Quando caiu o avião da Gol, no ano passado, este blog recomendou vivamente a demissão do ministro da Defesa, Waldir Pires. Basta uma busca no Google ou mesmo um clique nos arquivos destas Entrelinhas para ler a recomendação, que continua a mesma. Waldir Pires é um homem honesto, honrado e competente, mas está no lugar errado, no momento errado. O presidente Lula tem razão em evitar queimá-lo, jogando o experiente Waldir às feras da mídia e da opinião pública como uma espécie de bode expiatório da crise. Cabe ao ministro pegar o seu banquinho e sair o quanto antes, porque a situação, que já era insustentável lá atrás, agora ficou chegou a um ponto em que nenhuma outra ação faz sentido. Vamos ser claros: Waldir não é o culpado pela crise, mas perdeu de tal forma a autoridade no ministério da Defesa que já não é mais um ministro de fato. Teria sido muito melhor se ele tivesse saído antes, mas Lula quis preservá-lo e a situação só piorou. Agora, não dá mais. Ou o presidente coloca no ministério alguém com capacidade de gerenciar uma crise, ou terá ele mesmo que agir neste sentido, o que além de arriscado é improdutivo, pois não é tarefa de presidente lidar com este tipo de questão. É preciso alguém com saúde e disposição para enfrentar lobbies poderosos e moral para comandar as Forças Armadas, coisa que não se encontra facilmente na praça. José Sarney, por exemplo, tem moral para comandar as três Armas, mas talvez não tenha coragem para enfrentar tão poderosos lobistas...
No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...
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