O signatário deste blog acaba de retornar dos estúdios da TV Bandeirantes, de onde acompanhou o primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais. O programa teve audiência baixa para padrões globais, mas alto para a Band - o pico ficou em 20% e a média, em 14%, segundo dados preliminares do Ibope. Em geral, este tipo de confronto muda o curso da história quando alguém derrapa feio e perde o debate de maneira acachapante. Não foi o que ocorreu. Geraldo Alckmin (PSDB), que não tem nada a perder porque está atrás do presidente Lula nas pesquisas, partiu para o ataque desde o primeiro minuto. Lula fez uma luta de boxeador que tenta ganhar nos pontos e foi desferindo, aqui e ali, os seus golpes. Também demonstrou boa capacidade de permanecer nas cordas sem permitir o nocaute do adversário.
Alckmin sentiu alguns golpes mais duros de Lula, mas também soube reagir bem. Está afiado, muito bem preparado e com surpreendente apetite para a briga. José Serra, em 2002, para efeito de comparação, não teve metade da coragem de Alckmin.
O temor de muitos petistas de uma performance desastrosa de Lula quando confrontado com críticas tão duras não se materializou. Em poucos momentos o presidente demonstrou irritação, embora estivesse, sim, bastante contrariado com o grau de agressividade de seu adversário, o que ficou mais perceptível para quem estava no estúdio e podia ver a reação do presidente enquanto Alckmin falava. O oposto não acontece. Alckmin é quase um robô, não perde a calma e segue em sua linha de raciocínio meio robótica em todos os momentos. Talvez um Leonel Brizola conseguisse tirar o ex-governador paulista do sério, como fez com Paulo Maluf em outro debate entre presidenciáveis, ao chamá-lo de "filhote da ditadura".
Tudo somado, foi um bom debate porque os candidatos ficaram completamente expostos. A avaliação de diversos políticos experientes após o encontro era de que o confronto não deverá mudar muito a intenção de votos dos eleitores, mas servirá para animar as duas campanhas. Desta vez, ao contrário de 2002 e do que tantos analistas previram, a eleição será decidida nos detalhes, por pequena margem. A tensão vai crescer e marcar os próximos 20 dias. É pouco tempo para Alckmin virar o jogo? É, mas Lula também não pode achar que está com a eleição na mão, porque apesar das recentes pesquisas lhe darem boa vantagem, seu adversário está realmente decidido a chegar lá.
Para conter Alckmin, talvez seja necessário do staff petista um pouco mais de agressividade, um pouco de "desconstrução" da gestão tucana em São Paulo. O ponto alto de Lula, por exemplo, foi quando ele corajosamente acusou o tucanato de ter um projeto privatista. Alckmin tem, mas procura escondê-lo. É preciso ir além e dizer, com todas as letras, que o choque de gestão proposto pelo candidato do PSDB necessariamente passará pelo corte de gastos sociais.
Alckmin, de sua parte, está fazendo o jogo correto. O que lhe resta é bater, bater e bater mais um pouco. O risco é passar por desesperado, mas isto a população parece estar percebendo como uma legítima vontade de disputar o poder central. O apetite de poder que faltou a Serra na reta final da campanha de 2002 está sobrando a Alckmin em novembro de 2006.
Emoção é o que não vai faltar até o dia 29 de outubro.
Alckmin sentiu alguns golpes mais duros de Lula, mas também soube reagir bem. Está afiado, muito bem preparado e com surpreendente apetite para a briga. José Serra, em 2002, para efeito de comparação, não teve metade da coragem de Alckmin.
O temor de muitos petistas de uma performance desastrosa de Lula quando confrontado com críticas tão duras não se materializou. Em poucos momentos o presidente demonstrou irritação, embora estivesse, sim, bastante contrariado com o grau de agressividade de seu adversário, o que ficou mais perceptível para quem estava no estúdio e podia ver a reação do presidente enquanto Alckmin falava. O oposto não acontece. Alckmin é quase um robô, não perde a calma e segue em sua linha de raciocínio meio robótica em todos os momentos. Talvez um Leonel Brizola conseguisse tirar o ex-governador paulista do sério, como fez com Paulo Maluf em outro debate entre presidenciáveis, ao chamá-lo de "filhote da ditadura".
Tudo somado, foi um bom debate porque os candidatos ficaram completamente expostos. A avaliação de diversos políticos experientes após o encontro era de que o confronto não deverá mudar muito a intenção de votos dos eleitores, mas servirá para animar as duas campanhas. Desta vez, ao contrário de 2002 e do que tantos analistas previram, a eleição será decidida nos detalhes, por pequena margem. A tensão vai crescer e marcar os próximos 20 dias. É pouco tempo para Alckmin virar o jogo? É, mas Lula também não pode achar que está com a eleição na mão, porque apesar das recentes pesquisas lhe darem boa vantagem, seu adversário está realmente decidido a chegar lá.
Para conter Alckmin, talvez seja necessário do staff petista um pouco mais de agressividade, um pouco de "desconstrução" da gestão tucana em São Paulo. O ponto alto de Lula, por exemplo, foi quando ele corajosamente acusou o tucanato de ter um projeto privatista. Alckmin tem, mas procura escondê-lo. É preciso ir além e dizer, com todas as letras, que o choque de gestão proposto pelo candidato do PSDB necessariamente passará pelo corte de gastos sociais.
Alckmin, de sua parte, está fazendo o jogo correto. O que lhe resta é bater, bater e bater mais um pouco. O risco é passar por desesperado, mas isto a população parece estar percebendo como uma legítima vontade de disputar o poder central. O apetite de poder que faltou a Serra na reta final da campanha de 2002 está sobrando a Alckmin em novembro de 2006.
Emoção é o que não vai faltar até o dia 29 de outubro.
Com licença, cara. Você tá afim de emoção, é? Coisa de jornalista mesmo, quer emoção para ter assunto, dar manchete e ser mais falado que a notícia. Se você tá afim de emoção, eu tô afim de um governante, de um país, de uma nação.
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