Uma análise do material que foi publicado neste final de semana nos jornais e revistas mostra que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de certa forma passou incólume no noticiário, embora algumas matérias tenham tratado do seu caso. É que não houve fatos novos, e todo escândalo é movido a fatos novos. No caso de Joaquim Roriz (PMDB-DF), a revista Veja explicou como teria sido feita a partilha dos tais R$ 2,2 milhões sacados do Banco de Brasília (BRB) e a finalidade do recurso (pagar propinas para juízes). Como sempre, não dá para levar Veja totalmente a sério, mas independentemente da versão ser falsa ou verdadeira, é mais uma história para Roriz explicar. Até agora, vamos ser francos, ele não explicou coisa alguma, apenas apresentou uma história que nem uma criança de 5 anos engole.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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