O que vai abaixo é o artigo do autor destas Entrelinhas para o Correio da Cidadania.
Em tempos um tanto conturbados pela crise financeira nos Estados Unidos, começou um espetáculo novo, o tal julgamento do Mensalão.
A grande imprensa adora espetáculos e está dando ampla cobertura para o evento. Os empolados ministros do Supremo Tribunal Federal se esforçam para sair bem na fita e criar fatos midiáticos, como foi a tal troca de mensagens eletrônicas flagradas pelo fotógrafo Ricardo Stucker e divulgadas primeiro pelo jornal O Globo.
Aliás, não deixa de ser interessante, antes de entrar no mérito da questão, notar como o noticiário hoje obedece a velocidade e ritmo da cobertura em tempo real: o acidente com o avião da TAM levou os membros das CPIs do Apagão Aéreo à condição de xerifes da Nação, porém por poucos dias, até a entrada em cena do General Patton tupiniquim, o grande (enorme, na verdade, com seus quase 2 metros) Nelson Jobim, que tem mostrado bastante serviço à frente do ministério da Defesa.
Para azar de Jobim, que monopolizaria o noticiário por mais algumas semanas se o mar estivesse calmo, eis que as bolsas mundiais começaram a despencar a partir do anúncio do BNP Paribas de suspender as operações de crédito imobiliário norte-americano. Foi a vez de brilharem os economistas-palpiteiros de plantão, alguns antevendo o caos sistêmico e completo, outros garantindo que a crise era "localizada" e sem efeitos relevantes para os chamados países emergentes, entre os quais figura o Brasil. Uma semana depois, as bolsas voltaram a subir e o assunto começou a sair da pauta – notícia boa não vende jornal...
Tudo somado, entre a crise aérea e o mais recente espetáculo do Mensalão não se passaram 30 dias, mas a vida em tempo real é assim mesmo, uma disputa feroz pelos 15 minutos de fama.
Para azar de Jobim, que monopolizaria o noticiário por mais algumas semanas se o mar estivesse calmo, eis que as bolsas mundiais começaram a despencar a partir do anúncio do BNP Paribas de suspender as operações de crédito imobiliário norte-americano. Foi a vez de brilharem os economistas-palpiteiros de plantão, alguns antevendo o caos sistêmico e completo, outros garantindo que a crise era "localizada" e sem efeitos relevantes para os chamados países emergentes, entre os quais figura o Brasil. Uma semana depois, as bolsas voltaram a subir e o assunto começou a sair da pauta – notícia boa não vende jornal...
Tudo somado, entre a crise aérea e o mais recente espetáculo do Mensalão não se passaram 30 dias, mas a vida em tempo real é assim mesmo, uma disputa feroz pelos 15 minutos de fama.
Voltando então para o julgamento em curso, a primeira observação que se pode fazer é a de que a imprensa está tratando do assunto de forma equivocada. Não existe nenhum mensaleiro sendo julgado, nem mesmo o inefável José Dirceu, verdadeira unanimidade na antipatia dos maiores veículos de comunicação do país. Sim, é isto mesmo, não há julgamento algum em curso. O que o Supremo está julgando é a admissibilidade das denúncias do Procurador Geral da República. As denúncias que forem admitidas vão se transformar em processos e, como este ainda é um país democrático, os acusados terão garantido o direito de se defender. É lento, é chato? Tem gente que acha, mas esta coluna admite que prefere a lentidão e a chatice a julgamentos e execuções sumárias.
Como a opinião pública felizmente não é composta de néscios e beócios, logo mais ficará claro que ninguém foi "julgado" e muito menos condenado pelo STF no caso do mensalão. Sem novidades sobre o assunto, porque os processos têm um rito determinado e as possibilidades de postergar os julgamentos são grandes, o assunto também vai sumir da pauta em breve, provavelmente ainda no final desta semana, quando finalmente serão votados, no Conselho de Ética do Senado, os relatórios sobre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
E se Renan manobrar mais um pouco, deve conseguir adiar a votação da sua cassação no Plenário. Com sorte, Calheiros ganha mais um mês e o seu calvário terá como competidor, em outubro, o ensaio de Mônica Veloso na Playboy, isto se nenhuma outra namorada de políticos brasilienses aparecer por aí para tirar de Mônica seus 15 segundos de fama...
E se Renan manobrar mais um pouco, deve conseguir adiar a votação da sua cassação no Plenário. Com sorte, Calheiros ganha mais um mês e o seu calvário terá como competidor, em outubro, o ensaio de Mônica Veloso na Playboy, isto se nenhuma outra namorada de políticos brasilienses aparecer por aí para tirar de Mônica seus 15 segundos de fama...
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