Pular para o conteúdo principal

Sobre os números do Datafolha e Ibope

Continua muito difícil a situação dos tucanos para reverter a liderança de Lula e forçar um segundo turno nas eleições presidenciais. Conforme os números divulgados pelos institutos Datafolha e Ibope, Lula venceria hoje as eleições com 53% dos votos válidos. Os números dos dois institutos divergem ligeiramente, mas a diferença de Lula para a soma de seus adversários é de 5 pontos percentuais no Ibope e 6 pontos no Datafolha – em ambos os casos, acima da margem de erro, que foi de 2 pontos. Alckmin subiu na pesquisa Datafolha e caiu no Ibope. Lula subiu no Ibope e permaneceu estável no Datafolha. Heloísa Helena e Cristovam Buarque também se mantiveram estáveis nos dois levantamentos.

Com esses números na mão e faltando 4 dias para a eleição, fica a pergunta: o jogo acabou? Game over, como dizem os jovens? Ainda não dá para bancar, pois há um evento importante nesta quinta-feira: o debate da TV Globo. Lula perderá votos comparecendo ou não ao programa, mas este blog acredita que o prejuízo será maior se Lula em pessoa aparecer nos estúdios da Vênus Platinada por uma razão simples: não há debate possível com a candidata do PSOL, Heloísa Helena, que pode simplesmente começar a xingar o presidente da República, sem a menor cerimônia. Se Lula não aparecer, vai apanhar bastante, mas a audiência tende a cair e os candidatos também terão que pensar em seus próprios problemas, de maneira que neste caso o desgaste tende a ser menor.

Outro fator relevante para decidir se haverá ou não segundo turno é a taxa de votos nulos e brancos e a abstenção. Os tucanos estão fazendo a dança da chuva no Nordeste, onde Lula lidera com mais de 40 pontos sobre Alckmin.

Neste sábado, o Datafolha solta mais uma pesquisa, desta vez com 14 mil entrevistas. Estatisticamente, a margem de erro cairá para um ou 1,5 ponto percentual. É muito pouco e instituto tem fama de não errar na reta final. Aos cardíacos, portanto, a recomendação continua valendo: tomem os seus remedinhos...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...