Ninguém aguenta mais ouvir Lula e Alckmin falando de números que, a rigor, só as assessorias dos candidatos conhecem em detalhes. Para o eleitor, a coisa toda é de pouca valia: ninguém vai mudar de opinião se o número de Alckmin estiver errado e o de Lula, correto. O voto já está muito cristalizado e os debates foram momentos apenas para os dois postulantes à presidência aparecerem na telinha um pouco mais do que no horário eleitoral. Evidentemente, o confronto é sempre mais fácil para quem está na oposição – Lula sabe bem disto –, mas debates só mudam a história em casos excepcionais, como um desastre na performance de um ou de outro. A rigor, este programa da Globo não deve ter grande influência no resultado da eleição. O jogo está jogado e no domingo, Lula deverá ser reeleito. A questão agora é saber se ele terá mais ou menos votos, proporcionalmente, do que em 2002. Se tiver mais, seu governo começará muito mais forte do que a oposição imaginou durante todo o processo. Se tiver menos, terá que calçar as tais sandálias da humildade e negociar bastante. Faz parte da democracia e é bom que seja assim.
No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...
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