Triste, triste. Acabo de perder um amigo de mais de 40 anos – e isso numa idade em que já não é possível forjar uma nova amizade que vá durar mais de 40 anos. Sim, amigo; e ao mesmo tempo um mestre da comunicação. José Paulo de Andrade tinha todas as qualidades de jornalista e apresentador. E tinha, também, uma notável ligação sentimental com os ouvintes e telespectadores. Na época em que trabalhamos juntos, no final da década de 70, na Rede Bandeirantes, empresa que ele amava e que nunca abandonou, não havia Internet nem redes sociais. Mas tínhamos telespectadores telefonando para dizer que gostavam do Zé Paulo, escreve Brickmann em texto publicado no Blog do Gordo no sábado, 18/7. Bela homenagem a um grande jornalista que o Covid-19 levou. Vale a leitura, continua abaixo.
Era uma bela equipe, aquela: Roberto Corte-Real, o grande Ferreira Martins, Gilberto Ribeiro, Branca Ribeiro. Foi lá que o Caio Blinder ganhou fôlego profissional (e foi lá que me apresentou seu primo, Gilberto Dimenstein, que namorava uma repórter promissora, Sílvia Ávila. Havia outra Sílvia, a monumental Sílvia Jafet; e Yvonne Happ, que se destacaria mais tarde também no Fantástico. Roberto D Avila, em plena ditadura, entrevistou Brizola e o secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro. João Russo cansou de receber prêmios pelo programa que apresentava, Encontro com a Imprensa. E Joelmir Beting era o show de sempre.
Todos ótimos – e Zé Paulo era sempre o preferido do público. Por que? Porque era. Sujeito simples, tranquilo, workaholic assumido… em certa época, fazia o excelente O Pulo do Gato de madrugada, chefiava a Reportagem da Rede Bandeirantes de manhã, ia para seu escritório de advocacia à tarde e fazia o Jornal Bandeirantes à noite. Esse trabalho contínuo e estafante (Zé Paulo era sempre esforçado), somado a sabe-se lá quantos maços por dia, cobrou o seu preço: um infarto. Intimado pelo médico a escolher uma de suas atividades, não hesitou: jornalismo.
Zé Paulo tinha algumas manias, que o deixavam mal-humorado: odiava horário de verão, por exemplo. Nunca deixou de reclamar do horário de verão todas as vezes em que era decretado. E batia duro nos entrevistados que defendiam o ajuste nos relógios. O surpreendente era que as vítimas de seu mau-humor continuavam a ser seus fãs.
Viajei com ele para os Estados Unidos. Lá encontramos brasileiros que o reconheciam pelo rosto, outros que só precisavam ouvir sua voz. Ele ficava sossegado, mesmo quando alguém simulava o miado que anunciava, no rádio, o Pulo do Gato. Fui com ele comprar patins para o filho. E aprendi que lidava com um especialista: alguns anos depois, quando minha filha pediu patins, perguntei a ele tudo sobre o assunto.
Muitos anos antes de trabalhar na Bandeirantes, fui editor-chefe do Repórter Esso em São Paulo (ainda faltava algum tempo para termos telejornais em rede). Ewaldo Dantas, o grande repórter que foi diretor de Redação do Repórter Esso, concordou em pedir ao Fernando Vieira de Mello, uma lenda da comunicação eletrônica, a contratação do Zé Paulo para fazer a apresentação. Fernando Vieira de Mello, que conhecia tudo do setor, concordou imediatamente. Fiz o convite, Zé Paulo não quis nem saber o salário: pertencia à Família Bandeirantes.
Foi pena: eu o teria conhecido melhor uns 12 anos antes.
Era uma bela equipe, aquela: Roberto Corte-Real, o grande Ferreira Martins, Gilberto Ribeiro, Branca Ribeiro. Foi lá que o Caio Blinder ganhou fôlego profissional (e foi lá que me apresentou seu primo, Gilberto Dimenstein, que namorava uma repórter promissora, Sílvia Ávila. Havia outra Sílvia, a monumental Sílvia Jafet; e Yvonne Happ, que se destacaria mais tarde também no Fantástico. Roberto D Avila, em plena ditadura, entrevistou Brizola e o secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro. João Russo cansou de receber prêmios pelo programa que apresentava, Encontro com a Imprensa. E Joelmir Beting era o show de sempre.
Todos ótimos – e Zé Paulo era sempre o preferido do público. Por que? Porque era. Sujeito simples, tranquilo, workaholic assumido… em certa época, fazia o excelente O Pulo do Gato de madrugada, chefiava a Reportagem da Rede Bandeirantes de manhã, ia para seu escritório de advocacia à tarde e fazia o Jornal Bandeirantes à noite. Esse trabalho contínuo e estafante (Zé Paulo era sempre esforçado), somado a sabe-se lá quantos maços por dia, cobrou o seu preço: um infarto. Intimado pelo médico a escolher uma de suas atividades, não hesitou: jornalismo.
Zé Paulo tinha algumas manias, que o deixavam mal-humorado: odiava horário de verão, por exemplo. Nunca deixou de reclamar do horário de verão todas as vezes em que era decretado. E batia duro nos entrevistados que defendiam o ajuste nos relógios. O surpreendente era que as vítimas de seu mau-humor continuavam a ser seus fãs.
Viajei com ele para os Estados Unidos. Lá encontramos brasileiros que o reconheciam pelo rosto, outros que só precisavam ouvir sua voz. Ele ficava sossegado, mesmo quando alguém simulava o miado que anunciava, no rádio, o Pulo do Gato. Fui com ele comprar patins para o filho. E aprendi que lidava com um especialista: alguns anos depois, quando minha filha pediu patins, perguntei a ele tudo sobre o assunto.
Muitos anos antes de trabalhar na Bandeirantes, fui editor-chefe do Repórter Esso em São Paulo (ainda faltava algum tempo para termos telejornais em rede). Ewaldo Dantas, o grande repórter que foi diretor de Redação do Repórter Esso, concordou em pedir ao Fernando Vieira de Mello, uma lenda da comunicação eletrônica, a contratação do Zé Paulo para fazer a apresentação. Fernando Vieira de Mello, que conhecia tudo do setor, concordou imediatamente. Fiz o convite, Zé Paulo não quis nem saber o salário: pertencia à Família Bandeirantes.
Foi pena: eu o teria conhecido melhor uns 12 anos antes.
Comentários
Postar um comentário
O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.