Se nada de realmente novo ocorrer no cenário político paulistano, a cidade vai assistir a uma das eleições mais animadas dos últimos tempos, com três candidatos fortíssimos na disputa. A última vez que isto aconteceu foi quando Jânio Quadros (PTB), Fernando Henrique (disputou pelo PMDB) e Eduardo Suplicy (PT) concorreram, em 1985. Para quem não lembra, quem levou a melhor foi o falecido ex-presidente, que bateu Cardoso por pequena margem. Fernando Henrique gosta de atribuir esta derrota ao PT, alegando que Suplicy lhe tirou os votos que garantiriam a vitória. Bobagem: se não tivesse se confessado ateu em um debate ou evitado sentar-se na cadeira de prefeito antes da eleição, provavelmente FHC teria batido Jânio...
Vinte e três anos depois, São Paulo deve assistir a um novo tríplice embate, desta vez com dois candidatos representando as forças conservadoras: Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) espera se beneficiar da divisão da direita, mas terá a difícil tarefa de reduzir sua própria rejeição para ter chances de vencer o segundo turno.
Uma das variáveis mais interessantes da eleição paulistana deste ano será a composição das alianças político-partidárias. Os três pré-candidatos estão trabalhando ativamente nesta tarefa. Todos têm assediado o ex-governador Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB em São Paulo e detentor do maior tempo de propaganda na televisão. Político experiente que é, o ex-governador avisou que o PMDB terá candidato próprio na capital – Alda Marco Antonio seria o nome mais forte até o momento –, mas continua conversando com emissários de Marta, Alckmin e Kassab.
Já o também ex-governador Alckmin espera conseguir o apoio do PTB de Campos Machado e Romeu Tuma. Se a conversa com o PMDB não prosperar, é bastante provável que o vice de Alckmin venha dos quadros do PTB – poderia ser o próprio Campos Machado.
O PT já se movimenta para tentar evitar que o chamado "bloquinho" (PSB, PDT e PCdoB) lance uma das três pré-candidaturas que vem sendo consideradas pelo grupo (Luiza Erundina, Paulinho da Força e Aldo Rebelo). Nos bastidores, há quem diga que a direção do PT já prometeu o ministério do Turismo para o PSB, a fim de contar com o apoio do partido nas eleições.
Em termos de alianças, o jogo parece estar mais difícil para Gilberto Kassab. Como o DEM não é forte em São Paulo, restaria a Kassab tentar o apoio de Orestes Quércia para a candidatura ganhar musculatura e tempo na TV. O problema é que Quércia não gostou da primeira aproximação de Kassab, que prometeu mundos e fundos ao ex-governador e nada entregou. Na verdade, o prefeito tem um problemão pela frente, porque no PMDB a preferência da militância se divide entre apoiar Marta Suplicy, Geraldo Alckmin ou partir para a candidatura própria e negociar um apoio apenas no segundo turno. Correndo sozinho ou com apoio apenas de nanicos, Kassab sem dúvida terá muito mais dificuldades para crescer.
Hoje, um segundo turno entre Alckmin e Marta parece francamente favorável ao ex-governador. De fato, se Geraldo Alckmin concorrer e não vencer a eleição municipal, sua carreira política estará encerrada, pois os caciques José Serra e Fernando Henrique Cardoso não o perdoarão por impedir a natural aliança do PSDB com Kassab sem trazer nenhum benefício ao partido. O problema todo para Alckmin será mesmo justificar porque diabos o PSDB lançou um candidato próprio para disputar a prefeitura contra um aliado que faz uma administração em que metade dos cargos é ocupado por tucanos. Esta contradição pode ajudar o PT e Marta.
