A autora de ‘O conto da aia’ se define como uma especialista em adiar tarefas. Entretanto, tantos anos de teletrabalho lhe serviram para se impor algumas estratégias para conseguir cumprir os prazos, escreve María Sánchez em artigo publicado no El País no dia 14/7.
A famosa escritora canadense Margaret Atwood sempre se apresentou em público como uma procrastinadora nata. Como ela mesma contou em várias ocasiões, costumava passar o dia vendo vídeos, lendo as notícias ou se preocupando com o que tinha que fazer. Entretanto, só conseguia começar a trabalhar, já de noite, quando não havia outro remédio senão correr para cumprir os prazos assumidos com os editores.
O que acontece com a autora de O conto da aia é algo muito habitual e pode virar um problema para quem não está muito habituado a se organizar, agora que o hábito do home office se generalizou em tempos de pandemia do coronavírus. Segundo os especialistas, ao contrário do que se acredita, não adiamos as tarefas para vagabundear, e sim para evitar situações que nos produzem um mal-estar emocional. É por isso que tendemos a adiar as tarefas que nos geram confusão, ansiedade ou tédio.
Como evitar isso? Margaret Atwood compartilhou alguns de seus truques em uma conversa com o psicólogo Adam M. Grant. Como se pode ouvir no podcast Ted WorkLife, o fundamental é tratar de mitigar essas emoções negativas que nos levam a adiar nossas obrigações. Atwood, que garante nunca ter perdido um prazo de entrega, se guia pelas seguintes pautas:
Seja amável com você
Em vez de nos castigarmos e repetirmos o tempo todo que somos um fracasso, é preciso pensar que esta realidade faz parte da condição humana e é mais comum do que imaginamos. Segundo Grant, em torno de 15% a 20% das pessoas adultas são procrastinadoras crônicas, e as demais também adiarão em suas obrigações de vez em quando. Para romper a tendência e mudar o hábito, temos que tratar de ser indulgentes com nosso eu procrastinador do passado em vez de nos tornarmos muito rigorosos desde o começo. A culpa, neste caso, não ajuda. Em vez de ser um sentimento motivador, a única coisa que os procrastinadores conseguem é acentuar mais a postergação.
Não julgar nosso trabalho antes de começá-lo
Algo que tampouco ajuda é fixar expectativas muito altas sobre a tarefa a atacar, porque podemos entrar no loop do perfeccionismo neurótico e não avançar. Para isso, devemos tentar analisar ou criticar nosso trabalho só depois de pronto. Atwood, por exemplo, explica que ela mesma procrastinou durante três anos antes de começar O conto da aia porque acreditava que o argumento era muito louco, e tratou de escrever um romance mais normal no seu lugar. Seu conselho: “Avance, diga algo. É possível que não seja o certo, mas depois pode você pode jogar fora e ninguém vai ficar sabendo daquela estupidez que você escreveu”. É desta forma, conta Grant no podcast, que os perfeccionistas produtivos trabalham: em vez de se preocuparem com o que os outros vão achar do seu trabalho, estabelecem objetivos elevados em função de seus próprios padrões de qualidade.
Deixar que o ‘eu do dever’ mande sobre o ‘eu do querer’
Uma ferramenta que Atwood achou útil foi promover uma espécie de desdobramento de personalidade. Para isso se valeu, por um lado, de seu nome real e, por outro, do diminutivo com o qual cresceu. “Margaret se encarrega de escrever, e a outra (Peggy) faz todo o resto”, diz a escritora. Quando uma tende a se dispersar, a outra lhe recorda o que precisa fazer.
De fato, conforme apontam os psicólogos como Grant, todos nós temos um eu dominado pelas emoções (eu do querer) e outro eu que se encarrega de fazer o certo (eu do dever), assim, quando temos que cumprir tarefas que nos dão preguiça, convém que o segundo prepondere sobre o primeiro. Para treinar o eu do dever, basta planejar e organizar nosso tempo com antecipação. Também ajuda tomar medidas para evitar distrações, ou acionar despertadores para recordar ao nosso cérebro que é hora de funcionar. Como aponta Grant, estabelecer sessões de 15 minutos diários para realizar uma tarefa deveria ser suficiente para começar a vencer a procrastinação.
Fazer uma lista de coisas a evitar enquanto se trabalha. As redes sociais, fora
O habitual é criar listas de coisas pendentes, mas os especialistas recomendam também fazer o mesmo com aquilo com que não devemos nos distrair quando queremos levar um trabalho adiante: não fazer scroll infinito numa rede social depois de publicar, não ligar a televisão se não for para ver algo concreto etc. No caso de Atwood, essa lista de proibições inclui não olhar o Twitter nem tuitar enquanto está escrevendo. O truque que usa para conseguir é se despedir publicamente por um momento.
