Os conservadores brasileiros passaram o ano passado dizendo que a vitória de Barack Obama seria ruim para o Brasil porque os democratas em geral são muito mais protecionistas do que os republicanos. Teve até gente da esquerda que embarcou nesta e saiu por aí dizendo que o governo brasileiro estava na torcida por McCain, que Lula sempre se deu muito bem com Bush e outras baboseiras. Nada como um dia após o outro para provar que as coisas são mais complicadas do que parecem.
A redução dos subsídios agrícolas anunciadas nesta quinta-feira para o primeiro Orçamento do governo Obama, conforme reportagem abaixo, da Folha Online, significa uma das maiores pauladas nos grandes fazendeiros norte-americanos, abrindo aos países situados abaixo do Rio Grande uma enorme janela de oportunidades. E uma porta aberta para a Rodada de Doha finalmente terminar.
Devagar com o andor, o santo é de barro. Primeiro deixem Obama governar, depois analisem o trabalho dele. O resto é chute e má vontade com o primeiro negro a ocupar a presidência dos EUA. Até agora - e iso já foi escrito aqui - Obama está indo muito bem: fim de Guantánamo, restrição salarial os mega-hiper-super executivos que comandam empresas nas quais o governo injetar recursos públicos, e agora o fim dos subsídios aos grandes agricultores. Nada mal, e são só os dois primeiros meses de governo...
A seguir, a matéria da Folha Online:
Obama vai cortar subsídios de grandes produtores agrícolas
A proposta do presidente dos EUA, Barack Obama, para o Orçamento do ano fiscal de 2010 - que começa em outubro deste ano -, inclui a eliminação gradual dos subsídios aos produtores agrícolas que registrem ganhos de mais de US$ 500 mil por ano. Além disso, a proposta prevê a eliminação dos subsídios para a manutenção de estoques de algodão no país.
Os cortes aos produtores devem poupar ao governo cerca de US$ 9,8 bilhões em 10 anos, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters. Já a eliminação dos subsídios à estocagem de algodão devem levar a uma economia para o governo de US$ 570 milhões no mesmo período.
Subsídios à agricultura estão no centro das divergências entre países ricos e emergentes no âmbito das negociações da Rodada Doha de liberalização comercial. As negociações, iniciadas no final de 2001, entre os países-membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) na capital do Qatar, Doha, estão paralisadas sobretudo pela recusa de alguns países a reduzir as tarifas sobre produtos agrícolas.
Em dezembro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que a redução do "enorme" volume de subsídios "generosamente concedidos ao setor agrícola dos países ricos, em detrimento dos agricultores nos países em desenvolvimento, melhoraria, igualmente, as condições de vida de centenas de milhões de pessoas", em discurso na ONU (Organização das Nações Unidas).
Orçamento
O projeto de Orçamento prevê gastos totais de US$ 3,606 trilhões para o ano fiscal de 2010 (que começa em outubro deste ano), contra US$ 3,724 trilhões do ano fiscal anterior, segundo dados oficiais divulgados. Para o exercício 2010, que nos Estados Unidos começa no dia 1º de outubro, o projeto de Orçamento prevê ainda um déficit de US$ 1,171 trilhão, contra US$ 1,75 trilhão em 2009.
O texto da proposta encaminhada ao Congresso tem 140 páginas, mas não contem todos os detalhes --o documento completo só deve ser divulgado na segunda quinzena de abril.
Segundo divulgado mais cedo, o Orçamento inclui uma verba de US$ 250 bilhões adicionais para o setor bancário e financeiro, caso seja necessário. O jornal "The Wall Street Journal" ("WSJ") informou hoje que o governo Obama não tem planos para utilizar essa verba adicional, mas quis incluí-la de qualquer forma, caso a situação do setor financeiro se deteriore ainda mais.
Obama ainda planeja um fundo de US$ 634 bilhões para reformar o sistema de saúde do país nos próximos dez anos. O plano prevê aumento dos impostos dos mais ricos para custear o fundo. Os recursos para reduzir o déficit também virão de um programa de venda de créditos de carbono.
O texto do Orçamento divulgado hoje diz que o sistema de saúde será financiado em parte através de um "reequilibrio do código fiscal de modo a que os mais ricos paguem mais".
O presidente americano prometeu nesta semana que reduzirá o déficit pela metade até o final de seu mandato, em 2013, para US$ 533 bilhões. A Casa Branca alega que o elevado déficit do país é reflexo das políticas fiscais herdadas do governo de George W. Bush.