Tudo somado, a eleição caminha para uma disputa acirradíssima em São Paulo. Cada voto vai ser disputado a tapa e com isto cresce também a importância dos nanicos e franco-atiradores de plantão. Quantos votos Ivan Valente (PSTU) conseguirá tirar dos petistas mais tradicionais, que se decepcionaram com o governo Lula? A histriônica Zulaiê Cobra (PHS) vai destilar seu ressentimento contra os tucanos e contar algumas das encantadoras histórias que sabe sobre Geraldo Alckmin e José Serra? Muita água ainda vai passar debaixo da ponte até outubro. O eleitor paulistano pode esperar muita animação nas ruas neste ano.
Vinte e três anos depois, São Paulo deve assistir a um novo tríplice embate, desta vez com dois candidatos representando as forças conservadoras: Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM). A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) espera se beneficiar da divisão da direita, mas terá a difícil tarefa de reduzir sua própria rejeição para ter chances de vencer o segundo turno.
Uma das variáveis mais interessantes da eleição paulistana deste ano será a composição das alianças político-partidárias. Os três pré-candidatos estão trabalhando ativamente nesta tarefa. Todos têm assediado o ex-governador Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB em São Paulo e detentor do maior tempo de propaganda na televisão. Político experiente que é, o ex-governador avisou que o PMDB terá candidato próprio na capital – Alda Marco Antonio seria o nome mais forte até o momento –, mas continua conversando com emissários de Marta, Alckmin e Kassab.
Já o também ex-governador Alckmin espera conseguir o apoio do PTB de Campos Machado e Romeu Tuma. Se a conversa com o PMDB não prosperar, é bastante provável que o vice de Alckmin venha dos quadros do PTB – poderia ser o próprio Campos Machado.
O PT já se movimenta para tentar evitar que o chamado "bloquinho" (PSB, PDT e PCdoB) lance uma das três pré-candidaturas que vem sendo consideradas pelo grupo (Luiza Erundina, Paulinho da Força e Aldo Rebelo). Nos bastidores, há quem diga que a direção do PT já prometeu o ministério do Turismo para o PSB, a fim de contar com o apoio do partido nas eleições.
Em termos de alianças, o jogo parece estar mais difícil para Gilberto Kassab. Como o DEM não é forte em São Paulo, restaria a Kassab tentar o apoio de Orestes Quércia para a candidatura ganhar musculatura e tempo na TV. O problema é que Quércia não gostou da primeira aproximação de Kassab, que prometeu mundos e fundos ao ex-governador e nada entregou. Na verdade, o prefeito tem um problemão pela frente, porque no PMDB a preferência da militância se divide entre apoiar Marta Suplicy, Geraldo Alckmin ou partir para a candidatura própria e negociar um apoio apenas no segundo turno. Correndo sozinho ou com apoio apenas de nanicos, Kassab sem dúvida terá muito mais dificuldades para crescer.
Hoje, um segundo turno entre Alckmin e Marta parece francamente favorável ao ex-governador. De fato, se Geraldo Alckmin concorrer e não vencer a eleição municipal, sua carreira política estará encerrada, pois os caciques José Serra e Fernando Henrique Cardoso não o perdoarão por impedir a natural aliança do PSDB com Kassab sem trazer nenhum benefício ao partido. O problema todo para Alckmin será mesmo justificar porque diabos o PSDB lançou um candidato próprio para disputar a prefeitura contra um aliado que faz uma administração em que metade dos cargos é ocupado por tucanos. Esta contradição pode ajudar o PT e Marta.
Tudo somado, a eleição caminha para uma disputa acirradíssima em São Paulo. Cada voto vai ser disputado a tapa e com isto cresce também a importância dos nanicos e franco-atiradores de plantão. Quantos votos Ivan Valente (PSTU) conseguirá tirar dos petistas mais tradicionais, que se decepcionaram com o governo Lula? A histriônica Zulaiê Cobra (PHS) vai destilar seu ressentimento contra os tucanos e contar algumas das encantadoras histórias que sabe sobre Geraldo Alckmin e José Serra? Muita água ainda vai passar debaixo da ponte até outubro. O eleitor paulistano pode esperar muita animação nas ruas neste ano.
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