Pular para o conteúdo principal

A vida é dura para o PT

Foram 20 anos para conquistar a presidência da República. Faltando duas semanas para o fatídico 1° de outubro, com a eleição ganha, a Polícia Federal aborta a Operação Tabajara, provocando o inesperado segundo turno. O rival no escrutínio final, um jeca de Pindamonhangaba, sem carisma algum e idéias toscas na cabeça, vem se transformando nos últimos dias em uma versão brazuca do Álvaro Uribe, o reaça-fascistóide que enfrenta de cara lavada e mão de ferro a esquerda colombiana. Se a mídia quiser, construirá uma candidatura favorita de Geraldo Alckmin (PSDB) nos próximos dias – basta para isto mexer nas margens de erro das pesquisas de intenção de voto. A vida é realmente dura para o PT e só o povo nas ruas e nas urnas será capaz de impedir o Brasil de andar para trás e reviver a direita no Poder. Talvez os "aloprados" do partido que, no neologismo de Elio Gaspari, mercadejaram o dossiê contra Serra tenham ido longe demais e este seja um caminho sem volta, mais uma lição a aprender depois de tantos erros cometidos nos últimos quatro anos.

Para Lula, nada foi fácil na vida e agora ele está sozinho nos últimos 20 dias que vão definir a história do Brasil nos próximos quatro anos. Não depende mais só dele, embora o carisma de líder ainda seja a sua arma mais forte nesta reta final.

Comentários

  1. Apesar da mídia, me sobrava um tantinho de otimismo quanto à vitória do Lula. Com seu texto, fiquei assustada.

    ResponderExcluir
  2. Sou PT, sou Lula, sou do Vale do Paraíba, não sou Geraldo, mas jeca é exagero!!! O cara, o Geraldo, é médico formado.

    Abraços!!

    ResponderExcluir
  3. Não seria preconceito seu chamar alguém do interior de "jeca"?

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...