
Quando a eleição de 1° de outubro acabou e o resultado indicou a realização de segundo turno, muita gente imaginou que o debate desta noite, na TV Globo, seria o ápice de uma campanha tensa e dramática. Chegou a hora do derradeiro encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin e o clima é bem outro – a impressão que se tem é que ninguém está ligando a mínima para o debate. É óbvio que nenhum dos dois candidatos pode errar demais, porém, como observou o prefeito Cesar Maia em seu ex-blog, já não há tempo para uma mudança significativa de opinião no eleitorado. No fundo, o debate vai servir para os dois lados marcarem algumas posições: Alckmin pode tanto manter a postura "Mike Tyson" e sinalizar que pretende disputar o tal "terceiro turno" ou então amainar o discurso e falar para o seu público interno, inaugurando assim a guerra pela presidência do PSDB. Lula, de sua parte, também poderá mandar recados ou pistas sobre o comportamento de seu governo no próximo mandato. Neste final de campanha, ele talvez tenha ido mais à esquerda do que pretendia e, portanto, alguma concessão para a esquerda terá que ser feita, mesmo a contragosto. Por outro lado, é provável que o presidente sinalize, muito nas entrelinhas, "mais do mesmo" da política econômica ortodoxa que vem adotando. Tudo somado, a eleição provavelmente não muda nada com o debate de hoje e o Brasil muda quase nada com a eleição deste ano. A confirmar.
Como "o Brasil muda quase nada com a eleição deste ano"? A grande mídia quase totalmente desacreditada, o definhamento do PFL (este sim, "sangrou"), o PSDB tendo que "buscar o povo" que sempre desprezou, o PT que ia acabar e não acabou, um presidente que "ia sangrar" até definhar e que provalmente se elegerá com tantos votos ou mais quanto os que teve em 2002, a militância ressuscitada nesse segundo turno, o debate que mal ou bem se travou nas últimas semanas a respeito do papel do Estado na sociedade, uma frente de esquerda que se formou quase espontaneamente nesse segundo turno, o PSOL que rachou, o governo Lula que, se reeleito, terá de dar resposta às esquerdas que o apoiaram, o número de estados governados pelo PT e partidos aliados muito superior e, sobretudo, a perda de controle eleitoral dos "coronéis" sobre a população ... quer mais ou chega?
ResponderExcluirO futuro dirá sobre as eventuais mudanças, mas este blog acredita, na conjuntura de hoje, que o presidente Lula fará um segundo mandato parecido com o primeiro, pisando um pouco mais no acelerador. Quanto às derrotas da oposição, é preciso esperar um pouco para saber o tamanho do baque: ACM já perdeu duas vezes e conseguiu dar a volta por cima. Ademais, o PFl de Roseana é apoiado por Lula. A vida está ficando um pouco mais complicada do que já foi...
ResponderExcluir