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Dica da Semana: Dark, série, Netflix

Da News da LAM Comunicação.

As voltas no tempo que mobilizaram as redes sociais 

Um dos assuntos das últimas semanas nas redes sociais foi a série alemã Dark, muita gente viu, muita gente não entendeu nada, outros entenderam quase tudo e ninguém realmente entendeu o enredo inteiro, até porque há várias pontas soltas que não foram explicadas no final, que obviamente não será contado aqui. Mas o fato é que a série é boa, apesar de muito confusa e maluca. Criada por Baran bo Odar e Jantje Friese e distribuída pela Netflix, Dark se passa na cidade fictícia de Winden, na Alemanha, que sofre o impacto do desaparecimento de uma criança e expõe os segredos e as conexões ocultas entre quatro famílias locais, enquanto elas vão revelando uma conspiração de viagens no tempo que abrangem várias gerações.
De volta para o futuro, filme emblemático dos anos 1980, era bem mais fácil de entender. Em Dark, a complexidade está nas várias famílias envolvidas e nos dois mundos, que só são apresentados na verdade na terceira temporada, confundido bastante o pobre ser humano que assiste, intrigado, o desenrolar da trama. É preciso prestar atenção, muita atenção, fica a dica, a primeira para acompanhar Dark.
Há uma óbvia inspiração na obra do mestre Stephen King. De It, a Coisa, há o casaco amarelo do protagonista masculino e o desaparecimento inicial de uma criança; de Iluminado, uma referência explícita, das gêmeas loiras e célebres que aparecem se preparando para o ensaio de uma peça de teatro na escola de Widen; de 22/11/1963, claro, a inspiração das voltas no tempo, que em Dark é explicada cientificamente. Há muito de King na série, seria possível apontar referências também a outras obras do autor que viraram filmes, como Cemitério Maldito, 1922, são muitas. Não deixa de ser uma bela homenagem, ele merece.
Dark foi a primeira série original alemã da Netflix, tendo estreado em 2017. A segunda temporada foi lançada em 2019 e a terceira, no mês de junho deste ano. O resumo da trama é o seguinte: os desaparecimentos de crianças em Winden remete a acontecimentos idênticos ocorridos há 33 anos e 66 anos e coloca quatro famílias no centro de uma teia de mistérios envolvendo uma caverna, uma usina nuclear suspeita e um estranho homem recém-chegado na cidade. A história começa em 2019, mas se espalha para incluir histórias em 1986 e 1953 por meio de viagens no tempo, à medida que personagens das principais famílias da cidade se conscientizam da existência de um “buraco de minhoca” que permite as viagens no sistema de cavernas abaixo da usina nuclear local, que é administrada pela família Tiedemann. Durante a temporada, segredos começam a ser revelados sobre as famílias Kahnwald, Nielsen, Doppler e Tiedemann, e suas vidas começam a desmoronar.
O protagonista Jonas viaja por anos tão distantes quanto 2053 e 1921, revelando a existência da irmandade secreta Sic Mundus, uma organização secreta que estuda e manipula as viagens no tempo. São muitos personagens e atores, há personagens vividos por mais de um ator, mas tudo gira em torno de Jonas ( Louis Hofmann, em atuação sensacional) e Martha (Lisa Vicari, maravilhosa e uma revelação). São os dois que conduzem a série, é em torno deles que o enredo se desenvolve.
Já há sites e matérias que explicam o final de Dark, uma verdadeira febre que se criou, o filho de 8 anos do autor destas linhas inclusive indicou alguns, assim como o fez com It, a Coisa, filme de grande interesse do rapaz, mas que ainda não pode assistir, pela idade. Não deixa de ser interessante pensar que a série realmente explodiu durante a pandemia. Claro, ela mexe com temas básicos, a volta no tempo para evitar a morte, ineludível das gentes, nas palavras de Manuel Bandeira, e mudar o curso da história. King, gênio que é, antecipou o tema em 22/11/1963, com um personagem que tentava evitar a morte de Kennedy, certamente Trump não seria presidente hoje se JFK tivesse completado o mandato que não completou, abatido por uma bala atirada por um psicopata.
Da mesma maneira, Dark promove a volta no tempo para evitar a morte – de crianças – e promover a vida. O final intrigante é no fundo muito simples porque a explicação é plausível e fecha bem o que começou de forma tão confusa. Mas há pontos soltos, muitos mistérios.
Quem viu sabe, quem não viu, precisa ver. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães, em 18/7/2020)



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