Trump e Bolsonaro mantêm atitudes gêmeas no enfrentamento da covid-19 e, apesar disso, colhem resultados que podem precipitar o fim do mandato de um e a continuidade do outro, escreve a colunista do Valor em artigo publicado na sexta, 7/8. Como sempre, uma excelente análise da conjuntura política. Continua a seguir.
Separados ao nascer, os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro mantêm atitudes gêmeas na pandemia e, apesar disso, colhem resultados que podem precipitar o fim do mandato de um e a continuidade do outro. São as diferenças institucionais e conjunturais dos dois países, e não os algoritmos do novo populismo, que explicam esse deslocamento.
Exceto pela contenção de Trump frente a Anthony Fauci, os dois presidentes têm mantido rotas paralelas. Fauci, imunologista integrante do comitê de acompanhamento da covid-19 na Casa Branca, tem sido, até aqui, salvaguardado dos petardos que aqui foram dirigidos pelo bolsonarismo ora ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, ora ao oncologista Dráuzio Varela.
Pandemia arrisca bifurcar destino de Bolsonaro e Trump
Trump ainda conseguiu superar Bolsonaro, seu sócio na cloroquina, ao receitar desinfetante para a covid-19, alternativa mais danosa do que o vermífugo prescrito pelo ministro-astronauta, Marcos Pontes, e endossado pelo presidente brasileiro.
A lista de convergências, porém, é bem maior. Ambos acusaram a China e a Organização Mundial de Saúde, forçaram a barra para a abertura das atividades comerciais e fabris, rejeitaram o uso de máscaras, brigaram com governadores, ameaçaram convocar militares e contaminaram a pandemia de notícias falsas desde 8 de março, dia do último encontro entre eles na Flórida, que marcou o início da infestação do alto escalão do governo brasileiro pela covid-19.
Toda essa intempestividade não caiu do mesmo jeito lá e cá. O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Mark A. Milley, chegou a pedir desculpas por estar ao lado de Trump numa caminhada da Casa Branca até uma capela vizinha no momento de um protesto contra a violência policial que atinge negros.
É mais ou menos o inverso do que se passa no Brasil. O ministro da Defesa, general da reserva, não apenas sobrevoou manifestações num helicóptero ao lado do presidente como mobilizou os comandantes militares para um recurso à Lei de Segurança Nacional contra a acusação de que estariam associados a uma política de saúde pública genocida.
Apesar desse comportamento, Bolsonaro tem se mantido a salvo de um processo de impeachment, enquanto Trump caminha para uma derrota frente ao adversário democrata Joe Biden. A maior diferença, no entanto, se deve ao fato de que a pandemia colheu os EUA numa campanha sucessória.
Doutorando em ciência política na Universidade da Califórnia, Lucas Abreu Maia mantém um olho nas pesquisas do Brasil e o outro nas americanas. Ao longo do ano, Trump e Bolsonaro perderam os mesmos dez pontos percentuais, sendo que a trajetória de queda deixou o presidente americano com 40% de aprovação e o brasileiro, com 30%.
O que parece uma vantagem de Trump se esvai na lógica bipartidária do sistema americano. Com 40% de popularidade nos Estados Unidos, onde a eleição é sempre muito apertada, diz Abreu Maia, nenhum candidato se viabiliza. Situação distinta da de Bolsonaro, cujo terço de popularidade não apenas o mantém a salvo de um processo de impeachment quanto preserva sua competitividade eleitoral, dado o fragmentado cenário partidário nacional para 2022.
A proximidade das eleições também modula o impacto de duas ações assemelhadas tomadas por ambos os presidentes, a injeção de dinheiro na veia. Bolsista de uma instituição americana, Lucas Abreu recebeu, como qualquer pagador de impostos nos EUA, um cheque de US$ 1,2 mil assinado por Trump, como parte de um pacote que incluiu ainda US$ 600 semanais a título de complementação do seguro desemprego pago pelos governos estaduais.
