A pergunta que não quer calar é: Alckmin caiu porque bateu demais no debate da TV Bandeirantes? As pesquisas mostram que o candidato tucano só perdeu desde o início da campanha de segundo turno, então um analista apressado pode afirmar categoricamente: Alckmin pesou na mão, bateu demais, passou por arrogante. É verdade, e este blog também acha que o tucano perdeu votos ao se apresentar tão agressivo. Mas não foi só isto. O apoio de Garotinho, na humilde opinião deste escriba, também tirou mais votos do que agregou. E está funcionando muito bem a tática petista de confrontar Geraldo Alckmin com a obra tucana – os 8 anos de mandato de Fernando Henrique. Alguns chamam a coisa de chantagem ou tática do medo, mas o fato é que Lula e o PT estão a dizer o que os tucanos realmente fizeram no verão passado. Ou não foi FHC quem privatizou a Vale do Rio Doce e a Telebrás? Ou não foi no mandato de Cardoso que os brasileiros tiveram que passar o ridículo de comprar lâmpadas econômicas (e horríveis) para evitar o apagão? Ou não foi sob Fernando Henrique que começou a história de pagar deputado para votar emendas constitucionais? Medo, a população tem todo o direito de ter de um passado que ninguém tem muita saudade... Se Lula continuar batendo firme nesta toada, vai se reeleger com votação parecida com a de 2002. Se achar que já ganhou, pode aparecer um Lorenzetti para lhe tirar de novo uma vitória que parece até fácil, pelos números das pesquisas recentes. E é preciso lembrar que, ao contrário de José Serra, Alckmin não tem respeito algum pela figura mítica do ex-operário que chegou lá. Geraldinho já mostrou que é bom de briga, portanto ao PT cabe colocar as barbas de Lula de molho e continuar trabalhando muito nesses 17 dias que faltam para o pleito.
O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda
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