A matéria reproduzida no final deste comentário, publicada neste domingo no jornal O Estado de São Paulo, não foi redigida por um foca afoito, mas por um dos bons repórteres de política do país, o experiente Carlos Marchi. A tese apresentada por Marchi soa estapafúrdia: o governador José Serra (PSDB) estaria tentando se aproximar do presidente Lula e do PT para ser ele próprio o candidato apoiado pelo atual governo nas eleições presidenciais de 2010. Em troca, a negociação "incluiria" a cessão para o PT da prefeitura de São Paulo, em 2008, e do governo paulista, em 2010, que poderia acabar no colo do próprio presidente Lula.
Marchi não é bobo e se publicou esta tese, é porque alguém soprou a história para ele, redondinha. O repórter não revela as fontes da informação que obteve, o que dificulta um pouco a avaliação da versão relatada. Este blog, no entanto, avalia que muita coisa no mundo real conspira contra a versão de Marchi e acha que a matéria em questão ou serve a interesses de algum dos grupos que disputa o comando do PSDB ou é pura "cascata", como se diz no jargão da profissão. Senão vejamos:
Serra não pode prometer a prefeitura de São Paulo para Marta Suplicy ou outro petista qualquer pelo simples motivo que não tem efetivo controle da máquina partidária tucana em São Paulo. Hoje, Geraldo Alckmin só não seria candidato do PSDB à sucessão de Gilberto Kassab (DEM) se realmente não quisesse. Ademais, seria um risco enorme para Serra entregar de mão beijada a prefeitura de São Paulo ao PT e confiar no tal acordo – petistas não são muito de cumprir acordos. A rigor, Serra poderia estar justamente dando vitamina para uma candidatura petista, qual seja a do prefeito (a) eleito (a) de São Paulo, que pela lógica das atuais circunstâncias seria a ex-prefeita Marta Suplicy.
Marchi não explica o que Serra ofereceria ao seu valoroso companheiro Geraldo Alckmin neste estranho acordo que só benefica os petistas. Nem a prefeitura nem o governo paulista ficam com o PSDB, tudo em nome da chegada de Serra à presidência. Pelo quadro delineado, é lícito supor que Alckmin no mínimo estaria fora do PSDB, provavelmente brigando pela mesma presidência no DEM ou outro partido que lhe oferecesse a legenda.
Há outro problema sério na matéria de Marchi: só quem não conhece bem o PT pode imaginar que o presidente Lula conseguiria impor que o seu partido deixasse de concorrer à presidência da República em 2010. Esta história já circulou quando Lula esteve reunido com os caciques do PMDB, que cobraram "apoio do presidente" à candidatura própria peemedebista em 2010. Lula pode falar o que quiser, mas este blog aposta que o PT terá, sim, candidato a presidente em 2010. E não será um nome para constar, mas para disputar o poder: Jaques Wagner ou Marta Suplicy são as opções mais óbvias, mas podem surgir outras. Imaginar que o PT vai aceitar uma candidatura "de consenso" do governador José Serra é o mesmo que, para usar uma analogia bem ao gosto do presidente Lula, acreditar que os corintianos algum dia entregariam o jogo para dar um título de campeonato ao Palmeiras. Inimaginável.
A matéria de Marchi, no entanto, pode até estar correta em sua apuração: é possível que esta conversa esteja correndo no tucanato e também entre petistas. Resta saber se a versão é sincera, o que este blog duvida, ou mera intriga de alguém bem posicionado entre os grãos-tucanos que estão de olho na cadeira de Lula, a saber os governadores José Serra, Aécio Neves e o ex-governador Geraldo Alckmin. Se pudesse apostar, o blog diria que a história foi contada a Marchi por um aliado de Alckmin.
Serra quer apoio de Lula para disputar Presidência
As primeiras conversas revelaram que o PT quer mais: para dar a Serra a Presidência de mão beijada, os petistas querem a Prefeitura de São Paulo e o próprio governo paulista em 2010, sendo que este último poderia, se necessário, acomodar o próprio Lula, enquanto espera por 2014 ou 2015. Esse cenário, além de revolucionar as perspectivas políticas para a sucessão presidencial, pode dar a Serra a condição excepcional de ser um candidato de consenso em 2010.
Em janeiro, quando tomaram posse o presidente e os novos governadores, ninguém apostaria que apenas quatro meses depois Serra se situaria como um interlocutor privilegiado de Lula e do governo. Até então, o governador Aécio Neves (MG) era tido como o melhor amigo do presidente no PSDB. Cenários traçados até então sugeriam que Aécio poderia deixar o PSDB para ser candidato em 2010 com o possível apoio de Lula.
Nesses quatro meses, Serra se dedicou a construir pontes com Lula e o PT. Primeiro, mandou os aliados apoiarem o petista Arlindo Chinaglia (SP) na eleição para presidente da Câmara. Serra tem como interlocutores no plano federal a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) - os dois têm trocado constantes elogios -, Chinaglia e o deputado Cândido Vaccarezza (SP), ligado à ministra Marta Suplicy (Turismo).
Estando próximo do PT, Serra impede que Aécio evolua no antigo projeto de ter, em 2010, o apoio de Lula. Em Minas, Aécio tem acompanhado em absoluto silêncio os movimentos de Serra e orientou seus aliados a não se manifestarem. Como principal alegação, tem dito que é muito cedo para decidir a eleição de 2010.