Dali a algumas semanas, o Congresso brasileiro aprovaria o auxílio emergencial de R$ 600 mensais, o equivalente a um quarto do congênere americano. As pesquisas mostram que o auxílio responde por dez pontos percentuais da popularidade bolsonarista. Por isso, o presidente empurra o ministro da Economia, Paulo Guedes, a romper com suas convicções fiscalistas para estender o benefício na forma do programa Renda Brasil, cujo valor seria menor que o do auxílio emergencial e maior que o do Bolsa Família.
A tramitação do novo benefício vai escancarar a disputa pela paternidade entre Bolsonaro e Congresso. Como aconteceu na criação do auxílio emergencial, o Executivo sempre leva vantagem no carimbo ainda que tenham sido os partidos de esquerda os responsáveis pela elevação do valor que o governo pretendia limitado a R$ 200. A paternidade da qual todos fogem é a do imposto sobre transações eletrônicas que pode vir a viabilizá-lo.
A determinação com a qual Trump avança sobre o Congresso para que o benefício aos desempregados seja cortado para US$ 200 semanais sinaliza que a assinatura do cheque é sua, mas os louros da iniciativa caíram no colo do adversário. As identidades partidárias mais consolidadas, diz Lucas Abreu Maia, fazem com que o eleitor não se confunda sobre a paternidade da proposta, que tem cara e focinho do Partido Democrata.
Ainda que o eleitor republicano seja menos sensível a aportes governamentais, nem todos os parlamentares do partido estão seguros de que sairiam ilesos da descontinuidade do benefício. Muitos temem que a renovação de apenas um terço do pacote de U$ 3 trilhões para a pandemia, a maior injeção estatal na economia da história americana, lhes custe o mandato.
Os Republicanos, que já não comandam a Câmara dos Representantes, arriscam perder, também, o Senado. Ainda mais se Trump, além de reduzir o seguro desemprego, negar verbas à educação e destinar recursos para uma nova sede do FBI, uma de suas obsessões.
O bipartidarismo possibilita a que o candidato democrata, Joe Biden, galvanize a identificação do eleitorado não apenas com os benefícios assistencialistas mas também com a solidariedade aos manifestantes do “Black Lives Matter”, atacados por Trump, e, principalmente, com uma proposta alternativa para a pandemia.
Num dos mais populares anúncios da campanha, o ex-coordenador do comitê da Casa Branca de combate ao Ebola, Ron Klain, resume o que Biden teria feito diferente para evitar que os EUA liderassem o campeonato macabro da pandemia: reconversão industrial para a produção de equipamentos, massificação de testes, recomendação de máscaras, fortalecimento da OMS, investimento em vacina e abertura planejada da economia.
A cartilha, consenso no mundo inteiro, também tem a aderência dos principais porta-vozes da oposição brasileira. Ao contrário dos EUA, no entanto, o Brasil não está em campanha eleitoral, o que dificulta a contraposição.
Biden se retraiu no início da pandemia e quando pôs a campanha na rua, a seis meses da eleição, já estava claro que Trump tinha perdido a mão no seu enfrentamento. Contemplou as alas à esquerda e à direita do seu partido com voz na campanha e conquistou o carimbo de agregador.
Vice-diretor da escola de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas e estudioso das relações bilaterais, Matias Spektor diz que Biden ressuscitou o centro que o foco das redes sociais na política dos extremos parecia ter erradicado.
Em “Engenheiros do Caos” (Vestígio, 2019), Giuliano Da Empoli, explica como a massa foi abolida e em seu lugar estão os indivíduos separadamente, a serem atingidos pelos algoritmos. Por isso, diz, difundiu-se a convicção de que uma campanha bem-sucedida precisa mais de físicos de dados do que de comunicadores.
