O que vai abaixo é mais um artigo do autor destas Entrelinhas para o Observatório da Imprensa. Em primeira mão para os leitores do blog. É longo, porque o assunto merece.
Edmar Moreira (DEM-MG), o deputado do castelo, não durou uma semana na segunda vice-presidência da Câmara Federal em função da péssima repercussão da denúncia de que ele seria o dono da nababesca propriedade que apareceu com todas as cores nos jornais, revistas e em programas de televisão.
Se não fosse a exposição na mídia dos estranhos negócios de Edmar, portanto, é possível que o deputado continuasse a ser, pasmem, o corregedor da Câmara, o responsável por julgar os seus pares. Ponto para a imprensa.
É preciso, no entanto, analisar um pouco mais detidamente o caso de Edmar e seu Castelo Monalisa porque ele revela não apenas virtudes da mídia, mas também vários pecados.
Caso antigo
Em primeiro lugar, a história do castelo não é nova. Foi publicada na revista Veja em 25/8/1999, ou seja, quase dez anos atrás, conforme atesta a matéria reproduzida ao final deste artigo, na edição impressa ilustrada com foto da glamourosa edificação. Na época, Edmar Moreira estava no PPB de Paulo Maluf após ter obtido um mandato pelo PRN de Fernando Collor. Depois do PPB, mudou para o extinto PL e em 2005 ingressou no PFL, atual Democratas. Um camaleão.
O primeiro pecado da imprensa que aparece neste caso é o de deixar uma denúncia dessa magnitude sem acompanhamento por longos dez anos. Nesse período, Edmar sempre foi deputado federal, mas jamais almejou cargos na Mesa Diretora – procurou uma atuação discreta no parlamento. Não foi incomodado pela mídia e acabou recebido de braços abertos pelos mesmos líderes pefelistas que agora posam de virgens de bordel e bradam pela expulsão do deputado. Nem podem dizer que não sabiam de nada, como costuma fazer o presidente Lula: a matéria da Veja saiu seis anos antes de Edmar se filiar ao PFL.
A segunda questão negativa a ser apontada é na verdade conseqüência da primeira: se o leitor prestar atenção, nos meios políticos a maior parte das denúncias de corrupção, malversação do dinheiro público, sonegação fiscal e outros delitos só aparece quando o acusado ascende a algum cargo de maior relevância, isto é, quando começa a disputar poder. A razão para isso é muito simples: em geral, a mídia não investiga coisa alguma, as denúncias chegam redondinhas, das mãos de quem tem interesse direto na desgraça do acusado. No caso de Edmar, aparentemente a acusação partiu do próprio DEM, que ficou insatisfeito, para usar um termo civilizado, com a candidatura do deputado em detrimento da que havia sido lançada oficialmente pela legenda, do paraense Vic Pires.
Apuração incompleta
No fundo, a pergunta que não quer calar é simples: quantos “Edmar Moreiras” existem na Câmara Federal, ocultos, discretos, invisíveis, fora do alcance “investigativo” da mídia brasileira? Por que a imprensa não começa um trabalho de apuração verdadeira sobre os representantes do povo, seja na Câmara Federal, Senado, assembléias legislativas e câmaras municipais? Como reza o ditado, prevenir é melhor do que remediar.
Se os jornalistas só investigam denúncias que chegam de mão beijada e quando há interesse de algum adversário político do denunciado (para ficar nos casos recentes, foi assim com os peemedebistas Romero Jucá, Renan Calheiros, Jader Barbalho; foi assim no início do escândalo do mensalão e em outros tantos episódios que nem vale a pena lembrar, a lista superaria em tamanho este artigo); e desse comportamento resulta uma sociedade apenas parcialmente informada sobre as mazelas do sistema político do país.
Aliás, é só reparar na falta de acompanhamento da imprensa dos casos recentemente denunciados, alguns deles aqui assinalados, para perceber que essa história de publicar denúncias com estardalhaço, recebida das mãos sabe-se lá de quem (a alegação do sigilo da fonte é vez por outra utilizada malandramente para evitar a informação de que as acusações, muitas vezes gravações ou documentos recebidos de forma ilegal, partiram de rivais), é regra e não exceção. Depois que o acusado renuncia e se retira para a planície (ou pântano), a imprensa esfrega as mãos, dá a missão por cumprida e deixa o assunto morrer no esquecimento.
