Se no coração do império as coisas não andam muito bem, com a tal crise do subprime (hipotecas de alto risco) se alastrando na economia norte-americana, aqui no Brasil nada parece afetar o crescimento do país. Hoje mesmo o dólar chegou ao menor valor em 9 anos – uma prova de que os investidores estrangeiros não estão desfazendo-se de suas posições por aqui. Depois de uma certa turbulência em janeiro, o Ibovespa recuperou as perdas e já garante ganhos aos que ali apostam seus recursos. Do jeito que a coisa vai, o presidente Lula inda acorda invocado qualquer dia desses, liga para George W. Bush e diz: "Companheiro Bush, sei que vocês estão meio apertados por aí. Se precisar de qualquer coisa, é só ligar, estamos à disposição!"
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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