Está muito interessante a matéria de Expedito Filho publicada no jornal O Estado de S. Paulo nesta sexta-feira, reproduzida abaixo, sobre um jantar que reuniu os deputados federais paulistas Paulo Maluf (PP) e Cândido Vaccarezza (PT), supostamente para tratar da aliança entre os partidos para a eleição municipal de 2008, em uma chapa que seria encabeçada pela ex-prefeita Marta Suplicy. Evidentemente, ainda é muito cedo para que os partidos fechem acordos – muita água vai rolar por debaixo da ponte até o período de acertos para o pleito municipal –, mas a matéria de Expedito revela que as conversas já estão em andamento e traz um flagrante "humano" de como se dá o jogo político em Brasília.
No mais, há na edição da matéria um certo tom de "reprovação" ao fato de PT e PP estarem conversando sobre a sucessão de Gilberto Kassab (PFL). De fato, não há nenhuma novidade neste fato – o PP faz parte da base aliada e Maluf já apoiou Marta na última eleição, contra José Serra (PSDB). De fato, os jornalões paulistas, especialmente a Folha, mas também o Estadão, adoram pautas que mostrem que "o PT não é mais o mesmo". Para os dois diários, ao partido de Lula não é permitido nenhum tipo de aliança com a direita ou concessões aos "hábitos burgueses" (o vinho de R$ 225, na matéria de Expedito). Já o PSDB pode montar nos coronéis do Nordeste ou realizar jantares em restaurantes bem mais sofisticados, com vinhos quatro vezes mais caros e tais fatos são encarados com naturalidade.
Tudo somado, a matéria é interessante e vale ser lida na íntegra, apesar do tom ligeiramente anti-petista. Expedito Filho só falhou em um detalhe que poderia ser revelador do atual estágio das conversas entre Maluf e os petistas: o repórter não contou quem pagou a conta...
Maluf e Marta vão ser aliados em 2008
Deputado e enviado da ex-prefeita traçam chapa para briga municipal
Expedito Filho
O PT de Marta Suplicy e o PP de Paulo Maluf deverão estar juntos na disputa da Prefeitura de São Paulo em 2008. Detalhes desse acordo foram fechados na noite de quarta-feira no restaurante Piantella, em Brasília, entre o próprio Maluf e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), principal escudeiro da ex-prefeita, durante jantar em que se consumiu o vinho francês Château Plince, um bordeaux da região do Pomerol, cuja garrafa custa R$ 255.
Se Marta não for indicada a um ministério, ela será a candidata de uma grande aliança formada por PT, PP, PMDB e PR . A Maluf caberia a escolha do vice. O ex-prefeito paulista disse que seu apadrinhado seria um professor universitário e chegou a citar o reitor da Uniban, Heitor Pinto Filho. Outros dois nomes foram cogitados, mas não foram revelados.
Surpreendidos no restaurante pela reportagem do Estado, os dois negaram que estivessem conversando sobre a próxima eleição municipal, embora os diálogos tenham vazado para as mesas próximas. “Nós somos colegas na Comissão de Constituição e Justiça e estamos discutindo projetos de interesse do País”, esquivou-se Maluf. Vaccarezza disse, sem convicção, que os dois estavam num encontro casual falando sobre reforma política.
Na verdade, Maluf queria que o encontro ocorresse em local reservado para evitar que a articulação política tivesse outras testemunhas que não os dois. Mas Vaccarezza considerou mais prudente realizar a reunião em um restaurante freqüentado por políticos. Para o petista, esta seria uma forma de disfarçar a natureza do entendimento ali firmado.
A amigos, o ex-governador contou detalhes da conversa e disse que o PT foi muito receptivo à participação de seu grupo na campanha de Marta. Maluf deixou acertado que,em qualquer cenário, com Marta ou outro petista na cabeça de chapa, seu partido apoiaria o PT.
Os dois fizeram ainda uma avaliação do xadrez político da eleição na capital e chegaram à conclusão de que o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual, José Serra, ambos do PSDB, estariam em rota de atrito, o que tornaria a candidatura da Marta muito competitiva. Para Maluf, a chance de o PT perder é pequena.
Ainda em sua avaliação, Alckmin pagará um preço político muito alto pelo acidente da cratera do metrô e sua imagem de administrador competente sofrerá sério abalos. Vaccarezza concordou com o ex-prefeito e lembrou ainda que, com a coligação fortalecida pelo apoio de pelo menos quatro partidos, o PT já teria no primeiro turno mais de 50% do horário eleitoral gratuito de televisão.
Um dia depois do vinho e do jantar, ainda mais sóbrios, os dois comemoraram o acordo político. Vaccarezza fez um relato minucioso à ex-prefeita Marta, enquanto Maluf confidenciou a amigos os detalhes do entendimento.
