Pular para o conteúdo principal

Sem oposição, Bolsonaro segue tranquilo rumo às 100 mil mortes

Abertura da Newsletter da LAM Comunicação.

O Brasil vai mal, muito mal, no controle da pandemia. Qualquer epidemiologista pode atestar a enorme incompetência da atual gestão da Saúde no país. Os números estão aí para mostrar, enquanto escrevemos esta Newsletter, batemos a marca dos 78 mil mortos e deveremos chegar a 80 mil na segunda-feira, caminhando ainda em julho para as 100 mil mortes. Apesar desta tragédia e a da que a acompanha, no campo econômico, Jair Bolsonaro, coronado, continua firme e forte na condução do governo, sem qualquer plano de contingência para as duas crises. A pergunta que não quer calar, claro, é por que isto acontece.
Já foi dito aqui e voltamos ao ponto. Não existe oposição no Brasil. Nenhuma. Os governadores, tíbios, todos, não conseguem fazer nem cócegas no presidente e colecionam erros em suas gestões estaduais. Doria começou muito bem, até parecia que sairia da crise como sucessor natural de Bolsonaro, mas se perdeu no meio do caminho.
O PT nem candidatos fortes para a prefeitura das grandes capitais consegue apresentar, levando a cúpula a pressionar Lula para que consiga impor a candidatura de Haddad em São Paulo, já que, vamos combinar, Jilmar Tatto é fraco demais, acabará em quarto ou quinto lugar se insistir na candidatura. No Rio se dá o mesmo, Eduardo Paes é franco favorito neste momento, apesar dos cangurus pernetas que carrega.
Se nada mudar, candidatos apoiados por Bolsonaro terão grandes chances de se elegerem e tomarem para si as administrações mais importantes das capitais, salvo exceções como Rio e as do nordeste, naturalmente, que ainda é refratário ao capitão, mas vai capitulando com o Bolsa Família ampliado de R$ 600, que vem irrigando a economia local e salvando muita gente da miséria absoluta, uma política correta, vale dizer, e que ironicamente foi implantada por quem nela não acreditava, o ministro Paulo Guedes. Aliás, continua não acreditando, no fundo é uma imposição do presidente e seus aliados, agora do Centrão.
Mesmo o fato do presidente ter sido contaminado por Covid-19 em nada afetou sua popularidade, ao contrário: sem maiores sintomas e fazendo propaganda escancarada do medicamento que está tomando, a cloroquina, dá a entender que sim, é apenas uma gripezinha sem maiores consequências.
Enquanto isto, o país vai reabrindo, o que também é correto, porém no momento errado. Um mês a mais e já não estaríamos no platô em que estamos e, aí sim, este movimento poderia ser feito com segurança e preservação de vidas. Tudo errado, como sempre, tudo confuso, atrapalhado, sem qualquer planejamento. A sorte foi lançada, melhor apelar aos santos e orixás, que tenham pena de nós e nos protejam. (por Luiz Antonio Magalhães em 18/7/20)



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

No pior clube

O livro O Crepúsculo da Democracia, da escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum, começa numa festa de Réveillon. O local: Chobielin, na zona rural da Polônia. A data: a virada de 1999 para o ano 2000. O prato principal: ensopado de carne com beterrabas assadas, preparado por Applebaum e sua sogra. A escritora, que já recebeu o maior prêmio do jornalismo nos Estados Unidos, o Pulitzer, é casada com um político polonês, Radosław Sikorski – na época, ele ocupava o cargo de ministro do Interior em seu país. Os convidados: escritores, jornalistas, diplomatas e políticos. Segundo Applebaum, eles se definiam, em sua maioria, como “liberais” – “pró-Europa, pró-estado de direito, pró-mercado” – oscilando entre a centro-direita e a centro-esquerda. Como costuma ocorrer nas festas de Réveillon, todos estavam meio altos e muito otimistas em relação ao futuro. Todos, é claro, eram defensores da democracia – o regime que, no limiar do século XXI, parecia ser o destino inevitável de toda

Abaixo o cancelamento

A internet virou o novo tribunal da inquisição — e isso é péssimo Só se fala na rapper Karol Conká, que saiu do BBB, da Rede Globo, com a maior votação da história do programa. Rejeição de 99,17% não é pouca coisa. A questão de seu comportamento ter sido odioso aos olhos do público não é o principal para mim. Sou o primeiro a reconhecer que errei muitas vezes. Tive atitudes pavorosas com amigos e relacionamentos, das quais me arrependo até hoje. Se alguma das vezes em que derrapei como ser humano tivesse ido parar na internet, o que aconteceria? Talvez tivesse de aprender russo ou mandarim para recomeçar a carreira em paragens distantes. Todos nós já fizemos algo de que não nos orgulhamos, falamos bobagem, brincadeiras de mau gosto etc… Recentemente, o ator Armie Hammer, de Me Chame pelo Seu Nome, sofreu acusações de abuso contra mulheres. Finalmente, através do print de uma conversa, acabou sendo responsabilizado também por canibalismo. Pavoroso. Tudo isso foi parar na internet. Ergue

OCDE e o erro do governo na gestão das expectativas

O assunto do dia nas redes é a tal negativa dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Enquanto os oposicionistas aproveitam para tripudiar, os governistas tentam colocar panos quentes na questão, alegando que não houve propriamente um veto à presença do Brasil no clube dos grandes, a Série A das nações. Quem trabalha com comunicação corporativa frequentemente escuta a frase "é preciso gerenciar a expectativa dos clientes". O problema todo é que o governo do presidente Bolsonaro vendeu como grande vitória a entrada com apoio de Trump - que não era líquida e certa - do país na OCDE. Ou seja, gerenciou mal a expectativa do cliente, no caso, a opinião pública brasileira. Não deixa de ser irônico que a Argentina esteja entrando na frente, logo o país vizinho cujo próximo governo provavelmente não será dos mais alinhados a Trump. A questão toda é que o Brasil não "perdeu", como o pobre Fla-Flu que impe