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Mário Magalhães: a pergunta que faltou

Está muito boa a primeira nota da crítica interna do Ombudsman da Folha, o cada vez melhor Mário Magalhães, sobre a boa vontade do jornal em publicar as bobagens que fala o presidente Fernando Henrique Cardoso. Como já notou Paulo Henrique Amorim, Cardoso fala besteira em português, mas quando dá entrevistas em inglês (para veículos internacionais), trata de reconhecer os avanços do governo Lula. Cardoso deve achar que os brasileiros são todos uns monoglotas, como o presidente. Não são e Lula, de sua parte, tem quem traduza interessantes análises de seu antecessor. A seguir, o comentário de Magalhães.

A Folha faz bem em publicar as opiniões de Fernando Henrique Cardoso sobre assuntos relevantes, como hoje, tratando do mensalão ("Só julgamento põe fim ao caso, diz FHC", pág. A10).

Mas faz mal quando não é crítica ao abordar o ex-presidente. Ele "lamentou que tenha demorado tanto (dois anos) para que o caso chegasse ao STF". E acrescentou: "No Brasil, a Justiça é morosa".

Por que o jornal não indagou o que o líder do PSDB pensa do desempenho do atual procurador-geral da República em comparação com o de um antecessor, indicado por FHC, que se notabilizou como "engavetador-geral da República"?

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