Pentágono
O orçamento do Pentágono tem atingido níveis recorde em razão das guerras no Iraque e no Afeganistão, com o aumento dos recursos para as forças militares e o custo da construção de novos armamentos. O valor destinado às forças militares é de US$ 534 bilhões.
O governo, no entanto, já manifestou intenção de reduzir os gastos com sistemas de armas antiquados e redirecionar esses recursos para a luta contra os rebeldes no Iraque e os talebans no Afeganistão, além de medidas de defesa contra os sistemas de comunicação do país. "Iremos eliminar os contratos sem concorrência que gastaram bilhões no Iraque, e reformaremos nosso Orçamento da defesa para que não paguemos por um sistema de armas da era da Guerra Fria que não usamos mais", afirmou Obama, em seu primeiro discurso diante do Congresso.
Segundo o diário americano "The New York Times" ("NYT"), os gastos com sistemas de mísseis e os gastos com modernização de equipamentos do Exército serão reduzidos. A expectativa do especialista em defesa James McAleese, segundo o "NYT", é de um corte de US$ 2 bilhões nos US$ 9 bilhões previstos para os programas de mísseis de defesa.
Saúde
Para o sistema de saúde, representantes do governo sugerem que sejam levantados recursos com o encerramento da política de excluir o valor dos planos de saúde oferecidos pelos empregadores das declarações de imposto de renda. A ideia, no entanto, é fortemente combatida por representantes sindicais e membros do Congresso --além de contradizer propostas de campanha do próprio Obama.
O governo também deve exigir das empresas farmacêuticas maiores descontos para o programa Medicaid, voltado para a população de baixa renda.
Atualmente, as empresas farmacêuticas têm de oferecer ao governo no programa Medicaid ao menos 15,1% de desconto para um produto de marca. A proposta agora é de exigir um desconto de ao menos 22,1%. O setor farmacêutico tem resistido a essa proposta.
A redução dos subsídios agrícolas anunciadas nesta quinta-feira para o primeiro Orçamento do governo Obama, conforme reportagem abaixo, da Folha Online, significa uma das maiores pauladas nos grandes fazendeiros norte-americanos, abrindo aos países situados abaixo do Rio Grande uma enorme janela de oportunidades. E uma porta aberta para a Rodada de Doha finalmente terminar.
Devagar com o andor, o santo é de barro. Primeiro deixem Obama governar, depois analisem o trabalho dele. O resto é chute e má vontade com o primeiro negro a ocupar a presidência dos EUA. Até agora - e iso já foi escrito aqui - Obama está indo muito bem: fim de Guantánamo, restrição salarial os mega-hiper-super executivos que comandam empresas nas quais o governo injetar recursos públicos, e agora o fim dos subsídios aos grandes agricultores. Nada mal, e são só os dois primeiros meses de governo...
A seguir, a matéria da Folha Online:
Obama vai cortar subsídios de grandes produtores agrícolas
A proposta do presidente dos EUA, Barack Obama, para o Orçamento do ano fiscal de 2010 - que começa em outubro deste ano -, inclui a eliminação gradual dos subsídios aos produtores agrícolas que registrem ganhos de mais de US$ 500 mil por ano. Além disso, a proposta prevê a eliminação dos subsídios para a manutenção de estoques de algodão no país.
Os cortes aos produtores devem poupar ao governo cerca de US$ 9,8 bilhões em 10 anos, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters. Já a eliminação dos subsídios à estocagem de algodão devem levar a uma economia para o governo de US$ 570 milhões no mesmo período.
Subsídios à agricultura estão no centro das divergências entre países ricos e emergentes no âmbito das negociações da Rodada Doha de liberalização comercial. As negociações, iniciadas no final de 2001, entre os países-membros da OMC (Organização Mundial do Comércio) na capital do Qatar, Doha, estão paralisadas sobretudo pela recusa de alguns países a reduzir as tarifas sobre produtos agrícolas.
Em dezembro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que a redução do "enorme" volume de subsídios "generosamente concedidos ao setor agrícola dos países ricos, em detrimento dos agricultores nos países em desenvolvimento, melhoraria, igualmente, as condições de vida de centenas de milhões de pessoas", em discurso na ONU (Organização das Nações Unidas).
