Como não amar Macarena e Zulema?
A série Vis a Vis já foi tema de resenha nesta coluna, agora é a vez de El Oasis, um spin-off da série original. A trama conta a trajetória de Macarena (Maggie Civantos) e Zulema (Najwa Nimri) após o período na prisão. Partindo da última cena de Vis a Vis, quando o público viu as duas em um assalto a uma joalheria, El Oasis conta uma história saborosa em meio a muitos flashbacks.
Com a ideia de se separarem, a dupla decide preparar um último assalto, que visa roubar uma tiara de diamante da filha de um chefão do tráfico no México, durante o casamento de sua filha. Maca e Zule arregimentam Goya (Itziar Castro), Mónica (Lisi Linder), Triana (Claudia Riera) e "La Flaca" (Isabel Naveira) para ajudá-las no golpe. Logo no primeiro episódio, percebe-se que alguma coisa não deu muito certo e assim a série garante muita tensão e prende o telespectador até o último capítulo, que tem um desfecho nada hollywoodiano.
O nome da sequência vem do hotel em que a equipe se reúne para dividir o fruto do roubo, no deserto de Almeria. Oasis, o hotel, apresenta novos personagens, por sinal relacionados com a série original. Ama Castro (Ana María Picchio), dona do estabelecimento, é mãe de Cepo (Lucas Ferraro) e de Sandoval, o médico do presídio em que Macarena e Zulema estiveram, um psicopata e predador sexual que morre no final de Vis a Vis. Cepo por si só vale a série, a atuação de Ferraro é sensacional. Há mais dois grupos de hóspedes no Oasis, uma família completamente degenerada - um pai que só se excita sexualmente com a filha pré-adolescente e sua mulher, submissa e medrosa; e três policiais arregimentados por Macarena para prender sua parceira Zulema. Claro que o plano não dá certo.
No fundo, tudo gira ao redor da relação entre as duas bandidas, relacionamento este repleto de altos e baixos, amor e ódio. Em alguns momentos, a trama se arrasta ao aprofundar o tema, mas no geral o ritmo é alucinante, lembrando a célebre sequência iniciada por 11 homens e um segredo, cheia de reviravoltas e surpresas. A atuação de Macarena e Zulema, mais da segunda, é excepcional e não há como não simpatizar e torcer pelo sucesso das ladras. Outra referência óbvia é Thelma & Louise, filme de 1991 que se tornou um clássico e que inclusive é citado em Oasis.
Em tempos de pandemia, a saga de duas mulheres fortes que decidem dar um rumo diferente às suas vidas encanta. Estamos todos em casa, isolados, elas estão no mundo, donas de seus destinos, ousadas, roubando um criminoso (cem anos de perdão?), mas correndo riscos, o maior deles de passar o resto da vida presas.
É possível assistir El Oasis sem ter visto Vis a Vis, mas o melhor é ver a série original primeiro, há muitas referências que facilitam a compreensão. A maior diferença é que fora da prisão a vida muda, mas todos nós somos, de certa forma, prisioneiros de nós mesmos. Quem já esteve na cadeia aparentemente deveria dar mais valor à liberdade, porém que liberdade se tem ao voltar para a sociedade se a sociedade não dá chance alguma a quem esteve preso? Essas são algumas das questões que emergem, explicitamente, em El Oasis, e que nos fazem refletir.
Macarena, loira, Zulema, morena, a primeira grávida, a segunda doente terminal, vida e morte juntas, uma olhando para o futuro, a outra acertando as contas com o passado. El Oasis nos apresenta as questões mais fundamentais da existência humana, trata muito sobre o bem e o mal, o certo e o errado, esta dualidade que permeia cada decisão que tomamos diariamente. Afinal, o que é justo em um mundo tão imperfeito? Roubar uma tiara de diamantes de um traficante de drogas é tão errado assim?
Ao fim e ao cabo, assim como La Casa de Papel, criação dos mesmos produtores de Vis a Vis e El Oasis, a série prende, diverte, rende algumas boas risadas, muitos sustos, mas rende sobretudo uma torcida incessante para que Maca e Zule sejam bem sucedidas no roubo e na vida. E por Cepo, personagem fantástico, irmão “especial” de um psicopata. Epilético e aparentemente oligofrênico, Cepo usa uma proteção na cabeça para evitar que se machuque em uma eventual queda, da qual se liberta no penúltimo episódio.