Pecados à parte, a grande virtude do comportamento da mídia que emerge do caso Edmar Moreira é na verdade a sua razão de existir: com a fiscalização dos meios de comunicação, episódios como o do deputado do castelo são expostos ao exame consciencioso da opinião pública, que de uma forma ou de outra reage. No final desse processo, há uma depuração, lenta, é verdade, da jovem democracia brasileira. Apesar de todas as falhas e imperfeições, a imprensa cumpre a função de ajudar no fortalecimento das instituições, o que é salutar.
No caso analisado aqui, o deputado do castelo ficou sem o cargo para o qual foi eleito por seus pares, é bom lembrar, deve mudar de partido político em conseqüência da confusão toda e provavelmente terá uma certa dificuldade em concretizar a venda do Monalisa – afinal, a publicidade obtida não foi exatamente positiva. É certo que Moreira deve estar hoje arrependido de ter disputado a eleição da Mesa pelo “vício insanável da amizade”. Saiu mais caro do que ele imaginava.
***
Vale do Loire? Não, Minas Gerais
Daniella Camargos, de São João Nepucemo # reproduzido de Veja, 25/08/1999
“Deputado constrói em cidade do interior castelo do tamanho de um palácio medieval
O dono chama-se Edmar Batista Moreira. Aos 59 anos, é um ex-capitão da Polícia Militar que, da noite para o dia, se transformou em empresário bem-sucedido e deputado federal. A dona é Júlia Fernandes, de 52 anos, nascida de uma família humilde. O casal é proprietário de um fabuloso castelo no interior de Minas Gerais. São 7.500 metros quadrados de área construída (maior que o Castelo de Neuschwanstein, nos Alpes da Baviera, que inspirou o castelo da Cinderela de Walt Disney), 32 suítes, dezoito salas, oito torres, 275 janelas, uma piscina com cascata, fontes e espelhos d´água. Fica no distrito de Carlos Alves, vilarejo de pouco mais de 1.000 habitantes e 300 casas, no município de São João Nepomuceno, a 70 quilômetros de Juiz de Fora.
O castelo de Edmar e Júlia nasceu de um desejo dela. A mulher do deputado ficou enciumada quando um irmão de Edmar, Elmar, comprou a fazenda mais bonita da região. `Se eles têm a melhor fazenda, então eu quero um castelo´, teria dito. O `capitão Edmar´, como é conhecido, não poupou esforços e criatividade para superar o irmão. Estima-se que, em doze anos de obras, a construção tenha consumido 10 milhões de reais – mais do que o preço de muitos castelos de verdade no interior da França. Agora, pronto em todo seu esplendor, o palácio serve de casa de campo para o casal passar os fins de semana e receber eventuais convidados. Entre eles lá esteve, em 1993, o então presidente da República, Itamar Franco.
Entra-se no castelo dos Moreira por um enorme portão de ferro. De lá, uma sinuosa estrada de 4 quilômetros percorre o quintal de 8 milhões de metros quadrados e leva até a casa. Ao longo de suas curvas, postes metálicos sustentam luminárias e caixas de som. Das oito torres do castelo, a mais alta é a que abriga no topo a suíte do casal, com 110 metros quadrados. Tem 47 metros de altura, igual a um prédio de treze andares. Cada uma das 32 suítes conta com quatro cômodos: quarto, sala de estar, closet e banheiro. O castelo está equipado, ainda, com uma cozinha industrial capaz de atender 200 pessoas, dois elevadores, sistema de aquecimento central, uma capela e um anexo de lazer, com sauna, salão de jogos e de ginástica. Também possui uma adega subterrânea climatizada, com capacidade para 8 000 garrafas. As quase três centenas de janelas são feitas de madeira sucupira. As escadarias são de granito escuro.
