O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mandou cancelar os chamados atos secretos da Casa. A medida lembra um pouco a história do marido que manda queimar o colchão da cama em que flagrou a mulher com outro. O problema de fundo na crise não é propriamente este ou aquele ato secreto, mas um modus operandi que une todos os parlamentares do Congresso - da Câmara e do Senado, diga-se de passagem. O que precisa acontecer é uma regulamentação das práticas correntes no uso dos recursos públicos no poder legislativo. Não é concebível que o Senado disponha de 10 mil servidores, nem dá para aceitar que a Câmara comercialize passagens aéreas (atividade bem lucrativa, por sinal). Foi bom Sarney ter cancelado os atos secretos, é óbvio, mas tal medida não é suficiente para por um fim na crise que vive o legislativo federal.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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