Orçamento
O projeto de Orçamento prevê gastos totais de US$ 3,606 trilhões para o ano fiscal de 2010 (que começa em outubro deste ano), contra US$ 3,724 trilhões do ano fiscal anterior, segundo dados oficiais divulgados. Para o exercício 2010, que nos Estados Unidos começa no dia 1º de outubro, o projeto de Orçamento prevê ainda um déficit de US$ 1,171 trilhão, contra US$ 1,75 trilhão em 2009.
O texto da proposta encaminhada ao Congresso tem 140 páginas, mas não contem todos os detalhes --o documento completo só deve ser divulgado na segunda quinzena de abril.
Segundo divulgado mais cedo, o Orçamento inclui uma verba de US$ 250 bilhões adicionais para o setor bancário e financeiro, caso seja necessário. O jornal "The Wall Street Journal" ("WSJ") informou hoje que o governo Obama não tem planos para utilizar essa verba adicional, mas quis incluí-la de qualquer forma, caso a situação do setor financeiro se deteriore ainda mais.
Obama ainda planeja um fundo de US$ 634 bilhões para reformar o sistema de saúde do país nos próximos dez anos. O plano prevê aumento dos impostos dos mais ricos para custear o fundo. Os recursos para reduzir o déficit também virão de um programa de venda de créditos de carbono.
O texto do Orçamento divulgado hoje diz que o sistema de saúde será financiado em parte através de um "reequilibrio do código fiscal de modo a que os mais ricos paguem mais".
O presidente americano prometeu nesta semana que reduzirá o déficit pela metade até o final de seu mandato, em 2013, para US$ 533 bilhões. A Casa Branca alega que o elevado déficit do país é reflexo das políticas fiscais herdadas do governo de George W. Bush.
Pentágono
O orçamento do Pentágono tem atingido níveis recorde em razão das guerras no Iraque e no Afeganistão, com o aumento dos recursos para as forças militares e o custo da construção de novos armamentos. O valor destinado às forças militares é de US$ 534 bilhões.
O governo, no entanto, já manifestou intenção de reduzir os gastos com sistemas de armas antiquados e redirecionar esses recursos para a luta contra os rebeldes no Iraque e os talebans no Afeganistão, além de medidas de defesa contra os sistemas de comunicação do país. "Iremos eliminar os contratos sem concorrência que gastaram bilhões no Iraque, e reformaremos nosso Orçamento da defesa para que não paguemos por um sistema de armas da era da Guerra Fria que não usamos mais", afirmou Obama, em seu primeiro discurso diante do Congresso.
Segundo o diário americano "The New York Times" ("NYT"), os gastos com sistemas de mísseis e os gastos com modernização de equipamentos do Exército serão reduzidos. A expectativa do especialista em defesa James McAleese, segundo o "NYT", é de um corte de US$ 2 bilhões nos US$ 9 bilhões previstos para os programas de mísseis de defesa.
Saúde
Para o sistema de saúde, representantes do governo sugerem que sejam levantados recursos com o encerramento da política de excluir o valor dos planos de saúde oferecidos pelos empregadores das declarações de imposto de renda. A ideia, no entanto, é fortemente combatida por representantes sindicais e membros do Congresso --além de contradizer propostas de campanha do próprio Obama.
O governo também deve exigir das empresas farmacêuticas maiores descontos para o programa Medicaid, voltado para a população de baixa renda.
Atualmente, as empresas farmacêuticas têm de oferecer ao governo no programa Medicaid ao menos 15,1% de desconto para um produto de marca. A proposta agora é de exigir um desconto de ao menos 22,1%. O setor farmacêutico tem resistido a essa proposta.
Eu vivo nos EUA e fico surpreso como o governo Obama esta sendo noticiado no Brasil: Ora e fraco, ora e hesitante ou confuso.
ResponderExcluirGostaria de saber onde estao tirando essas informacoes. Nao e o que a opiniao publica americana esta vendo.
Esta parecendo a cobertura que a imprensa brasileira faz do Lula: so fala mal mesmo quando nao ele, ou o governo, faz algo positivo.
Emerson
ResponderExcluirEu vejo a opinião de alguns veículos de comunicação que acompanho de uma maneira reticente, sem aquele entusiasmo, com as barbas de molho. Mas sem nenhuma perseguição ao presidente Obama.
A Obama-mania foi só na fase da eleição, agora ele está na posição de presidente que administra um país em crise, será bastante cobrado por isso.
abs