Filho de um carteiro de Juiz de Fora e de uma professora primária, Edmar Moreira foi criado entre oito irmãos. Influenciado pelo pai, ingressou na Polícia Militar e chegou ao posto de capitão. Sua carreira militar foi interrompida por um episódio que escandalizou a sociedade juiz-forana. Em 1968, em uma festa de réveillon no Clube D. Pedro II, ao saber que um rapaz se havia engraçado com sua mulher, Moreira foi buscá-lo em casa. Ele obrigou o moço a entrar de pijama na festa, escoltado por policiais, e humilhou-o na frente de todos. Acusado de `abuso de autoridade´, o capitão foi punido e afastado da ativa. Três anos depois, formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Com o diploma na mala, mudou-se para São Paulo, onde fundou uma empresa na área de segurança. Começou a enriquecer. Hoje tem três companhias no ramo. Segundo um dossiê elaborado por um desafeto seu e entregue anonimamente no ano passado à Polícia Federal e ao ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, o enriquecimento de Moreira foi turbinado por algumas falcatruas. O relatório garante que o ex-capitão não paga o FGTS de seus empregados e sonega imposto de renda, INSS e ISS. O dossiê revela ainda que suas empresas mantêm um endereço de fachada em Pilar do Sul, interior de São Paulo, para escapar da tributação da prefeitura paulistana. Procurado por VEJA na semana passada, o deputado recusou-se a conversar com a reportagem.
Moreira tem dois mandatos como deputado federal, o primeiro pelo PRN de Fernando Collor e o segundo pelo PPB de Paulo Maluf. Apresentou cinco projetos, um deles propondo aumento de salário aos policiais militares. Além do castelo, é dono de um apartamento tríplex no bairro de Higienópolis, em São Paulo, onde mora, de uma mansão no Guarujá, no litoral paulista, de outra em Coronel Pacheco, terra natal de Júlia, e de vários imóveis em Juiz de Fora. Nenhum dos imóveis, porém, é motivo de tanto orgulho e zelo por parte do deputado quanto seu castelo. O deputado não permite sequer que o fotografem. Os incautos que se aproximam para usar o monumento como pano de fundo de fotos de debutantes e noivas são expulsos das cercanias pelos seguranças e, com freqüência, têm os filmes confiscados. Quer dizer, na arquitetura o ex-PM Moreira se imagina um príncipe. No comportamento, age como coronel do sertão.
Edmar Moreira (DEM-MG), o deputado do castelo, não durou uma semana na segunda vice-presidência da Câmara Federal em função da péssima repercussão da denúncia de que ele seria o dono da nababesca propriedade que apareceu com todas as cores nos jornais, revistas e em programas de televisão.
Se não fosse a exposição na mídia dos estranhos negócios de Edmar, portanto, é possível que o deputado continuasse a ser, pasmem, o corregedor da Câmara, o responsável por julgar os seus pares. Ponto para a imprensa.
É preciso, no entanto, analisar um pouco mais detidamente o caso de Edmar e seu Castelo Monalisa porque ele revela não apenas virtudes da mídia, mas também vários pecados.
Caso antigo
Em primeiro lugar, a história do castelo não é nova. Foi publicada na revista Veja em 25/8/1999, ou seja, quase dez anos atrás, conforme atesta a matéria reproduzida ao final deste artigo, na edição impressa ilustrada com foto da glamourosa edificação. Na época, Edmar Moreira estava no PPB de Paulo Maluf após ter obtido um mandato pelo PRN de Fernando Collor. Depois do PPB, mudou para o extinto PL e em 2005 ingressou no PFL, atual Democratas. Um camaleão.
O primeiro pecado da imprensa que aparece neste caso é o de deixar uma denúncia dessa magnitude sem acompanhamento por longos dez anos. Nesse período, Edmar sempre foi deputado federal, mas jamais almejou cargos na Mesa Diretora – procurou uma atuação discreta no parlamento. Não foi incomodado pela mídia e acabou recebido de braços abertos pelos mesmos líderes pefelistas que agora posam de virgens de bordel e bradam pela expulsão do deputado. Nem podem dizer que não sabiam de nada, como costuma fazer o presidente Lula: a matéria da Veja saiu seis anos antes de Edmar se filiar ao PFL.
