Época: ex-mulher comprou 14 imóveis, parte deles em dinheiro vivo, enquanto foi casada com Bolsonaro
Juliana Dal Piva e Chico Otavio publicaram a reportagem da semana na edição corrente da revista Época. Leitura obrigatória, íntegra abaixo.
Durante a década em que esteve com Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do presidente, conquistou uma significativa evolução patrimonial. Quem a vê agora andando pela Câmara Vereadores de Resende, sempre maquiada, cabelo louro impecavelmente escovado, cortado em estilo long bob (mais comprido na frente do que atrás) e salto fino, se recorda pouco da assessora parlamentar sem nenhum imóvel dos anos 1990, quando trabalhava no gabinete do deputado federal pela Bahia Jonival Lucas e conheceu seu futuro segundo marido — até se relacionar com Bolsonaro, ela era casada com um coronel da reserva do Exército.
Uma vez vivendo a nova união, ela se transformou em uma ávida negociadora imobiliária, como revela um levantamento de ÉPOCA feito com base em quase 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília. Do final de 1997, quando se envolveu com o então deputado federal, até 2008, momento do ruidoso rompimento, Ana Cristina comprou, com Jair, 14 apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado em cerca de R$ 3 milhões na data da separação — o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação.
Bolsonaro, quando se uniu a ela, também estava longe de possuir o patrimônio atual. Na época, tinha apenas dois apartamentos no Rio e um terreno onde depois construiu uma casa, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis. Um deles ficou com a primeira mulher, Rogéria Nantes Bolsonaro. Tudo havia sido adquirido entre 1996 e 1997, ano em que se separou de Rogéria. Foi na década seguinte, a mesma em que se concentra parte da investigação das rachadinhas (a conhecida prática de devolução de salários de assessores aos políticos que os contrataram) nos gabinetes de Flávio e Carlos, que a carteira imobiliária de Ana Cristina se multiplicou.
Nas escrituras guardadas há quase 20 anos, há informações que despertam a atenção: na compra de cinco desses 14 imóveis, o pagamento ocorreu “em moeda corrente”, ou seja, em dinheiro vivo. Foram duas casas, um apartamento e dois terrenos — tudo feito em negociações separadas ocorridas entre 2000 e 2006, que somam R$ 243.300, em dinheiro da época. Hoje, esse montante somaria R$ 680 mil, com a inflação corrigida pelo IPCA de acordo com a data de cada compra.
Depois da separação, ela ficou com nove imóveis. Entre os bens mantidos por Ana Cristina, havia cinco terrenos em Resende que levam a outras transações incomuns. No total, o casal declarou ter adquirido o conjunto de terras por R$ 160 mil em 2006, quando ainda estava junto. Após o litígio, cinco anos depois, ela revendeu os terrenos por R$ 1,9 milhão.
O comprador que contribuiu para essa incrível valorização é um personagem envolvido em outras transações nebulosas: o empresário do setor de transportes Marcelo Traça. As compras, em março e julho de 2011, foram feitas por uma empresa da qual ele é sócio, a Alambari Empreendimentos e Participações Ltda. Traça é um conhecido delator da Operação Lava Jato no Rio e admitiu, em sua colaboração premiada, que adquiria imóveis como forma de lavar dinheiro. Com João Paulo Saconi.
Durante a década em que esteve com Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda ex-mulher do presidente, conquistou uma significativa evolução patrimonial. Quem a vê agora andando pela Câmara Vereadores de Resende, sempre maquiada, cabelo louro impecavelmente escovado, cortado em estilo long bob (mais comprido na frente do que atrás) e salto fino, se recorda pouco da assessora parlamentar sem nenhum imóvel dos anos 1990, quando trabalhava no gabinete do deputado federal pela Bahia Jonival Lucas e conheceu seu futuro segundo marido — até se relacionar com Bolsonaro, ela era casada com um coronel da reserva do Exército.
Uma vez vivendo a nova união, ela se transformou em uma ávida negociadora imobiliária, como revela um levantamento de ÉPOCA feito com base em quase 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília. Do final de 1997, quando se envolveu com o então deputado federal, até 2008, momento do ruidoso rompimento, Ana Cristina comprou, com Jair, 14 apartamentos, casas e terrenos, que somavam um patrimônio, em imóveis, avaliado em cerca de R$ 3 milhões na data da separação — o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação.
Bolsonaro, quando se uniu a ela, também estava longe de possuir o patrimônio atual. Na época, tinha apenas dois apartamentos no Rio e um terreno onde depois construiu uma casa, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis. Um deles ficou com a primeira mulher, Rogéria Nantes Bolsonaro. Tudo havia sido adquirido entre 1996 e 1997, ano em que se separou de Rogéria. Foi na década seguinte, a mesma em que se concentra parte da investigação das rachadinhas (a conhecida prática de devolução de salários de assessores aos políticos que os contrataram) nos gabinetes de Flávio e Carlos, que a carteira imobiliária de Ana Cristina se multiplicou.
Nas escrituras guardadas há quase 20 anos, há informações que despertam a atenção: na compra de cinco desses 14 imóveis, o pagamento ocorreu “em moeda corrente”, ou seja, em dinheiro vivo. Foram duas casas, um apartamento e dois terrenos — tudo feito em negociações separadas ocorridas entre 2000 e 2006, que somam R$ 243.300, em dinheiro da época. Hoje, esse montante somaria R$ 680 mil, com a inflação corrigida pelo IPCA de acordo com a data de cada compra.
Depois da separação, ela ficou com nove imóveis. Entre os bens mantidos por Ana Cristina, havia cinco terrenos em Resende que levam a outras transações incomuns. No total, o casal declarou ter adquirido o conjunto de terras por R$ 160 mil em 2006, quando ainda estava junto. Após o litígio, cinco anos depois, ela revendeu os terrenos por R$ 1,9 milhão.
O comprador que contribuiu para essa incrível valorização é um personagem envolvido em outras transações nebulosas: o empresário do setor de transportes Marcelo Traça. As compras, em março e julho de 2011, foram feitas por uma empresa da qual ele é sócio, a Alambari Empreendimentos e Participações Ltda. Traça é um conhecido delator da Operação Lava Jato no Rio e admitiu, em sua colaboração premiada, que adquiria imóveis como forma de lavar dinheiro. Com João Paulo Saconi.
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