Pular para o conteúdo principal

Vale a pena ler de novo

O craque Jorge Rodini, diretor do instituto de pesquisas Engrácia Garcia e colaborador do blog, reenvia uma nota escrita em 30 de outubro de 2006, após a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As palavras de Rodini soam bem atuais no momento em que Lula chega a 84% de popularidade em meio a tal maior crise da história do capitalismo... Vale a pena reler.

Lula, o resiliente

Com o final da campanha eleitoral e reeleição do presidente Lula, podemos intuir os motivos da sua vitória incontesti.

São cinco características de Lula que, a meu ver, foram absorvidas pelo povo brasileiro.

Lula é carismático. A empatia do ex-torneiro mecânico com a população mais carente é quase fenomenal.

Lula é experimentado em eleições. Esta foi a quinta eleição presidencial que disputou.

Lula empolgou a militância. Apesar de todos os problemas que o PT teve, o presidente teve um exército a ajudá-lo.

Lula é Messias. Poucas figuras humanas no Brasil foram distinguidas com respeito e consideração dos mais pobres. De Messias Nordestino, Lula foi alçado a condição de "Pai dos pobres".

Lula é resiliente. Por mais que sofra crises, ele consegue superá-las. Este conceito em Psicologia mostra como um pessoa pode ser quase imune às crises. Que, aliás, não foram poucas. Porém esta característica é diferente de invulnerabilidade ou invencibilidade.

O presidente sabe que tem vulnerabilidades. Tem que ter pressa para desatar o nó das contas públicas, das expectativas de reajustes elevados do salário-mínimo, das contas da previdência e da queda dos juros.

A economia do dia dia e o Bolsa-Família vão passar a ser o calcanhar de Aquiles deste novo mandato.Vai ser muito difícil segurar o preço dos produtos básicos e manter programas sociais. O Brasil precisa crescer e o governo sabe disso.

Síntese: Lula ganhou porque teve respaldo popular, porque a oposição não conseguiu colar nele todas as trapalhadas de alguns membros do PT. Alckmin fez o que poderia ser feito, mas enfrentou um semi-Deus. Lula só não pode mais errar na questão ética nem impedir o crescimento mais vigoroso do Brasil. Porque ele é resiliente, mas não invencível.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...