A segunda questão negativa a ser apontada é na verdade conseqüência da primeira: se o leitor prestar atenção, nos meios políticos a maior parte das denúncias de corrupção, malversação do dinheiro público, sonegação fiscal e outros delitos só aparece quando o acusado ascende a algum cargo de maior relevância, isto é, quando começa a disputar poder. A razão para isso é muito simples: em geral, a mídia não investiga coisa alguma, as denúncias chegam redondinhas, das mãos de quem tem interesse direto na desgraça do acusado. No caso de Edmar, aparentemente a acusação partiu do próprio DEM, que ficou insatisfeito, para usar um termo civilizado, com a candidatura do deputado em detrimento da que havia sido lançada oficialmente pela legenda, do paraense Vic Pires.
Apuração incompleta
No fundo, a pergunta que não quer calar é simples: quantos “Edmar Moreiras” existem na Câmara Federal, ocultos, discretos, invisíveis, fora do alcance “investigativo” da mídia brasileira? Por que a imprensa não começa um trabalho de apuração verdadeira sobre os representantes do povo, seja na Câmara Federal, Senado, assembléias legislativas e câmaras municipais? Como reza o ditado, prevenir é melhor do que remediar.
Se os jornalistas só investigam denúncias que chegam de mão beijada e quando há interesse de algum adversário político do denunciado (para ficar nos casos recentes, foi assim com os peemedebistas Romero Jucá, Renan Calheiros, Jader Barbalho; foi assim no início do escândalo do mensalão e em outros tantos episódios que nem vale a pena lembrar, a lista superaria em tamanho este artigo); e desse comportamento resulta uma sociedade apenas parcialmente informada sobre as mazelas do sistema político do país.
Aliás, é só reparar na falta de acompanhamento da imprensa dos casos recentemente denunciados, alguns deles aqui assinalados, para perceber que essa história de publicar denúncias com estardalhaço, recebida das mãos sabe-se lá de quem (a alegação do sigilo da fonte é vez por outra utilizada malandramente para evitar a informação de que as acusações, muitas vezes gravações ou documentos recebidos de forma ilegal, partiram de rivais), é regra e não exceção. Depois que o acusado renuncia e se retira para a planície (ou pântano), a imprensa esfrega as mãos, dá a missão por cumprida e deixa o assunto morrer no esquecimento.
Pecados à parte, a grande virtude do comportamento da mídia que emerge do caso Edmar Moreira é na verdade a sua razão de existir: com a fiscalização dos meios de comunicação, episódios como o do deputado do castelo são expostos ao exame consciencioso da opinião pública, que de uma forma ou de outra reage. No final desse processo, há uma depuração, lenta, é verdade, da jovem democracia brasileira. Apesar de todas as falhas e imperfeições, a imprensa cumpre a função de ajudar no fortalecimento das instituições, o que é salutar.
No caso analisado aqui, o deputado do castelo ficou sem o cargo para o qual foi eleito por seus pares, é bom lembrar, deve mudar de partido político em conseqüência da confusão toda e provavelmente terá uma certa dificuldade em concretizar a venda do Monalisa – afinal, a publicidade obtida não foi exatamente positiva. É certo que Moreira deve estar hoje arrependido de ter disputado a eleição da Mesa pelo “vício insanável da amizade”. Saiu mais caro do que ele imaginava.
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Vale do Loire? Não, Minas Gerais
Daniella Camargos, de São João Nepucemo # reproduzido de Veja, 25/08/1999
“Deputado constrói em cidade do interior castelo do tamanho de um palácio medieval
O dono chama-se Edmar Batista Moreira. Aos 59 anos, é um ex-capitão da Polícia Militar que, da noite para o dia, se transformou em empresário bem-sucedido e deputado federal. A dona é Júlia Fernandes, de 52 anos, nascida de uma família humilde. O casal é proprietário de um fabuloso castelo no interior de Minas Gerais. São 7.500 metros quadrados de área construída (maior que o Castelo de Neuschwanstein, nos Alpes da Baviera, que inspirou o castelo da Cinderela de Walt Disney), 32 suítes, dezoito salas, oito torres, 275 janelas, uma piscina com cascata, fontes e espelhos d´água. Fica no distrito de Carlos Alves, vilarejo de pouco mais de 1.000 habitantes e 300 casas, no município de São João Nepomuceno, a 70 quilômetros de Juiz de Fora.