Ficou acertado que até setembro toda a combinação será formalmente costurada pelos partidos dessa aliança.
No mais, há na edição da matéria um certo tom de "reprovação" ao fato de PT e PP estarem conversando sobre a sucessão de Gilberto Kassab (PFL). De fato, não há nenhuma novidade neste fato – o PP faz parte da base aliada e Maluf já apoiou Marta na última eleição, contra José Serra (PSDB). De fato, os jornalões paulistas, especialmente a Folha, mas também o Estadão, adoram pautas que mostrem que "o PT não é mais o mesmo". Para os dois diários, ao partido de Lula não é permitido nenhum tipo de aliança com a direita ou concessões aos "hábitos burgueses" (o vinho de R$ 225, na matéria de Expedito). Já o PSDB pode montar nos coronéis do Nordeste ou realizar jantares em restaurantes bem mais sofisticados, com vinhos quatro vezes mais caros e tais fatos são encarados com naturalidade.
Tudo somado, a matéria é interessante e vale ser lida na íntegra, apesar do tom ligeiramente anti-petista. Expedito Filho só falhou em um detalhe que poderia ser revelador do atual estágio das conversas entre Maluf e os petistas: o repórter não contou quem pagou a conta...
Maluf e Marta vão ser aliados em 2008
Deputado e enviado da ex-prefeita traçam chapa para briga municipal
Expedito Filho
O PT de Marta Suplicy e o PP de Paulo Maluf deverão estar juntos na disputa da Prefeitura de São Paulo em 2008. Detalhes desse acordo foram fechados na noite de quarta-feira no restaurante Piantella, em Brasília, entre o próprio Maluf e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), principal escudeiro da ex-prefeita, durante jantar em que se consumiu o vinho francês Château Plince, um bordeaux da região do Pomerol, cuja garrafa custa R$ 255.
Se Marta não for indicada a um ministério, ela será a candidata de uma grande aliança formada por PT, PP, PMDB e PR . A Maluf caberia a escolha do vice. O ex-prefeito paulista disse que seu apadrinhado seria um professor universitário e chegou a citar o reitor da Uniban, Heitor Pinto Filho. Outros dois nomes foram cogitados, mas não foram revelados.
Surpreendidos no restaurante pela reportagem do Estado, os dois negaram que estivessem conversando sobre a próxima eleição municipal, embora os diálogos tenham vazado para as mesas próximas. “Nós somos colegas na Comissão de Constituição e Justiça e estamos discutindo projetos de interesse do País”, esquivou-se Maluf. Vaccarezza disse, sem convicção, que os dois estavam num encontro casual falando sobre reforma política.
Na verdade, Maluf queria que o encontro ocorresse em local reservado para evitar que a articulação política tivesse outras testemunhas que não os dois. Mas Vaccarezza considerou mais prudente realizar a reunião em um restaurante freqüentado por políticos. Para o petista, esta seria uma forma de disfarçar a natureza do entendimento ali firmado.
A amigos, o ex-governador contou detalhes da conversa e disse que o PT foi muito receptivo à participação de seu grupo na campanha de Marta. Maluf deixou acertado que,em qualquer cenário, com Marta ou outro petista na cabeça de chapa, seu partido apoiaria o PT.
Os dois fizeram ainda uma avaliação do xadrez político da eleição na capital e chegaram à conclusão de que o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual, José Serra, ambos do PSDB, estariam em rota de atrito, o que tornaria a candidatura da Marta muito competitiva. Para Maluf, a chance de o PT perder é pequena.
Ainda em sua avaliação, Alckmin pagará um preço político muito alto pelo acidente da cratera do metrô e sua imagem de administrador competente sofrerá sério abalos. Vaccarezza concordou com o ex-prefeito e lembrou ainda que, com a coligação fortalecida pelo apoio de pelo menos quatro partidos, o PT já teria no primeiro turno mais de 50% do horário eleitoral gratuito de televisão.
Um dia depois do vinho e do jantar, ainda mais sóbrios, os dois comemoraram o acordo político. Vaccarezza fez um relato minucioso à ex-prefeita Marta, enquanto Maluf confidenciou a amigos os detalhes do entendimento.
Ficou acertado que até setembro toda a combinação será formalmente costurada pelos partidos dessa aliança.
Bem, eu não diria preconceito da mídia. Acho que se trata de um conceito, mesmo, dado o modo malufista de fazer política e preocupar-se com a população miserável de nosso país, bem distante do ideal? petista??, não é mesmo?
ResponderExcluirAgora, é também péssimo que o PSDB monte em coronéis... No entanto, o erro de um não justifica o erro do outro e, muito menos, isenta os partidos de uma avaliação da mídia!
Saludos amigos!
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