Pular para o conteúdo principal

Jorge Rodini: a importância dos debates

Em mais uma colaboração para o Entrelinhas, Jorge Rodini, diretor do instituto Engrácia Garcia de pesquisas envia um comentário sobre o debate de ontem entre Geraldo Alckmin e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Rodini, os debates podem, sim, mudar uma eleição. Leia abaixo o comentário do especialista.


O debate entre os presidenciáveis, ontem, na Rede Record foi o melhor dos três realizados neste segundo turno. Um debate pode, sim, mudar os caminhos de umna campanha eleitoral. Muito mais pelo que os candidatos não dizem do que pelo que afirmam. Alckmin, ontem, foi incisivo sem ser grosseiro. Conseguiu atacar, nas entrelinhas. Foi programático, sem ser muito detalhista. Lula tentou manter seu enorme eleitorado usando emoção quando falava do Nordeste. Foi cansativo na repetição de algumas expressões e tropeçou na gramática em várias situações.

Alckmin pareceu um pouco nervoso no início e Lula irônico demais no meio do debate.
Alckmin achou o tom e Lula está muito senhor de si, extremamente confiante na vitória.

Engraçado alguém ainda achar que debate não tem tanta importância. Claro que tem: dois homens que almejam governar o Brasil têm muito o que aprender com este fantástico elemento democrático, tão esperado pelo povo brasileiro. Que se preparem ainda mais para o grande debate de idéias e programas da Rede Globo, na quinta-fiera.

Comentários

  1. O problema do Alckmin, como bem me disseram motoristas de táxi com quem consersei nos últimos dias, é que ele não transmite sinceridade. Me parece que boa parte do eleitorado vê os debates para perceber, intuir, a "alma" do candidato, e nisso a imagem da tevê ao vivo é implacável, não para ser convencido pela retórica do discurso. Retórica de persuasão é coisa para especialistas de comunicação, não para o eleitor comum. Como me disse um taxista, o Alckmin "parece um boneco de corda". Concordo, ser espontâneo na frente de uma câmera não é para qualquer um (sei disso por experiência própria). Exige confiança nas próprias idéias, rapidez de raciocínio, inteligência, intuição, argúcia, senso de humor,para improvisar. Isso o Lula tem a fartar.

    ResponderExcluir
  2. De minha parte nunca votei em candidato que ganha debate. O que conta é sua história e o grupo que lhe dá sustentação política.

    Não estou elegendo apresentadores de TV.

    ResponderExcluir
  3. Perfeita a comparação do Alckmim com o boneco de corda!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...