Maca, Zule e Cepo fazem valer a série. El Oasis faz pensar, o que é o mais importante. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães em 15/8/20)
A série Vis a Vis já foi tema de resenha nesta coluna, agora é a vez de El Oasis, um spin-off da série original. A trama conta a trajetória de Macarena (Maggie Civantos) e Zulema (Najwa Nimri) após o período na prisão. Partindo da última cena de Vis a Vis, quando o público viu as duas em um assalto a uma joalheria, El Oasis conta uma história saborosa em meio a muitos flashbacks.
Com a ideia de se separarem, a dupla decide preparar um último assalto, que visa roubar uma tiara de diamante da filha de um chefão do tráfico no México, durante o casamento de sua filha. Maca e Zule arregimentam Goya (Itziar Castro), Mónica (Lisi Linder), Triana (Claudia Riera) e "La Flaca" (Isabel Naveira) para ajudá-las no golpe. Logo no primeiro episódio, percebe-se que alguma coisa não deu muito certo e assim a série garante muita tensão e prende o telespectador até o último capítulo, que tem um desfecho nada hollywoodiano.
O nome da sequência vem do hotel em que a equipe se reúne para dividir o fruto do roubo, no deserto de Almeria. Oasis, o hotel, apresenta novos personagens, por sinal relacionados com a série original. Ama Castro (Ana María Picchio), dona do estabelecimento, é mãe de Cepo (Lucas Ferraro) e de Sandoval, o médico do presídio em que Macarena e Zulema estiveram, um psicopata e predador sexual que morre no final de Vis a Vis. Cepo por si só vale a série, a atuação de Ferraro é sensacional. Há mais dois grupos de hóspedes no Oasis, uma família completamente degenerada - um pai que só se excita sexualmente com a filha pré-adolescente e sua mulher, submissa e medrosa; e três policiais arregimentados por Macarena para prender sua parceira Zulema. Claro que o plano não dá certo.
No fundo, tudo gira ao redor da relação entre as duas bandidas, relacionamento este repleto de altos e baixos, amor e ódio. Em alguns momentos, a trama se arrasta ao aprofundar o tema, mas no geral o ritmo é alucinante, lembrando a célebre sequência iniciada por 11 homens e um segredo, cheia de reviravoltas e surpresas. A atuação de Macarena e Zulema, mais da segunda, é excepcional e não há como não simpatizar e torcer pelo sucesso das ladras. Outra referência óbvia é Thelma & Louise, filme de 1991 que se tornou um clássico e que inclusive é citado em Oasis.
Em tempos de pandemia, a saga de duas mulheres fortes que decidem dar um rumo diferente às suas vidas encanta. Estamos todos em casa, isolados, elas estão no mundo, donas de seus destinos, ousadas, roubando um criminoso (cem anos de perdão?), mas correndo riscos, o maior deles de passar o resto da vida presas.
É possível assistir El Oasis sem ter visto Vis a Vis, mas o melhor é ver a série original primeiro, há muitas referências que facilitam a compreensão. A maior diferença é que fora da prisão a vida muda, mas todos nós somos, de certa forma, prisioneiros de nós mesmos. Quem já esteve na cadeia aparentemente deveria dar mais valor à liberdade, porém que liberdade se tem ao voltar para a sociedade se a sociedade não dá chance alguma a quem esteve preso? Essas são algumas das questões que emergem, explicitamente, em El Oasis, e que nos fazem refletir.
Macarena, loira, Zulema, morena, a primeira grávida, a segunda doente terminal, vida e morte juntas, uma olhando para o futuro, a outra acertando as contas com o passado. El Oasis nos apresenta as questões mais fundamentais da existência humana, trata muito sobre o bem e o mal, o certo e o errado, esta dualidade que permeia cada decisão que tomamos diariamente. Afinal, o que é justo em um mundo tão imperfeito? Roubar uma tiara de diamantes de um traficante de drogas é tão errado assim?
Ao fim e ao cabo, assim como La Casa de Papel, criação dos mesmos produtores de Vis a Vis e El Oasis, a série prende, diverte, rende algumas boas risadas, muitos sustos, mas rende sobretudo uma torcida incessante para que Maca e Zule sejam bem sucedidas no roubo e na vida. E por Cepo, personagem fantástico, irmão “especial” de um psicopata. Epilético e aparentemente oligofrênico, Cepo usa uma proteção na cabeça para evitar que se machuque em uma eventual queda, da qual se liberta no penúltimo episódio.
Maca, Zule e Cepo fazem valer a série. El Oasis faz pensar, o que é o mais importante. #ficaadica (por Luiz Antonio Magalhães em 15/8/20)
Comentários
Postar um comentário
O Entrelinhas não censura comentaristas, mas não publica ofensas pessoais e comentários com uso de expressões chulas. Os comentários serão moderados, mas são sempre muito bem vindos.