O castelo de Edmar e Júlia nasceu de um desejo dela. A mulher do deputado ficou enciumada quando um irmão de Edmar, Elmar, comprou a fazenda mais bonita da região. `Se eles têm a melhor fazenda, então eu quero um castelo´, teria dito. O `capitão Edmar´, como é conhecido, não poupou esforços e criatividade para superar o irmão. Estima-se que, em doze anos de obras, a construção tenha consumido 10 milhões de reais – mais do que o preço de muitos castelos de verdade no interior da França. Agora, pronto em todo seu esplendor, o palácio serve de casa de campo para o casal passar os fins de semana e receber eventuais convidados. Entre eles lá esteve, em 1993, o então presidente da República, Itamar Franco.
Entra-se no castelo dos Moreira por um enorme portão de ferro. De lá, uma sinuosa estrada de 4 quilômetros percorre o quintal de 8 milhões de metros quadrados e leva até a casa. Ao longo de suas curvas, postes metálicos sustentam luminárias e caixas de som. Das oito torres do castelo, a mais alta é a que abriga no topo a suíte do casal, com 110 metros quadrados. Tem 47 metros de altura, igual a um prédio de treze andares. Cada uma das 32 suítes conta com quatro cômodos: quarto, sala de estar, closet e banheiro. O castelo está equipado, ainda, com uma cozinha industrial capaz de atender 200 pessoas, dois elevadores, sistema de aquecimento central, uma capela e um anexo de lazer, com sauna, salão de jogos e de ginástica. Também possui uma adega subterrânea climatizada, com capacidade para 8 000 garrafas. As quase três centenas de janelas são feitas de madeira sucupira. As escadarias são de granito escuro.
Filho de um carteiro de Juiz de Fora e de uma professora primária, Edmar Moreira foi criado entre oito irmãos. Influenciado pelo pai, ingressou na Polícia Militar e chegou ao posto de capitão. Sua carreira militar foi interrompida por um episódio que escandalizou a sociedade juiz-forana. Em 1968, em uma festa de réveillon no Clube D. Pedro II, ao saber que um rapaz se havia engraçado com sua mulher, Moreira foi buscá-lo em casa. Ele obrigou o moço a entrar de pijama na festa, escoltado por policiais, e humilhou-o na frente de todos. Acusado de `abuso de autoridade´, o capitão foi punido e afastado da ativa. Três anos depois, formou-se em direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Com o diploma na mala, mudou-se para São Paulo, onde fundou uma empresa na área de segurança. Começou a enriquecer. Hoje tem três companhias no ramo. Segundo um dossiê elaborado por um desafeto seu e entregue anonimamente no ano passado à Polícia Federal e ao ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, o enriquecimento de Moreira foi turbinado por algumas falcatruas. O relatório garante que o ex-capitão não paga o FGTS de seus empregados e sonega imposto de renda, INSS e ISS. O dossiê revela ainda que suas empresas mantêm um endereço de fachada em Pilar do Sul, interior de São Paulo, para escapar da tributação da prefeitura paulistana. Procurado por VEJA na semana passada, o deputado recusou-se a conversar com a reportagem.
Moreira tem dois mandatos como deputado federal, o primeiro pelo PRN de Fernando Collor e o segundo pelo PPB de Paulo Maluf. Apresentou cinco projetos, um deles propondo aumento de salário aos policiais militares. Além do castelo, é dono de um apartamento tríplex no bairro de Higienópolis, em São Paulo, onde mora, de uma mansão no Guarujá, no litoral paulista, de outra em Coronel Pacheco, terra natal de Júlia, e de vários imóveis em Juiz de Fora. Nenhum dos imóveis, porém, é motivo de tanto orgulho e zelo por parte do deputado quanto seu castelo. O deputado não permite sequer que o fotografem. Os incautos que se aproximam para usar o monumento como pano de fundo de fotos de debutantes e noivas são expulsos das cercanias pelos seguranças e, com freqüência, têm os filmes confiscados. Quer dizer, na arquitetura o ex-PM Moreira se imagina um príncipe. No comportamento, age como coronel do sertão.
Basta entrar hoje numa redação de jornal (como fiz meses atrás), ou ter amigo que trabalhe numa delas, para saber que a maioria faz pesquisa não de "fatos da realidade, mas faz sequência do que saiu ontem ou no máximo anteontem na imprensa. Preguiça, baixos salários, falta de estímulo da direção, baixa formação universitária, incompetência mesmo.
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