Está muito bom o artigo abaixo, do jornalista Alberto Dines, para o Observatório da Imprensa. Curto e direto ao ponto.
A página mundana da Folha de S.Paulo de domingo (8/2) foi concebida para os leitores do East Side de Manhattan. Mas a sua origem está em Versalhes, fim do século 18.
A matéria sob o título "Crise? Credo!" ("Ilustrada", pág. E-2) é um primor: combina a caipirice paulistana, a pobreza intelectual das zelites, o vazio do vanguardismo jornalístico e a enorme, incomensurável, vocação suicida da mídia impressa.
Quatro patricinhas casadas (ou namoradas ou o que seja) com quatro mauricinhos do mercado financeiro contam num chiquérrimo bar de S. Paulo, com champanhotas na mão, os "efeitos da quebradeira internacional em seu relacionamento conjugal".
Primeira pergunta: quem pagou a conta desse do festival de besteiras – o jornal, as esfuziantes senhoras ou foi matéria de favor? Isso é muito importante: se o jornal pagou, está jogando fora um dinheiro que poderia render mais leitores se aplicado no caderno de polícia. Se as ditas-cujas pagaram a conta, não estão tão quebradas – a matéria é, pois, uma "cascata". Se o bar nada cobrou, é picaretagem.
Segunda pergunta: as moçoilas (idade média: 30,5 anos) estão devidamente identificadas. E o nome dos respectivos? O que elas fazem, pensam ou sentem não tem a menor importância (tem alguma, vá lá...). O que interessa ao leitor da Folha é saber quem são os cônjuges.
Terceira pergunta: se estes golden boys das finanças internacionais estão quebrados é porque viviam dentro das bolhas. E as bolhas eram infladas pelos bônus. E quem pagava esses bônus eram os depositantes lesados. Os leitores da Folha não têm o direito de saber quem são estes quatro cavalheiros do Apocalipse que perderam uma grana preta e lesaram uma multidão de investidores?
Quarta pergunta: a matéria não lembra o clima doidivanas de Marie Antoinette filmado por Sofia Coppola?
Quinta pergunta: quem vai perder a cabeça?
A página mundana da Folha de S.Paulo de domingo (8/2) foi concebida para os leitores do East Side de Manhattan. Mas a sua origem está em Versalhes, fim do século 18.
A matéria sob o título "Crise? Credo!" ("Ilustrada", pág. E-2) é um primor: combina a caipirice paulistana, a pobreza intelectual das zelites, o vazio do vanguardismo jornalístico e a enorme, incomensurável, vocação suicida da mídia impressa.
Quatro patricinhas casadas (ou namoradas ou o que seja) com quatro mauricinhos do mercado financeiro contam num chiquérrimo bar de S. Paulo, com champanhotas na mão, os "efeitos da quebradeira internacional em seu relacionamento conjugal".
Primeira pergunta: quem pagou a conta desse do festival de besteiras – o jornal, as esfuziantes senhoras ou foi matéria de favor? Isso é muito importante: se o jornal pagou, está jogando fora um dinheiro que poderia render mais leitores se aplicado no caderno de polícia. Se as ditas-cujas pagaram a conta, não estão tão quebradas – a matéria é, pois, uma "cascata". Se o bar nada cobrou, é picaretagem.
Segunda pergunta: as moçoilas (idade média: 30,5 anos) estão devidamente identificadas. E o nome dos respectivos? O que elas fazem, pensam ou sentem não tem a menor importância (tem alguma, vá lá...). O que interessa ao leitor da Folha é saber quem são os cônjuges.
Terceira pergunta: se estes golden boys das finanças internacionais estão quebrados é porque viviam dentro das bolhas. E as bolhas eram infladas pelos bônus. E quem pagava esses bônus eram os depositantes lesados. Os leitores da Folha não têm o direito de saber quem são estes quatro cavalheiros do Apocalipse que perderam uma grana preta e lesaram uma multidão de investidores?
Quarta pergunta: a matéria não lembra o clima doidivanas de Marie Antoinette filmado por Sofia Coppola?
Quinta pergunta: quem vai perder a cabeça?
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