A famosa escritora canadense Margaret Atwood sempre se apresentou em público como uma procrastinadora nata. Como ela mesma contou em várias ocasiões, costumava passar o dia vendo vídeos, lendo as notícias ou se preocupando com o que tinha que fazer. Entretanto, só conseguia começar a trabalhar, já de noite, quando não havia outro remédio senão correr para cumprir os prazos assumidos com os editores.
O que acontece com a autora de O conto da aia é algo muito habitual e pode virar um problema para quem não está muito habituado a se organizar, agora que o hábito do home office se generalizou em tempos de pandemia do coronavírus. Segundo os especialistas, ao contrário do que se acredita, não adiamos as tarefas para vagabundear, e sim para evitar situações que nos produzem um mal-estar emocional. É por isso que tendemos a adiar as tarefas que nos geram confusão, ansiedade ou tédio.
Como evitar isso? Margaret Atwood compartilhou alguns de seus truques em uma conversa com o psicólogo Adam M. Grant. Como se pode ouvir no podcast Ted WorkLife, o fundamental é tratar de mitigar essas emoções negativas que nos levam a adiar nossas obrigações. Atwood, que garante nunca ter perdido um prazo de entrega, se guia pelas seguintes pautas:
Seja amável com você
Em vez de nos castigarmos e repetirmos o tempo todo que somos um fracasso, é preciso pensar que esta realidade faz parte da condição humana e é mais comum do que imaginamos. Segundo Grant, em torno de 15% a 20% das pessoas adultas são procrastinadoras crônicas, e as demais também adiarão em suas obrigações de vez em quando. Para romper a tendência e mudar o hábito, temos que tratar de ser indulgentes com nosso eu procrastinador do passado em vez de nos tornarmos muito rigorosos desde o começo. A culpa, neste caso, não ajuda. Em vez de ser um sentimento motivador, a única coisa que os procrastinadores conseguem é acentuar mais a postergação.
Não julgar nosso trabalho antes de começá-lo
Algo que tampouco ajuda é fixar expectativas muito altas sobre a tarefa a atacar, porque podemos entrar no loop do perfeccionismo neurótico e não avançar. Para isso, devemos tentar analisar ou criticar nosso trabalho só depois de pronto. Atwood, por exemplo, explica que ela mesma procrastinou durante três anos antes de começar O conto da aia porque acreditava que o argumento era muito louco, e tratou de escrever um romance mais normal no seu lugar. Seu conselho: “Avance, diga algo. É possível que não seja o certo, mas depois pode você pode jogar fora e ninguém vai ficar sabendo daquela estupidez que você escreveu”. É desta forma, conta Grant no podcast, que os perfeccionistas produtivos trabalham: em vez de se preocuparem com o que os outros vão achar do seu trabalho, estabelecem objetivos elevados em função de seus próprios padrões de qualidade.
Deixar que o ‘eu do dever’ mande sobre o ‘eu do querer’
Uma ferramenta que Atwood achou útil foi promover uma espécie de desdobramento de personalidade. Para isso se valeu, por um lado, de seu nome real e, por outro, do diminutivo com o qual cresceu. “Margaret se encarrega de escrever, e a outra (Peggy) faz todo o resto”, diz a escritora. Quando uma tende a se dispersar, a outra lhe recorda o que precisa fazer.
De fato, conforme apontam os psicólogos como Grant, todos nós temos um eu dominado pelas emoções (eu do querer) e outro eu que se encarrega de fazer o certo (eu do dever), assim, quando temos que cumprir tarefas que nos dão preguiça, convém que o segundo prepondere sobre o primeiro. Para treinar o eu do dever, basta planejar e organizar nosso tempo com antecipação. Também ajuda tomar medidas para evitar distrações, ou acionar despertadores para recordar ao nosso cérebro que é hora de funcionar. Como aponta Grant, estabelecer sessões de 15 minutos diários para realizar uma tarefa deveria ser suficiente para começar a vencer a procrastinação.
Fazer uma lista de coisas a evitar enquanto se trabalha. As redes sociais, fora
O habitual é criar listas de coisas pendentes, mas os especialistas recomendam também fazer o mesmo com aquilo com que não devemos nos distrair quando queremos levar um trabalho adiante: não fazer scroll infinito numa rede social depois de publicar, não ligar a televisão se não for para ver algo concreto etc. No caso de Atwood, essa lista de proibições inclui não olhar o Twitter nem tuitar enquanto está escrevendo. O truque que usa para conseguir é se despedir publicamente por um momento.
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