Marchi não é bobo e se publicou esta tese, é porque alguém soprou a história para ele, redondinha. O repórter não revela as fontes da informação que obteve, o que dificulta um pouco a avaliação da versão relatada. Este blog, no entanto, avalia que muita coisa no mundo real conspira contra a versão de Marchi e acha que a matéria em questão ou serve a interesses de algum dos grupos que disputa o comando do PSDB ou é pura "cascata", como se diz no jargão da profissão. Senão vejamos:
Serra não pode prometer a prefeitura de São Paulo para Marta Suplicy ou outro petista qualquer pelo simples motivo que não tem efetivo controle da máquina partidária tucana em São Paulo. Hoje, Geraldo Alckmin só não seria candidato do PSDB à sucessão de Gilberto Kassab (DEM) se realmente não quisesse. Ademais, seria um risco enorme para Serra entregar de mão beijada a prefeitura de São Paulo ao PT e confiar no tal acordo – petistas não são muito de cumprir acordos. A rigor, Serra poderia estar justamente dando vitamina para uma candidatura petista, qual seja a do prefeito (a) eleito (a) de São Paulo, que pela lógica das atuais circunstâncias seria a ex-prefeita Marta Suplicy.
Marchi não explica o que Serra ofereceria ao seu valoroso companheiro Geraldo Alckmin neste estranho acordo que só benefica os petistas. Nem a prefeitura nem o governo paulista ficam com o PSDB, tudo em nome da chegada de Serra à presidência. Pelo quadro delineado, é lícito supor que Alckmin no mínimo estaria fora do PSDB, provavelmente brigando pela mesma presidência no DEM ou outro partido que lhe oferecesse a legenda.
Há outro problema sério na matéria de Marchi: só quem não conhece bem o PT pode imaginar que o presidente Lula conseguiria impor que o seu partido deixasse de concorrer à presidência da República em 2010. Esta história já circulou quando Lula esteve reunido com os caciques do PMDB, que cobraram "apoio do presidente" à candidatura própria peemedebista em 2010. Lula pode falar o que quiser, mas este blog aposta que o PT terá, sim, candidato a presidente em 2010. E não será um nome para constar, mas para disputar o poder: Jaques Wagner ou Marta Suplicy são as opções mais óbvias, mas podem surgir outras. Imaginar que o PT vai aceitar uma candidatura "de consenso" do governador José Serra é o mesmo que, para usar uma analogia bem ao gosto do presidente Lula, acreditar que os corintianos algum dia entregariam o jogo para dar um título de campeonato ao Palmeiras. Inimaginável.
A matéria de Marchi, no entanto, pode até estar correta em sua apuração: é possível que esta conversa esteja correndo no tucanato e também entre petistas. Resta saber se a versão é sincera, o que este blog duvida, ou mera intriga de alguém bem posicionado entre os grãos-tucanos que estão de olho na cadeira de Lula, a saber os governadores José Serra, Aécio Neves e o ex-governador Geraldo Alckmin. Se pudesse apostar, o blog diria que a história foi contada a Marchi por um aliado de Alckmin.
Serra quer apoio de Lula para disputar Presidência
Carlos Marchi
Agora é oficial: o PSDB inteiro já sabe - e parte aprova, parte está desconfiada - que o governador José Serra cumpre uma estratégia ao se aproximar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. Serra constrói pontes de aproximação sonhando em ser o candidato do PSDB à Presidência com o apoio de Lula e, para tanto, está disposto a aceitar um acordo para ceder a Prefeitura de São Paulo aos antigos adversários, disse ao Estado um seu fiel aliado.As primeiras conversas revelaram que o PT quer mais: para dar a Serra a Presidência de mão beijada, os petistas querem a Prefeitura de São Paulo e o próprio governo paulista em 2010, sendo que este último poderia, se necessário, acomodar o próprio Lula, enquanto espera por 2014 ou 2015. Esse cenário, além de revolucionar as perspectivas políticas para a sucessão presidencial, pode dar a Serra a condição excepcional de ser um candidato de consenso em 2010.
Em janeiro, quando tomaram posse o presidente e os novos governadores, ninguém apostaria que apenas quatro meses depois Serra se situaria como um interlocutor privilegiado de Lula e do governo. Até então, o governador Aécio Neves (MG) era tido como o melhor amigo do presidente no PSDB. Cenários traçados até então sugeriam que Aécio poderia deixar o PSDB para ser candidato em 2010 com o possível apoio de Lula.
Nesses quatro meses, Serra se dedicou a construir pontes com Lula e o PT. Primeiro, mandou os aliados apoiarem o petista Arlindo Chinaglia (SP) na eleição para presidente da Câmara. Serra tem como interlocutores no plano federal a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) - os dois têm trocado constantes elogios -, Chinaglia e o deputado Cândido Vaccarezza (SP), ligado à ministra Marta Suplicy (Turismo).
Estando próximo do PT, Serra impede que Aécio evolua no antigo projeto de ter, em 2010, o apoio de Lula. Em Minas, Aécio tem acompanhado em absoluto silêncio os movimentos de Serra e orientou seus aliados a não se manifestarem. Como principal alegação, tem dito que é muito cedo para decidir a eleição de 2010.
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