitado, dá para imaginar o tamanho da frustração.
Edna entendeu tudo
Diogo Mainardi
"Edna O’Brien foi arrastada a um encontro entre Chico Buarque e Milton Hatoum. O que ela afirmou, assim que conseguiu escapar do encontro? Que Chico Buarque era uma fraude. O que ela afirmou em seguida, durante o jantar? Que se espantou com a empáfia e com o desconhecimento literário dos dois autores"
Edna O’Brien está fazendo um conto sobre "Chico". Ela pronuncia "Chico" com um "T" na frente, como em Chico Marx. Por isso mesmo, "Chico", em seu conto, ganhou o nome de Harpo, como em Harpo Marx. Mas o inspirador da festejada escritora irlandesa – pode bater no peito – é o nosso "Chico": Chico Buarque.
Edna O’Brien conheceu "Chico" uma semana atrás, na Flip, em Paraty. Depois de participar de um debate, ela foi arrastada a um encontro entre Chico Buarque e Milton Hatoum. O que ela afirmou, assim que conseguiu escapar do encontro? Que Chico Buarque era uma fraude. O que ela afirmou em seguida, durante o jantar? Que se espantou com a empáfia e com o desconhecimento literário dos dois autores. E o que ela repetiu para mim, alguns dias mais tarde, em outro jantar, no Rio de Janeiro? Que Chico Buarque era uma fraude, que ela se espantou com sua empáfia e com seu desconhecimento literário, e que se espantou mais ainda com sua facilidade para enganar a plateia da Flip.
No conto de Edna O’Brien, Chico Buarque – ou Harpo – é tratado como "Astro do rock". O personagem é inspirado em Chico Buarque, mas tem também umas pitadas de Bono, do U2, admirador de Edna O’Brien. A narradora – uma autora irlandesa – está numa feira literária no Brasil. De alguma maneira, ela é inserida no séquito de um cantor que, como Chico Buarque, se meteu a fazer romances. Há uma atmosfera onírica no conto. Essa atmosfera onírica foi estimulada pelo fato de Edna O’Brien, nas quatro noites que passou em Paraty, atormentada pela batucada permanente do lado de fora da janela de seu hotel, nunca ter dormido. Quando saiu de Paraty, ela se refugiou no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, mas continuou insone, atormentada pela festa de casamento de Pato, o jogador do Milan, com Sthefany Brito, a atriz de Chiquititas. Sthefany é com "Y", como Paraty, e "Chiquitita" tem um "T" na frente, como Chico Marx.
Eu já resenhei um romance de Chico Buarque: Benjamim. Nele, um homem à beira da morte relembra o passado, misturando realidade e sonho. Em Leite Derramado, seu último romance, um homem à beira da morte relembra o passado, misturando realidade e sonho. Chico Buarque, como Harpo, é o buzinador das letras: fon-fon. Ele está para a literatura assim como Dilma Rousseff está para as teses de mestrado. Ou assim como José Sarney está para Agaciel Maia. Edna O’Brien passou apenas uma semana no Brasil. Mas ela entendeu tudo: neste país fraudulento, o que mais espanta é a facilidade para enganar a plateia, enquanto a batucada continua do lado de fora.
Bem, isto posto, é quase desnecessário comentar. Mainardi vive no Rio de Janeiro, mas deve morrer de saudades de Veneza e do tempo em que se divertia discutindo alta literatura com Gore Vidal. Ele já declarou que não suporta o Brasil, mas pelo visto não tem sido muito feliz em convencer seus patrões a voltar para o berço da civilização... Para dizer que Chico Buarque é "uma fraude", precisa do aval de alguém de lá, do Velho Mundo, pois deve ter alguma consciência de que uma palavra sua contra Chico não seria nem levada a sério (como de resto tudo que escreve).
Em um futuro que este blogueiro espera não estar tão próximo, quando estivermos todos mortos, Chico Buarque vai aparecer nos livros de história como um dos maiores artistas brasileiros. Já Diogo Mainardi talvez, vejam bem, talvez, entre em algum rodapé da biografia de Gore Vidal (that brazilian boy...). Uma diferença e tanto.