“Não se trata mais de unir eleitores em torno do denominador comum, mas, ao contrário, de inflamar as paixões do maior número possível de grupelhos para, em seguida, adicioná-los - mesmo à revelia deles. As inevitáveis contradições nas mensagens enviadas a uns e a outros continuarão, de qualquer forma, invisíveis aos olhos das mídias e do público geral”, argumenta Da Empoli, conselheiro do ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi.
Devidamente regulamentadas, diz o autor, as redes sociais não são um instrumento exclusivo de mistificação. Podem ter a importância que o rádio teve, na era de Franklin Roosevelt, de combinar uma visão da política com uma forma diferente de se comunicar politicamente para impedir o triunfo dos populistas. “Roosevelt se elegeu três vezes fazendo as famílias chorarem no rádio. Biden está sendo capaz de mobilizar o sentimento de que a América é uma só”, diz Spektor.
Em meio à repaginação das redes sociais, a emergência da pandemia fez com que a imprensa readquirisse centralidade como fonte de informações corretas que salvam vidas. “A curadoria da informação ganhou relevância”, diz a jornalista Patrícia Campos Mello, no recém-lançado, em “A Máquina do Ódio” (Companhia das Letras, 2020). Tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil.
Patrícia coteja pesquisas de opinião no Brasil e nos Estados Unidos e conclui que a corrosão da confiabilidade das informações que chegam à população por meio de redes sociais é inversamente proporcional ao ganho de prestígio dos sites noticiosos de jornais, revistas e TVs.
A sobrevivência da informação confiável é apenas um dos fatores que podem vir a levar a aposta de Bolsonaro na máquina de notícias falsas ao mesmo pântano de Trump, cujo sinal mais eloquente é a proposta de adiamento da disputa. Esta não é, no entanto, a única nem a mais determinante condição. Tem de existir uma ou várias alternativas reais de poder capazes de reencantar o eleitor para além do populismo de direita.
O impacto da eleição de novembro nos Estados Unidos extrapola, em muito suas fronteiras. O figurino de moderação adotado por Bolsonaro, nas últimas semanas, não se limita ao cerco jurídico. Também reflete a perspectiva de se fechar o grande guarda-chuva mundial da política quântica.
Maria Cristina Fernandes, jornalista do Valor, escreve neste espaço quinzenalmente
Separados ao nascer, os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro mantêm atitudes gêmeas na pandemia e, apesar disso, colhem resultados que podem precipitar o fim do mandato de um e a continuidade do outro. São as diferenças institucionais e conjunturais dos dois países, e não os algoritmos do novo populismo, que explicam esse deslocamento.
Exceto pela contenção de Trump frente a Anthony Fauci, os dois presidentes têm mantido rotas paralelas. Fauci, imunologista integrante do comitê de acompanhamento da covid-19 na Casa Branca, tem sido, até aqui, salvaguardado dos petardos que aqui foram dirigidos pelo bolsonarismo ora ao ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, ora ao oncologista Dráuzio Varela.
Pandemia arrisca bifurcar destino de Bolsonaro e Trump
Trump ainda conseguiu superar Bolsonaro, seu sócio na cloroquina, ao receitar desinfetante para a covid-19, alternativa mais danosa do que o vermífugo prescrito pelo ministro-astronauta, Marcos Pontes, e endossado pelo presidente brasileiro.
A lista de convergências, porém, é bem maior. Ambos acusaram a China e a Organização Mundial de Saúde, forçaram a barra para a abertura das atividades comerciais e fabris, rejeitaram o uso de máscaras, brigaram com governadores, ameaçaram convocar militares e contaminaram a pandemia de notícias falsas desde 8 de março, dia do último encontro entre eles na Flórida, que marcou o início da infestação do alto escalão do governo brasileiro pela covid-19.
Toda essa intempestividade não caiu do mesmo jeito lá e cá. O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Mark A. Milley, chegou a pedir desculpas por estar ao lado de Trump numa caminhada da Casa Branca até uma capela vizinha no momento de um protesto contra a violência policial que atinge negros.
