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Temer, Sarney e o futuro do Congresso

Já tem análise para todos os gostos por aí. Há quem diga que a vitória dos peemedebistas José Sarney (AP) no Senado e Michel Temer (SP) na Câmara dos Deputados foi uma estupenda vitória do presidente Lula, amarrando o PMDB na candidatura de Dilma Rousseff. Outros dizem que o grande vitorioso foi o presidenciável tucano José Serra (sempre ele). Há também os conservadores que se irritaram com a estratégia tucana de apoiar o senador Tião Viana (Reinaldo Azevedo à frente, o que não deixa de ser surpreendente, talvez Serra não tenha desenhado para ele como via a disputa).

Na verdade, ainda é muito cedo para analisar as consequências do domínio peemedebista no Congresso, especialmente tendo como foco a eleição de 2010. O que já dá para dizer é que do ponto de vista dos trabalhos legislativos, Câmara e Senado ganharam dois experientes parlamentares - ambos por sinal já presidiram as Casas que passam a comandar nesta terça-feira –, e isto deve ser levado em consideração em um ambiente de possível agravamento da crise financeira global que venha a exigir mais agilidade do Congresso Nacional. Ambos, Temer e Sarney, são conciliadores por natureza e conhecem a fundo os mecanismos de funcionamento da Câmara e Senado. Podem fazer as coisas andarem ou retardar os trabalhos, se julgarem necessário.

No fundo, a pauta legislativa de 2009 vai girar em torno de medidas para minimizar os efeitos da crise no país. Quem espera grandes reformas ou mudanças na condução das duas Casas vai esperar sentado. Não vai acontecer, pelo menos não em 2009.

O ano de 2010 é outra conversa e o que vem pela frente será uma grande negociação em torno da sucessão de Lula. Se a crise se agravar de verdade, este blog não duvida nada do cenário da "grande conciliação" - este é o padrão na História do Brasil nos momentos mais agudos de turbulência. Porém, se no final deste ano o cenário for de recuperação econômica, aí a disputa pelo Poder deve seguir os contornos normais, com Lula e o PT negociando o apoio peemedebista para dar mais consistência à candidatura de Dilma Rousseff e, do outro lado, Serra em seu novo papel "paz e amor" também tentando trazer a grande noiva da política nacional para o seu campo, tendo como trunfo as pesquisas de opinião, se até lá ele se sustentar no patamar que se encontra hoje. Quem disser que sabe o final deste filme e de que lado estará o PMDB está mentindo, porque é rigorosamente impossível prefer, nesta altura do campeonato.

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