Quanto mais o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) tenta manobrar para sair da encalacrada política que representa o processo no Conselho de Ética, mais perto ele fica de um beco sem saída. Ou melhor, de saída única: a renúncia ao cargo de presidente do Senado, no mínimo, ou mesmo do mandato, se as coisas piorarem. Nesta quinta, ele tentou protelar o processo marcando para terça-feira uma reunião da Mesa Diretora que estava marcada para hoje mesmo. O resultado é um desastre político: por pouco os senadores da oposição não assumem uma postura mais belicista, de simplesmente não votar mais nada até que Renan se afaste do cargo. A solução encontrada – uma espécie de ultimato até terça – é um pouco menos pior para Calheiros, mas também significa o agravamento de sua situação. O balcão de apostas agora gira em torno do prazo: nos bastidores, até mesmo gente da base governista acha que Renan não resiste a agosto, o mês das renúncias, suicídios e tantos outros episódios de mau agouro.
No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...
Comentários
Postar um comentário
O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.