É mais ou menos o inverso do que se passa no Brasil. O ministro da Defesa, general da reserva, não apenas sobrevoou manifestações num helicóptero ao lado do presidente como mobilizou os comandantes militares para um recurso à Lei de Segurança Nacional contra a acusação de que estariam associados a uma política de saúde pública genocida.
Apesar desse comportamento, Bolsonaro tem se mantido a salvo de um processo de impeachment, enquanto Trump caminha para uma derrota frente ao adversário democrata Joe Biden. A maior diferença, no entanto, se deve ao fato de que a pandemia colheu os EUA numa campanha sucessória.
Doutorando em ciência política na Universidade da Califórnia, Lucas Abreu Maia mantém um olho nas pesquisas do Brasil e o outro nas americanas. Ao longo do ano, Trump e Bolsonaro perderam os mesmos dez pontos percentuais, sendo que a trajetória de queda deixou o presidente americano com 40% de aprovação e o brasileiro, com 30%.
O que parece uma vantagem de Trump se esvai na lógica bipartidária do sistema americano. Com 40% de popularidade nos Estados Unidos, onde a eleição é sempre muito apertada, diz Abreu Maia, nenhum candidato se viabiliza. Situação distinta da de Bolsonaro, cujo terço de popularidade não apenas o mantém a salvo de um processo de impeachment quanto preserva sua competitividade eleitoral, dado o fragmentado cenário partidário nacional para 2022.
A proximidade das eleições também modula o impacto de duas ações assemelhadas tomadas por ambos os presidentes, a injeção de dinheiro na veia. Bolsista de uma instituição americana, Lucas Abreu recebeu, como qualquer pagador de impostos nos EUA, um cheque de US$ 1,2 mil assinado por Trump, como parte de um pacote que incluiu ainda US$ 600 semanais a título de complementação do seguro desemprego pago pelos governos estaduais.
Dali a algumas semanas, o Congresso brasileiro aprovaria o auxílio emergencial de R$ 600 mensais, o equivalente a um quarto do congênere americano. As pesquisas mostram que o auxílio responde por dez pontos percentuais da popularidade bolsonarista. Por isso, o presidente empurra o ministro da Economia, Paulo Guedes, a romper com suas convicções fiscalistas para estender o benefício na forma do programa Renda Brasil, cujo valor seria menor que o do auxílio emergencial e maior que o do Bolsa Família.
A tramitação do novo benefício vai escancarar a disputa pela paternidade entre Bolsonaro e Congresso. Como aconteceu na criação do auxílio emergencial, o Executivo sempre leva vantagem no carimbo ainda que tenham sido os partidos de esquerda os responsáveis pela elevação do valor que o governo pretendia limitado a R$ 200. A paternidade da qual todos fogem é a do imposto sobre transações eletrônicas que pode vir a viabilizá-lo.
A determinação com a qual Trump avança sobre o Congresso para que o benefício aos desempregados seja cortado para US$ 200 semanais sinaliza que a assinatura do cheque é sua, mas os louros da iniciativa caíram no colo do adversário. As identidades partidárias mais consolidadas, diz Lucas Abreu Maia, fazem com que o eleitor não se confunda sobre a paternidade da proposta, que tem cara e focinho do Partido Democrata.
Ainda que o eleitor republicano seja menos sensível a aportes governamentais, nem todos os parlamentares do partido estão seguros de que sairiam ilesos da descontinuidade do benefício. Muitos temem que a renovação de apenas um terço do pacote de U$ 3 trilhões para a pandemia, a maior injeção estatal na economia da história americana, lhes custe o mandato.
Os Republicanos, que já não comandam a Câmara dos Representantes, arriscam perder, também, o Senado. Ainda mais se Trump, além de reduzir o seguro desemprego, negar verbas à educação e destinar recursos para uma nova sede do FBI, uma de suas obsessões.
