Pular para o conteúdo principal

Aliados, peró no mucho...

A nota reproduzida abaixo é do jornalista Lauro Jardim, da revista Veja, e faz bastante sentido. Colunistas da grande imprensa dão de barato a chapa Serra presidente, Alckmin governador de São Paulo, Quércia senador. Alguns incluem o democrata Guilherme Afif também como candidato a senador. O problema é que a conta não fecha.

Quércia exige exclusividade na candidatura ao Senado - sim, serão duas as vagas em disputa, mas se a aliança PSDB-DEM-PMDB lançar outro nome forte, as chances do ex-governador se eleger seriam obviamente reduzidas, pois ele teria que disputar votos no mesmo campo do eleitorado. Já a candidatura de Geraldo Alckmin ao governo é o sonho dos... alckministas, que tentam criar um fato consumado, como fizeram, comtotal sucesso, em 2006.

Mesmo a candidatura de Serra não pode ser considerada favas contadas, pois Aécio Neves não é nenhum júnior da política e vai criar embaraços até a definição do nome tucano que concorrerá em 2010 à presidência. E do lado do DEM, Gilberto Kassab e mesmo Afif Domingos são nomes bem interessantes para a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Este blog não consulta videntes, mas acredita que Kassab vai acabar aceitando o "chamado das bases" e disputará o governo. Com apoio, é claro, de Serra. Isto só não acontecerá se o atual governador perder a parada para Aécio e concorrer à reeleição.

Mas a aposta mais ousada do Entrelinhas é a de que Aécio será, sim, candidato, mas não pelo PSDB e tampouco pelo PMDB. Há uma consulta ao TSE sobre a possiblidade de políticos fundarem um novo partido e levarem consigo o tempo na televisão e o reparte do Fundo Partidário. Aécio é hábil, teria todas as condições de criar uma nova agremiação e trazer deputados do PMDB, PDT, PSB e do próprio PSDB.

Com uma bancada de 100 parlamentares, é possível sonhar em concorrer em pé de igualdade com os demais candidatos, Serra incluído. O governador mineiro sairia com muito mais votos em seu Estado do que Serra em São Paulo. E contaria com a simpatia discreta do presidente Lula, o que também ajuda bastante.

Tudo somado, muita água vai rolar debaixo da ponte até janeiro do próximo ano, quando o cenário deverá começar a ficar mais claro. Mesmo no front petista é cedo para dizer que a ministra Dilma Rousseff defenderá o governo federal nas urnas em 2010, embora sem dúvida a cada dia que passa a candidatura da chefe da Casa Civil esteja mais consolidada.
A seguir, a nota de Lauro Jardim:

Rolo paulista
Se o ingresso de Geraldo Alckmin no secretariado de José Serra serviu como trunfo para o governador paulista no âmbito nacional, regionalmente a situação tem se complicado. Aliados de Alckmin têm apresentado a prefeitos do interior do estado uma pesquisa que mostra o ex-governador liderando as intenções de votos na disputa ao Palácio dos Bandeirantes em 2010.

Para não deixar o assunto prosperar, o Democratas já fez chegar aos alckmistas que o compromisso de apoiar os tucanos em São Paulo se restringe ao nome de Aloysio Nunes Ferreira. Se Alckmin se tornar o candidato do PSDB, o DEM promete lançar na disputa Gilberto Kassab, que derrotou o tucano no ano passado.

Comentários

  1. Luiz, acho que tem jornalista "de nome" que vai ser demitido... Tirando as até engraçadas baboseiras da análise que faz (como a insinuação de que Serra é esquerdista, que no fundo defende os movimentos sociais, mas é tomado pelos malvados instintos do ex-PFL... oh, coitado!, é uma alma boa, mas contaminada por esse mundo cruel!), Kennedy Alencar cometeu esse deslize ao final de seu texto: "[Serra] ainda mantém uma certa tendência autoritária a querer controlar o noticiário, a tentar evitar perguntas embaraçosas, a editar jornais, rádios e TVs".

    ResponderExcluir
  2. A questão primeira é saber quais as regras do jogo. Porque se permanecer o entendimento do TSE (q foi válido para as presidenciais de 2006) de que aliados nacionalmente não poderão se aliar aos adversários no plano regional, a candidatura Quercia senador corre sérios riscos caso o PMDB forneça o vice da Dilma. Nesse caso, Quercia não poderia contar com o apoio tucano nem democrata.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Um pai

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, morreu vivendo. Morreu criando novas lembranças. Morreu não deixando o câncer levar a sua vontade de resistir.  Mesmo em estado grave, mesmo em tratamento oncológico, juntou todas as suas forças para assistir ao jogo do seu time Santos, na final da Libertadores, no Maracanã, ao lado do filho.  Foi aquela loucura por carinho a alguém, superando o desgaste da viagem e o suor frio dos remédios.  Na época, ele acabou criticado nas redes sociais por ter se exposto. Afinal, o que é o futebol perto da morte?  Nada, mas não era somente futebol, mas o amor ao seu adolescente Tomás, de 15 anos, cultivado pela torcida em comum. Não vibravam unicamente pelos jogadores, e sim pela amizade invencível entre eles, escreve Fabrício Carpinejar em texto publicado nas redes sociais. Linda homenagem, vale muito a leitura, continua a seguir.  Nos noventa minutos, Bruno Covas defendia o seu legado, a sua memória antes do adeus definitivo, para que s...

Dica da Semana: Tarso de Castro, 75k de músculos e fúria, livro

Tom Cardoso faz justiça a um grande jornalista  Se vivo estivesse, o gaúcho Tarso de Castro certamente estaria indignado com o que se passa no Brasil e no mundo. Irreverente, gênio, mulherengo, brizolista entusiasmado e sobretudo um libertário, Tarso não suportaria esses tempos de ascensão de valores conservadores. O colunista que assina esta dica decidiu ser jornalista muito cedo, aos 12 anos de idade, justamente pela admiração que nutria por Tarso, então colunista da Folha de S. Paulo. Lia diariamente tudo que ele escrevia, nem sempre entendia algumas tiradas e ironias, mas acompanhou a trajetória até sua morte precoce, em 1991, aos 49 anos, de cirrose hepática, decorrente, claro, do alcoolismo que nunca admitiu tratar. O livro de Tom Cardoso recupera este personagem fundamental na história do jornalismo brasileiro, senão pela obra completa, mas pelo fato de ter fundado, em 1969, o jornal Pasquim, que veio a se transformar no baluarte da resistência à ditadura militar no perío...

Dica da semana: Nine Perfect Strangers, série

Joia no Prime traz drama perturbador que consagra Nicole Kidman  Dizer que o tempo não passou para Nicole Kidman seria tão leviano quanto irresponsável. E isso é bom. No charme (ainda fatal) de seus 54 anos, a australiana mostra que tem muita lenha para queimar e escancara o quanto as décadas de experiência lhe fizeram bem, principalmente para composição de personagens mais complexas e maduras. Nada de gatinhas vulneráveis. Ancorando a nova série Nine Perfect Strangers, disponível na Amazon Prime Video, a eterna suicide blonde de Hollywood – ok, vamos dividir o posto com Sharon Stone – empresta toda sua aura de diva para dar vida à mística Masha, uma espécie de guru dos novos tempos que desenvolveu uma técnica terapêutica polêmica, pouco acessível e para lá de exclusiva. Em um lúdico e misterioso retiro, a “Tranquillum House”, a exotérica propõe uma nova abordagem de tratamento para condições mentais e psicossociais manifestadas de diferentes formas em cada um dos nove estranhos, “...