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O que vem por aí

A publicação da bomba contra José Serra ne revista IstoÉ e a subsequente prisão do acusador de Serra e de um petista que estaria supostamente negociando a compra de provas de tais acusações tornou-se a verdadeira bomba de final de campanha. É óbvio que o assunto vai ser explorado pelo tucanato, mas é preciso ir devagar com o andor. Há algumas hipóteses de trabalho que podem ser elaboradas neste momento. Vamos a elas:

1. O PT paulista está realmente envolvido no episódio e uma rápida investigação prova este envolvimento. Neste caso, a candidatura de Mercadante está liquidada e Serra usará o fato para consolidar a vitória já no primeiro turno. Lula também será afetado, provavelmente em menor escala, mas cresce a chance de segundo turno na eleição presidencial. É o pior cenário para o PT e o melhor para o PSDB.

2. A investigação mostra que não se trata de uma "armação" petista e a versão de envolvimento de Serra com os sanguessugas "cola" no candidato tucano. Neste caso, quem vai sofrer as consequências é, obviamente, José Serra. Ainda assim, o PT sai chamuscado pelas versões que correm na imprensa neste momento. Tanto Serra como Lula estão muito na frente de seus adversários e têm gordura para queimar. Falta muito pouco tempo para a eleição e, ainda que percam votos, podem vencer a eleição no primeiro turno

3. Começa na eleição um "efeito tsunami", a partir de mais um escândalo na seara petista. Isto poderia trazer um caráter de instabilidade na campanha. Até Heloísa Helena poderia ser beneficiada pela lama tucano-petista. Ou Quércia, em São Paulo.

4. A denúncia repercute na imprensa, mas sem efeitos eleitorais. Corrupção não é mais assunto do povão, que estaria analisando as coisas de outra ótica - a econômica. Neste caso, nada muda nas intenções de voto.

Este blog, neste momento, acha que o cenário 4 é o mais provável. Mas vale lembrar o ditado espanhol: Yo no creo en brujas, pero que las hay...

Comentários

  1. Como especulação, a hipótese 1 é, obviamente, uma "hipótese". Mas não consigo entender porque um DVD vagabundo, de propaganda de um programa de um grupo de deputados da bancada do PSDB de MT, junto com prefeitos do estado, e a presença do Serra, ao lado de dezenas de ambulâncias e faixas em homenagem a Pedro Henry, Lino Rossi, etc. sejam provas de qualquer coisa. O problema está (ou estaria) nas propinas e nos preços das tais unidades móveis, mas isso não aparece no DVD, é claro. Também não sei por que o vídeo é tão relevante por mostrar o ministro da Saúde entregando equipamentos de saúde a prefeituras e ao lado de deputados do seu partido (se não são gente fina, a questão é outra). Que que tem isso? Isso prova o quê? Não pode ser fotografado junto por que os deputados são "sanguessugas"? Provas são cheques, documentos de contabilidade, recibos de depósitos em conta, testemunhas, conversas gravadas etc. Aparecer discursando ao lado do Pedro Henry e do Lino Rossi, em si, não me diz nada. Então por que um alucinado petista de SP ia se propor a pagar tanto dinheiro por essa qualidade de "provas"? Falsas não são, mas comprovam a propina? Ou será que tinha mais coisa nesse dossiê? Além do mais, o que fizeram de concretamente os tais intermediários "petistas", se não tentar intermediar um ilícito que não se concretizou, porque o dossiê foi interceptado pela PF? A PF que abra o dossiê e o divulgue, ora. Então não pode ser que a "armação" esteja no flagrante de ilícito -- que nome tem, aliás? Tentativa de chantagem malograda? Extorsão? Se é chantagem é contra quem? O Serra? O Mercadante, o PT, o PSDB, ou a revista? -- e não na "chantagem" em si? Se dizem que o dossiê seria para fazer chantagem (contra quem?) é que esse "quem" admite que os dados são verdadeiros? E não seria possível que as próprias "vítimas" da chantagem (já que os fatos comprometedores já são notórios e públicos) tenham armado o flagrante envolvendo gente do PT para jogar a culpa nesse partido? Confesso que não estou entendendo nada!!

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