O bipartidarismo possibilita a que o candidato democrata, Joe Biden, galvanize a identificação do eleitorado não apenas com os benefícios assistencialistas mas também com a solidariedade aos manifestantes do “Black Lives Matter”, atacados por Trump, e, principalmente, com uma proposta alternativa para a pandemia.
Num dos mais populares anúncios da campanha, o ex-coordenador do comitê da Casa Branca de combate ao Ebola, Ron Klain, resume o que Biden teria feito diferente para evitar que os EUA liderassem o campeonato macabro da pandemia: reconversão industrial para a produção de equipamentos, massificação de testes, recomendação de máscaras, fortalecimento da OMS, investimento em vacina e abertura planejada da economia.
A cartilha, consenso no mundo inteiro, também tem a aderência dos principais porta-vozes da oposição brasileira. Ao contrário dos EUA, no entanto, o Brasil não está em campanha eleitoral, o que dificulta a contraposição.
Biden se retraiu no início da pandemia e quando pôs a campanha na rua, a seis meses da eleição, já estava claro que Trump tinha perdido a mão no seu enfrentamento. Contemplou as alas à esquerda e à direita do seu partido com voz na campanha e conquistou o carimbo de agregador.
Vice-diretor da escola de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas e estudioso das relações bilaterais, Matias Spektor diz que Biden ressuscitou o centro que o foco das redes sociais na política dos extremos parecia ter erradicado.
Em “Engenheiros do Caos” (Vestígio, 2019), Giuliano Da Empoli, explica como a massa foi abolida e em seu lugar estão os indivíduos separadamente, a serem atingidos pelos algoritmos. Por isso, diz, difundiu-se a convicção de que uma campanha bem-sucedida precisa mais de físicos de dados do que de comunicadores.
“Não se trata mais de unir eleitores em torno do denominador comum, mas, ao contrário, de inflamar as paixões do maior número possível de grupelhos para, em seguida, adicioná-los - mesmo à revelia deles. As inevitáveis contradições nas mensagens enviadas a uns e a outros continuarão, de qualquer forma, invisíveis aos olhos das mídias e do público geral”, argumenta Da Empoli, conselheiro do ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi.
Devidamente regulamentadas, diz o autor, as redes sociais não são um instrumento exclusivo de mistificação. Podem ter a importância que o rádio teve, na era de Franklin Roosevelt, de combinar uma visão da política com uma forma diferente de se comunicar politicamente para impedir o triunfo dos populistas. “Roosevelt se elegeu três vezes fazendo as famílias chorarem no rádio. Biden está sendo capaz de mobilizar o sentimento de que a América é uma só”, diz Spektor.
Em meio à repaginação das redes sociais, a emergência da pandemia fez com que a imprensa readquirisse centralidade como fonte de informações corretas que salvam vidas. “A curadoria da informação ganhou relevância”, diz a jornalista Patrícia Campos Mello, no recém-lançado, em “A Máquina do Ódio” (Companhia das Letras, 2020). Tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil.
Patrícia coteja pesquisas de opinião no Brasil e nos Estados Unidos e conclui que a corrosão da confiabilidade das informações que chegam à população por meio de redes sociais é inversamente proporcional ao ganho de prestígio dos sites noticiosos de jornais, revistas e TVs.
A sobrevivência da informação confiável é apenas um dos fatores que podem vir a levar a aposta de Bolsonaro na máquina de notícias falsas ao mesmo pântano de Trump, cujo sinal mais eloquente é a proposta de adiamento da disputa. Esta não é, no entanto, a única nem a mais determinante condição. Tem de existir uma ou várias alternativas reais de poder capazes de reencantar o eleitor para além do populismo de direita.
O impacto da eleição de novembro nos Estados Unidos extrapola, em muito suas fronteiras. O figurino de moderação adotado por Bolsonaro, nas últimas semanas, não se limita ao cerco jurídico. Também reflete a perspectiva de se fechar o grande guarda-chuva mundial da política quântica.
Maria Cristina Fernandes, jornalista do Valor, escreve neste espaço quinzenalmente
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