A semana que começa hoje era, na prática, para ser uma semana morta no Congresso Nacional. Com o início do recesso no dia 18, quarta-feira, era natural que os parlamentares "enforcassem" a terça (a segunda-feira, como todos sabemos, já é "enforcada" em períodos normais) e só retornassem a Brasília em agosto. O presidente do Senado, porém, resolveu criar um fato político ao adiar para amanhã a reunião da Mesa Diretora em que será decidido o encaminhamento de parte das investigações contra ele mesmo, Renan Calheiros (PMDB-AL). É altamente provável que Renan sofra mais uma derrota amanhã, embora seus aliados estejam planejando mais uma manobra protelatória. O problema todo é que o presidente do Senado já não tem controle da situação e está à mercê da opinião pública, que pressiona e sensibiliza os parlamentares. A aposta de Renan agora está no chamado "efeito curativo do tempo", daí tantas manobras protelatórias. O problema todo é que a sociedade não parece disposta a esquecer tão cedo e, pelo andar da carruagem, vai continuar cobrando a saída de Calheiros pelo menos da presidência do Senado.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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