Pular para o conteúdo principal

O dinheiro apareceu

Estão sendo divulgadas na internet as fotos do dinheiro que seria usado para a compra do dossiê Vedoin, que envolveria José Serra na máfia dos sanguessugas. As imagens são fortes e o que se vê é uma verdadeira montanha de dinheiro. As fotos foram vazadas inicialmente para a Agência Estado por uma fonte da Polícia Federal, mas já estão nas mãos de todos os veículos de comunicação.

Obviamente, o dinheiro estará nas primeiras páginas de todos os jornais de amanhã, véspera da eleição, e provavelmente também na capa da revista Veja. Não resta dúvida que algum efeito eleitoral a coisa deve ter, especialmente em São Paulo, especialmente para a candidatura de Aloizio Mercadante. Se o senador sonhava com um ministério importante em caso de derrota, pode começar a traçar novos planos, porque o presidente Lula não será maluco de dar ao desastrado candidato qualquer cargo no governo. Na verdade, Aloizio Mercadante está liqüidado politicamente após este episódio e passará o resto da vida tentando explicar que não sabia o que seu principal assessor estava fazendo para tentar virar o jogo em São Paulo.

Lula também deve ser um pouco afetado pelas fotos, mas a candidatura do presidente está tão blindada que neste momento é difícil imaginar uma reversão do atual cenário. Pode até haver segundo turno, pois a vantagem está se estreitando, mas o presidente continua firme e com o mesmo percentual de intenções de voto que teve ao longo de praticamente toda a campanha. Se Lula não cair pelo menos 5 pontos percentuais até domingo, Alckmin pode dar adeus aos sonhos de segundo turno. Este blog acha que as fotos não atingem ao presidente Lula diretamente – inclusive pela reação dura dos petistas, que acusam os tucanos de tentarem uma última e desesperada manobra eleitoreira para impedir a vitória do presidente-operário. E ao fim e ao cabo, pode ser isto mesmo: desespero da oposição.

Comentários

  1. Não é só desespero da oposição: é crime, o processo está em segredo de Justiça. As fotos não podem ser divulgadas assim como os depoimentos dos envolvidos e nem os investigadores podem passar à imprensa as suspeitas, descobertas, etc. que fazem. Mas nunca vi inquérito policial mais "furado" que esse. Tem gente da oposição infiltrada na PF. Com certeza.

    ResponderExcluir
  2. Quanto será que o delegado ganhou para vazar as fotos?

    Nossa, se o lula sair vivo depois de tudo, ele tem um anjo de guarda muito especial!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.

Postagens mais visitadas deste blog

Rogério Andrade, o rei do bicho

No dia 23 de novembro do ano passado, o pai de Rodrigo Silva das Neves, cabo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi ao batalhão da PM de Bangu, na Zona Oeste carioca, fazer um pedido. O homem, um subtenente bombeiro reformado, queria que os policiais do quartel parassem de bater na porta de sua casa à procura do filho — cuja prisão fora decretada na semana anterior, sob a acusação de ser um dos responsáveis pelo assassinato cinematográfico do bicheiro Fernando Iggnácio, executado com tiros de fuzil à luz do dia num heliporto da Barra da Tijuca. Quando soube que estava sendo procurado, o PM fugiu, virou desertor. Como morava numa das maiores favelas da região, a Vila Aliança, o pai de Neves estava preocupado com “ameaças e cobranças” de traficantes que dominam o local por causa da presença frequente de policiais. Antes de sair, no entanto, o bombeiro confidenciou aos agentes do Serviço Reservado do quartel que, “de fato, seu filho trabalhava como segurança do contraventor Rogério And...

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda...

Dúvida atroz

A difícil situação em que se encontra hoje o presidente da República, com 51% de avaliação negativa do governo, 54% favoráveis ao impeachment e rejeição eleitoral batendo na casa dos 60%, anima e ao mesmo tempo impõe um dilema aos que articulam candidaturas ditas de centro: bater em quem desde já, Lula ou Bolsonaro?  Há quem já tenha a resposta, como Ciro Gomes (PDT). Há também os que concordam com ele e vejam o ex-presidente como alvo preferencial. Mas há quem prefira investir prioritariamente no derretimento do atual, a ponto de tornar a hipótese de uma desistência — hoje impensável, mas compatível com o apreço presidencial pelo teatro da conturbação — em algo factível. Ao que tudo indica, só o tempo será capaz de construir um consenso. Se for possível chegar a ele, claro. Por ora, cada qual vai seguindo a sua trilha. Os dois personagens posicionados na linha de tiro devido à condição de preferidos nas pesquisas não escondem o desejo de se enfrentar sem os empecilhos de terceira,...