Quando caiu o avião da Gol, no ano passado, este blog recomendou vivamente a demissão do ministro da Defesa, Waldir Pires. Basta uma busca no Google ou mesmo um clique nos arquivos destas Entrelinhas para ler a recomendação, que continua a mesma. Waldir Pires é um homem honesto, honrado e competente, mas está no lugar errado, no momento errado. O presidente Lula tem razão em evitar queimá-lo, jogando o experiente Waldir às feras da mídia e da opinião pública como uma espécie de bode expiatório da crise. Cabe ao ministro pegar o seu banquinho e sair o quanto antes, porque a situação, que já era insustentável lá atrás, agora ficou chegou a um ponto em que nenhuma outra ação faz sentido. Vamos ser claros: Waldir não é o culpado pela crise, mas perdeu de tal forma a autoridade no ministério da Defesa que já não é mais um ministro de fato. Teria sido muito melhor se ele tivesse saído antes, mas Lula quis preservá-lo e a situação só piorou. Agora, não dá mais. Ou o presidente coloca no ministério alguém com capacidade de gerenciar uma crise, ou terá ele mesmo que agir neste sentido, o que além de arriscado é improdutivo, pois não é tarefa de presidente lidar com este tipo de questão. É preciso alguém com saúde e disposição para enfrentar lobbies poderosos e moral para comandar as Forças Armadas, coisa que não se encontra facilmente na praça. José Sarney, por exemplo, tem moral para comandar as três Armas, mas talvez não tenha coragem para enfrentar tão poderosos lobistas...
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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