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A quem aproveita o fim da reeleição?

Os principais jornais deste final de semana trazem alentadas entrevistas sobre as negociações para o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos, incluindo aí as reclamações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contra lideranças do seu próprio partido. Cardoso ficou aborrecido com o pessoal que já trabalha para acabar com um artifício que ele próprio partrocinou em seu primeiro mandato presidencial. O raciocínio do ex-presidente não é de todo ruim - ele acha que o fim da reeleição pode abrir caminho para um terceiro mandato de Lula, porque "zeraria" o jogo e, desta forma, o atual presidente poderia ser, pela primeira vez, candidato à presidência sob as novas regras. Como muito bem notou o jornalista Luiz Weis em seu blog Verbo Solto, porém, Cardoso deve achar que os governadores José Serra e Aécio Neves são dois debilóides para embarcar em uma negociação que só favorecerá o presidente Lula.

Evidentemente, não pode ser assim. Aécio e Serra querem o fim da reeleição com a condição de que fique explícito que o presidente Lula não poderá disputar a presidência em 2010. É óbvio que não chancelarão um acordo que permita a Lula o terceiro mandato. Para os dois, o fim da reeleição é bom porque facilita um acordo interno no PSDB com vistas a 2010. Em outras palavras, poderia funcionar assim: Serra sai candidato à Presidência, com Aécio de vice (o mineiro pode também optar por uma candidatura ao Senado). Quatro anos depois (ou cinco, a depender do que for determinado no projeto que põe fim à reeleição), Aécio teria a legenda tucana para disputar a presidência. Alternativamente, se Serra achar que o candidato de Lula em 2010 é imbatível, pode deixar a legenda para Aécio e disputar a reeleição em São Paulo (sim, porque o projeto preveria que governadores e prefeitos em primeiro mandato ainda poderiam ter direito a uma reeleição, já que foram eleitos com esta condição em 2006).

Do ponto de vista do presidente Lula, o pior cenário é o atual, em que ele mesmo não pode concorrer a mais um mandato e corre o risco de entregar o governo a alguém que poderia disputar uma reeleição em 2014. Com o fim da reeleição, Lula disputaria a presidência em 2014 (ou 2015), sem enfrentar o presidente em exercício. Uma disputa mais fácil, portanto.

E Fernando Henrique Cardoso? Este blog acha que FHC deseja a manutenção da regra que criou por pura vaidade pessoal. Não quer passar para a história como o criador de um casuismo que só serviu mesmo aos seus próprios desejos políticos de ocasião, tendo inclusive que pagar um alto preço pela obtenção da mudança constitucional. Cardoso também parece não ver muitas chances de êxito no projeto de seu próprio partido e se limita a tentar impedir que o presidente Lula continue a brilhar. Não deixa de ser uma estratégia política.

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