Mainardi sabe disto, coitado, dá para imaginar o tamanho da frustração.
Edna entendeu tudo
Diogo Mainardi
"Edna O’Brien foi arrastada a um encontro entre Chico Buarque e Milton Hatoum. O que ela afirmou, assim que conseguiu escapar do encontro? Que Chico Buarque era uma fraude. O que ela afirmou em seguida, durante o jantar? Que se espantou com a empáfia e com o desconhecimento literário dos dois autores"
Edna O’Brien está fazendo um conto sobre "Chico". Ela pronuncia "Chico" com um "T" na frente, como em Chico Marx. Por isso mesmo, "Chico", em seu conto, ganhou o nome de Harpo, como em Harpo Marx. Mas o inspirador da festejada escritora irlandesa – pode bater no peito – é o nosso "Chico": Chico Buarque.
Edna O’Brien conheceu "Chico" uma semana atrás, na Flip, em Paraty. Depois de participar de um debate, ela foi arrastada a um encontro entre Chico Buarque e Milton Hatoum. O que ela afirmou, assim que conseguiu escapar do encontro? Que Chico Buarque era uma fraude. O que ela afirmou em seguida, durante o jantar? Que se espantou com a empáfia e com o desconhecimento literário dos dois autores. E o que ela repetiu para mim, alguns dias mais tarde, em outro jantar, no Rio de Janeiro? Que Chico Buarque era uma fraude, que ela se espantou com sua empáfia e com seu desconhecimento literário, e que se espantou mais ainda com sua facilidade para enganar a plateia da Flip.
No conto de Edna O’Brien, Chico Buarque – ou Harpo – é tratado como "Astro do rock". O personagem é inspirado em Chico Buarque, mas tem também umas pitadas de Bono, do U2, admirador de Edna O’Brien. A narradora – uma autora irlandesa – está numa feira literária no Brasil. De alguma maneira, ela é inserida no séquito de um cantor que, como Chico Buarque, se meteu a fazer romances. Há uma atmosfera onírica no conto. Essa atmosfera onírica foi estimulada pelo fato de Edna O’Brien, nas quatro noites que passou em Paraty, atormentada pela batucada permanente do lado de fora da janela de seu hotel, nunca ter dormido. Quando saiu de Paraty, ela se refugiou no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, mas continuou insone, atormentada pela festa de casamento de Pato, o jogador do Milan, com Sthefany Brito, a atriz de Chiquititas. Sthefany é com "Y", como Paraty, e "Chiquitita" tem um "T" na frente, como Chico Marx.
Eu já resenhei um romance de Chico Buarque: Benjamim. Nele, um homem à beira da morte relembra o passado, misturando realidade e sonho. Em Leite Derramado, seu último romance, um homem à beira da morte relembra o passado, misturando realidade e sonho. Chico Buarque, como Harpo, é o buzinador das letras: fon-fon. Ele está para a literatura assim como Dilma Rousseff está para as teses de mestrado. Ou assim como José Sarney está para Agaciel Maia. Edna O’Brien passou apenas uma semana no Brasil. Mas ela entendeu tudo: neste país fraudulento, o que mais espanta é a facilidade para enganar a plateia, enquanto a batucada continua do lado de fora.
Melhor nem ler... aliás, pra que repercutir isso? TIRAGEM ZERO NELES! A melhor forma de q eles sumam é ignorá-los!
ResponderExcluirCapaz do Chico nem dormir esta noite, ou melhor, pendurar as chuteiras.
ResponderExcluirÉ Chico, quem te viu, quem te vê, nós ficamos vendo a Banda passar e só O´Brien e Mainardi não viu.
Esse Diogo escreve mal ne?pParece que ta cheirado e nao consegue encadear as ideias!
ResponderExcluirInculto, não passa de um bobão querendo se promover criticando um ícone da cultura brasileira. O espaço deste boçal se resume à panfletária Veja. Blargh!
ResponderExcluirLuiz, li apenas seu comentário sobre o assunto. Jamais leio esse senhor. Não dou atenção a esse tipo de ser humano (caso seja possível o adjetivo para ele).
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