Este blog lança o desafio: quantos dias, a contar desta terça-feira, 3 de julho, vai levar para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixar o cargo? É realmente difícil prever, mas que a situação política do senador ficou insustentável, não há mais dúvida alguma. Quem acompanha essas Entrelinhas sabe que não se está aqui duvidando da inocência de Renan – até agora não foi apresentada uma única prova de que ele tenha realmente utilizado dinheiro da Mendes Júnior para pagar a pensão de sua filha com Mônica Veloso. O problema é outro, de caráter político: Calheiros perdeu a moral para presidir o Senado. Só isto explica o espetáculo grotesco da tarde de terça-feira, quando os colegas do sempre tão afável presidente da Casa pediram, na sua frente, o seu afastamento da presidência. Para bom entendedor, meia palavra basta: os senadores, no estilo particular de suas falas empoladas, mandaram o mesmo recado que Roberto Jefferson deu ao então ministro José Dirceu de forma mais sucinta: sai, Renan, sai daí rapidinho. Este blog não consulta videntes, mas tem um palpite: Calheiros cai em menos de 30 dias.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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