Muito divertido o texto do colunista da Folha, publicado
sexta, 10/7. Vale a leitura.
Carlos Bolsonaro voltou a causar frisson no meio literário
do país com o tuíte: “O velho teatro das tesouras volta a agir mais descarado:
os traíras vermelhos com seus porcarias, alinhados com os tucanos e seus
gulosinhos biografados! Só observar o movimento de rodízio das prostitutas nas
últimas décadas! A roupagem muda, contudo, o rabo sempre fica de fora!”.
Era a peça que faltava para que se começasse a ventilar seu
nome para ser o homenageado da Flip 2021. “Desde ‘Os Marimbondos de Fogo’ não
temos uma pena tão marcante, que tangencia uma nova linguagem e compõe um
simulacro das ideias do Brasil de hoje. Nenhum escritor contemporâneo é dotado
de tamanha originalidade”, salientou a editora Maria Emília Bender.
“É mais um trunfo da genética linguística”, celebrou Lilia
Schwarcz. “Carlos é filho do homem que criou uma nova figura de linguagem: a
bolsonáfrase rompe os limites da verdade e da ficção. A gente nunca sabe se
acredita no que o interlocutor está dizendo”, afirmou.
Sérgio Rodrigues, escritor do genial “O Drible”, teve uma
epifania e abandonou a literatura. “A expressão ‘gulosinhos biografados’ atinge
um grau de sofisticação que jamais conseguirei tangenciar. Tirem o Camões do
Chico e passem pro Carlos Drummond Bolsonaro”, declarou.
Xico Sá foi além. “Pela primeira vez temos motivos para dar
o Nobel de literatura, o Nobel da paz e o Nobel de física para a mesma pessoa”,
argumentou.
“É como se Macunaíma fosse o porta-voz do governo da
Finlândia”, resumiu Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente da ABL.
Para que outras pessoas pudessem brincar de Guimarães Rosa
misturado com Carlinhos Brown, o técnico de informática Wanderson Sharknado
criou um aplicativo que traduz frases e pensamentos para a lógica do Twitter de
Carlos Bolsonaro. “Não é preciso botar nenhuma ideia, nenhum pensamento. O
gerador automático de Carluxo 1.0 cria frases a partir do nada. Mas, se
quiserem pôr alguma coisa, melhor”, explicou.
Esta coluna fez o teste. Inserimos a frase “onde está a
mulher do Queiroz?” no gerador e o resultado foi o seguinte: “A topografia do
isentão assume formas felpudas. Prostitutas do sistema farão de tudo para
inocular o sêmen do viés ideológico sem emprenhar patrioticamente. Vermelhos
maconheiros nunca sabem onde está nada. E segue a narrativa da extrema imprensa.
Bárbaros barbudinhos, aqui jamais será uma Coreia do Norte!”.
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