A imagem é batidíssima, mas não há outra melhor: a CPI Mista que vai investigar os gastos com cartões corporativos já nasceu com a marca do acordão, saída tradicional na política brasileira quando a encrenca é, digamos assim, suprapartidária. Está claro que o pessoal combinou direitinho: vocês não tocam no nosso líder, nós não tocamos no de vocês. Salvo acontecimento excepcional, esta CPI vai pegar três ou quatro bagrinhos, talvez dois de cada lado, propor uma série de medidas saneadoras (que jamais serão transformadas em realidade) e, o que é mais importante, servir de holofote para alguns parlamentares-candidatos nas eleições deste ano. E segue a vida...
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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