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Música na quarentena: o jazz do multifacetado Paulo Moura

Paulo Moura foi o saxofonista e clarinetista da música brasileira por excelência. De família de músicos, estudou orquestração com o grande Moacir Santos, sendo depois um destacado arranjador e orquestrador. Seu trabalho cobre todo o espectro da música, da gafieira ao jazz, passando pela música clássica. Aos 19, estreou com a Sinfônica Nacional tocando o concerto para clarinete de Weber, escreve Fernando Trueba no El País nesta sexta, 22/5. Vale ouvir a playlist indicada, no link abaixo.
Além de seus discos próprios, Moura está presente em algumas das gravações clássicas do jazz brasileiro: É Samba Novo (Edison Machado), O LP (Os Cobras), Embalo (Ténorio Jr.). Em 1988, estreou seu Concerto da Abolição com a Sinfônica de Brasília, no centenário da abolição da escravidão.
A lista de hoje começa com duas faixas de seu disco de 1959 com o grupo do mestre Radamés Gnattali, sendo que o primeiro deles devia rondar a cabeça de Gato Barbieri quando “compôs” o tema de O Último Tango em Paris. Há duetos com o pianista norte-americano Cliff Korman, com o violonista Raphael Rabello e o guitarrista Armandinho, além de tributos a Pixinguinha, que foi sua grande inspiração ao longo da vida. Link para a seleção em https://open.spotify.com/playlist/2pu5kDpsuQqZi3hufOUtyA



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