No Terra Magazine, o deputado Paulo Renato (PSDB-SP), ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso, explica por que foi criada uma dissidência na bancada tucana na Câmara Federal. Pelo que se pode ler na matéria, esta briga vai longe...
Paulo Renato: Anibal faz declarações "prepotentes"
Claudio Leal
O fosso aberto pela reeleição do deputado federal José Aníbal na liderança da bancada do PSDB, na Câmara, segue a tragar os cardeais tucanos. Um dos líderes da ala dissidente, batizada de "Movimento Unidade, Democracia e Ética", o deputado Paulo Renato Souza confirma o caminho independente de 19 parlamentares insatisfeitos com a mudança das regras na vitória de Aníbal. "Há, sim, um racha", declara o ex-ministro da Educação a Terra Magazine.
Uma norma da bancada, aprovada em 15 de outubro de 2008, vedava a reeleição. Foi modificada de última hora. Em entrevista, o líder José Aníbal classificou a dissidência como um "inconformismo" de quem não soube empolgar os colegas de partido. Ponderou que a mudança do estatuto recebeu a aprovação da maioria. Paulo Renato não identifica recuos no outro lado da ponte. Vê prepotência nas justificativas do líder recém-empossado.
- Não houve nenhuma manifestação. Da parte dele (José Aníbal), só declarações prepotentes à imprensa. Nós estamos seguros, vamos manter o movimento de independência em relação à liderança. Vamos manter uma atuação parlamentar baseada nos princípios do PSDB, nos pontos programáticos do partido. Vamos atuar conjuntamente - sem líder, mas de forma conjunta.
O bloco dos descontentes ainda não se reuniu com o presidente de honra do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Não liguei para ele. Quisemos preservá-lo. Mas vamos ter uma reunião na próxima semana", diz Paulo Renato.
Prefere também distanciar o governador de São Paulo, José Serra, do núcleo da disputa. "Posso garantir que ele não se envolveu em nada disso". E o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, aliado de Aníbal e concorrente de Serra na definição do candidato para a campanha presidencial de 2010? "Aí, não sei... Não posso afirmar". Quanto à movimentação da bancada mineira, dá um voto de confiança: "Pode ser uma coincidência". Só não admite a virada repentina das normas da liderança.
Entre os integrantes do movimento, os deputados Walter Feldman, Arnaldo Madeira, Emanuel Fernandes e Jutahy Magalhães, de plumagem identificada com Serra. Além destes, Gustavo Fruet, que assume posições mais autônomas.
- A maioria não pode mudar as regras. Senão você passa a ter uma ditadura, e não uma democracia. Democracia é um regime onde as regras têm que ser respeitadas, porque aí as minorias têm vez e voz. Você não pode mudar as normas na noite da eleição. Ele disse que podia mudar até cinco minutos antes da eleição... Não pode. Fere uma tradição do nosso partido. Imagine um Mario Covas, Montoro, José Roberto Magalhães Teixeira ou Richa, mudando regras pra se reeleger. Uma coisa tão estapafúrdia... - ataca Paulo Renato, que chegou a submeter o próprio nome à sucessão.
O deputado peessedebista prossegue a argumentação:
- É a mesma coisa que fazer alguma coisa baseado na Constituição de 1946! Você acha correto, democrático? "Ah, a Constituição é de 46, de 37...". Por que então não retomar a "Polaca" (Carta de veio autoritário do governo Getúlio Vargas, em 1934)?
O grupo pede a reversão do processo de escolha do líder do PSDB. Sem isso, o diálogo será escasso e amargo. Envenenado, já está.
Paulo Renato: Anibal faz declarações "prepotentes"
Claudio Leal
O fosso aberto pela reeleição do deputado federal José Aníbal na liderança da bancada do PSDB, na Câmara, segue a tragar os cardeais tucanos. Um dos líderes da ala dissidente, batizada de "Movimento Unidade, Democracia e Ética", o deputado Paulo Renato Souza confirma o caminho independente de 19 parlamentares insatisfeitos com a mudança das regras na vitória de Aníbal. "Há, sim, um racha", declara o ex-ministro da Educação a Terra Magazine.
Uma norma da bancada, aprovada em 15 de outubro de 2008, vedava a reeleição. Foi modificada de última hora. Em entrevista, o líder José Aníbal classificou a dissidência como um "inconformismo" de quem não soube empolgar os colegas de partido. Ponderou que a mudança do estatuto recebeu a aprovação da maioria. Paulo Renato não identifica recuos no outro lado da ponte. Vê prepotência nas justificativas do líder recém-empossado.
- Não houve nenhuma manifestação. Da parte dele (José Aníbal), só declarações prepotentes à imprensa. Nós estamos seguros, vamos manter o movimento de independência em relação à liderança. Vamos manter uma atuação parlamentar baseada nos princípios do PSDB, nos pontos programáticos do partido. Vamos atuar conjuntamente - sem líder, mas de forma conjunta.
O bloco dos descontentes ainda não se reuniu com o presidente de honra do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Não liguei para ele. Quisemos preservá-lo. Mas vamos ter uma reunião na próxima semana", diz Paulo Renato.
Prefere também distanciar o governador de São Paulo, José Serra, do núcleo da disputa. "Posso garantir que ele não se envolveu em nada disso". E o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, aliado de Aníbal e concorrente de Serra na definição do candidato para a campanha presidencial de 2010? "Aí, não sei... Não posso afirmar". Quanto à movimentação da bancada mineira, dá um voto de confiança: "Pode ser uma coincidência". Só não admite a virada repentina das normas da liderança.
Entre os integrantes do movimento, os deputados Walter Feldman, Arnaldo Madeira, Emanuel Fernandes e Jutahy Magalhães, de plumagem identificada com Serra. Além destes, Gustavo Fruet, que assume posições mais autônomas.
- A maioria não pode mudar as regras. Senão você passa a ter uma ditadura, e não uma democracia. Democracia é um regime onde as regras têm que ser respeitadas, porque aí as minorias têm vez e voz. Você não pode mudar as normas na noite da eleição. Ele disse que podia mudar até cinco minutos antes da eleição... Não pode. Fere uma tradição do nosso partido. Imagine um Mario Covas, Montoro, José Roberto Magalhães Teixeira ou Richa, mudando regras pra se reeleger. Uma coisa tão estapafúrdia... - ataca Paulo Renato, que chegou a submeter o próprio nome à sucessão.
O deputado peessedebista prossegue a argumentação:
- É a mesma coisa que fazer alguma coisa baseado na Constituição de 1946! Você acha correto, democrático? "Ah, a Constituição é de 46, de 37...". Por que então não retomar a "Polaca" (Carta de veio autoritário do governo Getúlio Vargas, em 1934)?
O grupo pede a reversão do processo de escolha do líder do PSDB. Sem isso, o diálogo será escasso e amargo. Envenenado, já está.
Acho esse "racha" se deve, em boa parte, à popularidade de Lula e à falta de opção dos demotucanos.
ResponderExcluirQuando o navio começa a fazer água, acontecem as brigas para garantir lugar nos botes salva-vidas.