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E se o juro cair 0,5 na próxima reunião?

O Banco Central de Henrique Meirelles é o grande saco de pancadas do governo. Dos industriais da Fiesp aos sindicalistas da Força Sindical, todo mundo adora falar mal do conservadorismo do Copom, que tem mantido a taxa de juros básica da economia em níveis altos. O esporte nacional do chamado "setor produtivo" é espancamento de Meirelles. Para a esquerda petista e partidos de esquerda aliados do governo, o presidente do Banco Central é uma espécie de "desculpa permanente" para qualquer tipo de problema da gestão Lula. Funciona mais ou menos assim: não tem reforma agrária? O Meirelles é que não deixa. O crescimento ficou aquém do esperado? Culpa do Meirelles. A lista é longa, mas o fato concreto, como diria o presidente Lula, é que a taxa de juros do Brasil vai convergindo para a dos demais países emergentes.

Ademais, na reunião de ontem, a votação no Copom foi apertada: 4 a 3 pela redução de 0,25. Os três votos contrários foram de diretores que queriam reduzir a taxa em meio ponto percentual. Como o conservador Rodrigo Azevedo está de saída do BC, é lícito supor que na próxima reunião já deve haver uma queda maior da Selic. Se a taxa realmente cair em 0,5, a turma da Fiesp e da Força terá coragem de aplaudir a medida ou continuará reclamando do Judas de plantão, Henrique Meirelles?

Comentários

  1. Muitos economistas dizem que taxa de juros esta super cotada em 3,50%. Enquanto os juros nao cair estes 3,50% o pais nao ira discutir assuntos mais produtivos. O PAC tinha posto uma novo tema de discussao no pais, o desemvolvimento. Mas o BC nao deixou esta discussao durar mais de 3 dias.
    Nem a oposicao teve forca para tanto. Meirelles fez o trabalho sozinho.
    Com o Meirelles no BC ss Virgilios e Onixs da vida podem tirar ferias .
    O trabalho de oposicao e' feito dentro do proprio governo.

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