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Ciro ainda pode ser presidente?

Ainda sobre a nota anterior, Alexandre Porto, um atento leitor deste blog, informa: "Eu assisti a essa parte da audiência. Houve um debate entre os dois, mas não um bate-boca como tenta mostrar a matéria. Essa versão é falsa. Nenhuma dessas palavras foi dirigida a ela de forma grosseira. Ao contrário ele rebatia outras pessoas que trataram os defensores da obra de forma grosseira. Ela o interrompeu sim, várias vezes e ele a respondeu. Ele não a incluiu entre os críticos pelos quais ele não tem respeito, muito pelo contrário."

O autor destas Entrelinhas não tem razão alguma para duvidar da versão do leitor, mesmo porque ainda não assistiu ao debate entre Ciro e Letícia na televisão. Ainda que o deputado tenha sido elegante com a atriz, porém, o prejuízo para Ciro está evidente. Na mídia, ele vai aparecer como o malvado que defende a destruição da natureza contra a beldade que defende a sua preservação. Ora, Ciro é um sujeito coerente e a defesa que faz da transposição do Rio São Francisco é sempre muito consistente. Se ele não tivesse nenhuma outra ambição, quisesse permanecer ali no Congresso, como deputado ou talvez senador, este tipo de debate não faria mal algum à sua imagem. Porém, presidenciável que é, Ciro poderia evitar o desgaste de discutir com a bela Sabatella. Desta forma, ainda que a versão da Folha Online e demais portais seja distorcida, Ciro teria sido mais inteligente (ou menos ingênuo?) ficando longe deste vespeiro.

Comentários

  1. Bem,
    quanto à questão da imagem concordo, mas por outro lado sua biografia se engrandece.

    A verdade é que os argumentos que ela aprendeu em conversas com o Bispo são muito frágeis e, mesmo sendo linda e politicamente correta, é democrático que seus argumentos sejam rebatidos.

    Ela chegou a falar no tal Atlas do Nordeste, que tem o ex-ministro como um dos autores. Não precisa ser da área para entender que o Atlas sem a Transposição não faz sentido no Nordeste setentrional.

    Bate boca mesmo houve do Ciro com o Bispo, principalmente quando este divagava olhando para o teto enquanto o ex-ministro discursava. Ciro chegou a cobrar que este o olhasse.

    Carolina Brígido - O Globo Online

    Em discurso, o ex-ministro respondeu com agressividade aos comentários de Luiz Cappio - que, por sua vez, fingia não ouvir e estampava no rosto um sorriso plácido. A atitude irritou Ciro ainda mais:

    - Não é possível que vossa excelência se coloque em uma posição moral superior. Esse monopólio da boa-fé não pode ser dos críticos do projeto. Eu não sou movido por interesses subalternos. Olhe pra mim, dom Cappio!

    O bispo olhou rapidamente em direção ao parlamentar e, ostentando o mesmo semblante, virou o rosto de novo.

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  2. Não estou preocupado se Ciro será ou não candidato. Não estou nem aí com a Bela ou a Fera. Interessa-me saber quem defende causa nobre. Para mim, Ciro (a Fera) defende. A Bela, defende outras feras, o demônio global encarnado num bispo ridículo. Como artista ela e outros estão certos: seus ganha-pão estão no Teatro.

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  3. Depois da papagaiada no Senado sou a favor da Transposição.

    Vai o Carlos Vereza e diz que não é favorável à obra por causa dos cartões corporativos. Sim, claro, tudo a ver.

    O Osmar Prado preferiu chorar. E chorou. Daí disse que não era encenação. Papelão. Mas, enfim, ele estava lá para isso.

    Letícia Sabatella, logo após as lágrimas de Osmar, diz o seguinte: "Espero que o debate não seja um teatro". Ela que diga isso ao colega Osmar!

    E Assim...
    Um debate técnico se reduz a patifarias. Um fala em "cartão corporativo", usando algo negativo para ver se ganha a simpatia de alguém; outro simplesmente chora; e a terceira - que também já deu sua choradinha - alega ter esperanças de que o debate não seja um teatro.

    Só rindo, mesmo.

    Se depender desse tipo de "críticos", a Transposição ganhará apoio maciço de toda a população com um mínimo de senso crítico.

    Como disse o Pedro, fico do lado de quem defende a causa nobre. Sou mais Ciro Gomes.

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  4. Maria José,
    o problema não são os críticos em si, mas na falta de argumentos.

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